Seu inferno - Capítulo II - Por favor, me leve ao manicômio!
'Não tenha medo do escuro, não há nada à temer. Na ausência da dor, sonhos se tornam segredos. Eu juro tentar compreender. E, ao fechar os olhos e não sentir seu coração bater.' - Display
Era uma madrugada escura. ‘O que poderei me tornar?’ Disse Filliph, ao sentar-se à beira da cama, fitando a luz através de grandes janelas. Soltou um longo suspiro, jogando-se à cama. Logo ouviu passos e alguém entrou em seu quarto. Virou-se para olhar, era Carter. Estava... Lindo. Filliph conteu-se apenas sorrindo.
- Como vai, meu caro? – Diz Carter, sorrindo ao perceber logo a excitação de Filliph.
- Estou bem, Carter... – Filliph logo se levanta, fitando o peito nu de Carter. – Apenas me acostumando com a cama.
Carter sorri, logo reaparecendo em frente à Filliph. – ‘Está com fome?’ – Diz, logo deslizando sua língua sobre seus lábios, deixando-os superficialmente molhados.
- Fome? Acho que não seria essa a palavra... – Diz Filliph, logo sentindo o ar entrando por suas narinas, soltando um suspiro forçado de seus pulmões atrofiados.
- Corrija-me. – Diz friamente. Deixando um leve traço de raiva em sua voz.
- Você está certo, Carter. Onde arrumarei um pouco de comida? – Diz Filliph enquanto se levanta, caminha até a janela, apoiando-se de bruços ali.
Carter ri, friamente. Logo contendo-se. Caminha até a janela, envolve as mãos na cintura de Filliph, colando-o à si. Desliza suas longas presas sobre o pescoço de Filliph, mordiscando-o levemente. Encosta os lábios em sua orelha e diz num sussurro ‘Não estamos falando de comida... Você é um vampiro, meu caro.’
Filliph estremece. Logo sorri ao sentir Carter. Vira seu rosto e solta um suspiro baixo. – ‘Se trata do quê?’ – Diz, mordendo seu lábio inferior.
Carter aperta a cintura de Filliph, virando-o de frente à si. – ‘Humanos.’ – Diz, friamente. Enquanto desliza suas mãos até o peitoral de Filliph, empurrando-o contra a janela.
- Humanos? – Gagueja Filliph, apoiando uma das mãos na janela.
Carter sorri, com a reação já esperada de Filliph. – ‘Meu caro... Você necessita de sangue.’ – Solta um longo suspiro, tirando suas mãos de Filliph. – ‘Mais cedo ou mais tarde terá de admitir... E, não sei se ainda estarei lá.’
Filliph estremece. ‘Realmente precisaria de sangue? O que havia se tornado? Um assassino? Isso não poderia acontecer. Ele que sempre salvara vidas, estaria prestes à amaldiçoar à si próprio?’ Pensou. Fechou seus olhos, acalmando-se.
- Quem fez isso comigo? – Disse, cerrando os dentes.
Carter solta Filliph, olha-o nos olhos. Sentindo-se estupidamente ridículo.
- Não é hora de criancices, Filliph. – Segura Filliph nos ombros, chacoalhando-o violentamente. - Isso não vai mudar. Acostume-se! – Carter cerra os dentes, logo soltando-o.
Filliph o empurra. Caminha à porta, batendo-a violentamente. Andava sem rumo pelos corredores brancos e frios do local desconhecido, deslizando sua língua ao longo de suas presas, contemplando-as com pavor. ‘O que faria?’ – Pensou. Logo à frente, encontrou-se com Carter, com uma expressão serena. Poderia perfeitamente contemplá-lo por horas... Mas, não era hora disso. Filliph então se aproximou de Carter e num sussurro disse ‘Estou às suas ordens, meu Mestre.’ Numa breve reverência.
Carter sorriu, levando uma de suas mãos ao queixo de Filliph, levantando-o.
- Meu querido, somos todos iguais... E você não é uma exceção. – Diz Carter, rindo violentamente. – Filliph, apenas aceite-se. Isso não vai mudar. Não seria tão idiota, a ponto de desperdiçar uma chance dessas, seria?
Filliph balança negativamente a cabeça, fitando-o nos olhos.
- Você precisa de sangue... Vamos. – Disse Carter, caminhando à porta da frente.
Filliph hesita, logo acompanhando-o. – ‘Onde pegaremos... Sangue?’
Carter solta uma risada alta, logo contendo-a. – ‘Filliph, Filliph... Vamos à caça.’
- Caça? – Filliph morde seu lábio inferior, rasgando-o superficialmente.
Carter leva uma das mãos à fechadura da porta, girando-a num gesto rápido. – Você verá. – Diz, antes de sair em direção à porta acompanhado de Filliph.
Carter fixa os olhos em Filliph. – ‘Não teremos muitas opções hoje, querido... Está tarde.’ – Diz, olhando brevemente ao relógio situado na torre de uma igreja próxima.
Filliph solta um longo suspiro arrependido. – ‘Tanto faz...’
Carter logo fixa seus olhos em Filliph, fazendo-o sentir uma dor intensa em sua perna direita. – ‘Cresça.’
Filliph solta um gemido alto, baixando-se e levando suas mãos à sua perna. – ‘Você realmente precisava fazer isso?’ – Diz, fitando-o.
Carter dá de ombros, logo livrando-se de Filliph. Continua a caminhar, em direção a ruas pouco movimentadas. Enquanto Filliph se levanta, percebendo a presença de um doce odor em suas narinas, solta um longo suspiro de prazer, virando-se em direção a um homem que aparentava estar embriagado. Olha para Carter, que parece pouco importar-se. Corre em direção ao bêbado, pulando para cima do mesmo. Filliph crava suas presas em seu pescoço, dilacerando-o até sentir sua veia carótida, já destruída. Carter se vira, ao ouvir o gemido agonizante do bêbado, balança negativamente a cabeça, em sinal de reprovação. Filliph envolve seus braços no bêbado já inconsciente, enquanto continua a sugar seu sangue com vontade. Sua camisa branca torna-se vermelha em questão de segundos. Depois de Filliph secá-lo, o solta no chão, já satisfeito. Encontra Carter parado em sua frente, com os braços cruzados em frente à seu peitoral.
– Limpe-se – Diz Carter, cerrando os dentes.
Filliph o olha, solta um longo suspiro. – Como farei isso? – Diz, angustiado.
– Você não soube fazer? Agora há de saber limpar. – Completa Carter, fitando o corpo sem vida no chão.
Filliph se abaixa, deslizando suas longas unhas ao longo do rosto sujo de sangue do humano à sua frente. – ‘Jogar no rio?’ – Solta um suspiro arrependido, logo passa a manga de sua blusa em seu queixo, numa tentativa inútil de limpar o sangue já seco contido ali.
Carter solta um longo suspiro, logo abaixando-se ao lado de Filliph e o olhando-o nos olhos. – ‘Primeira lição: Nunca se alimente em locais públicos. E, se acontecer, desfaça-se do corpo o mais rápido possível. O jogue num rio... Em um sitio qualquer. Crenças populares migram para o Chupa-Cabras.’ – Carter não se contendo, solta um riso alto.
Filliph arqueia uma das sobrancelhas. – ‘Onde é o sitio mais próximo?’
Carter se levanta, olha à sua volta e solta um suspiro de desaprovação. – ‘O sol vai nascer daqui alguns minutos. Apresse-se.’
Filliph segura facilmente o cadáver, colocando-o acima de um dos ombros. – ‘Poderia me mostrar um bom lugar?’
– Eu não sei se é seguro sair agora... – Carter recua, jogando a cabeça para o lado, apontando para um beco. – Coloque ali.
Filliph o olha, mordendo seu lábio inferior – ‘Tem certeza disso?’
Carter balança positivamente a cabeça. – ‘É você, ou ele.’
– Tudo bem... Coloco-o sentado? – Diz Filliph, virando-se em direção ao beco.
– Também não quer levá-lo para casa? – Diz Carter, friamente.
Filliph caminha até o beco, deixando cadáver ali. Tira sua camisa, limpando nela o sangue de seu rosto. Ambos caminham em silêncio até a casa de Carter, que desaparece numa breve reverência antes de chegarem à porta da frente. Filliph entra em direção ao banheiro, olhando-se no espelho. Estava diferente... Seus olhos pareciam mais claros. Sua pele estava rosada. Chegou à cogitar voltar à vida, rindo em seguida. Tomou um longo banho, jogando suas roupas sujas no cesto de lixo. Não queria se lembrar de nada do que aconteceu. ‘Não pedi para virar... Isso.’ – Pensou, sentindo-se culpado por matar um inocente. ‘Mas, e amanhã? O que farei?’ – Completou. [...]