PALUMBA

O vento sussurra ecos de morte e a neblina responde.

A pequena ilha de nome Palumba, é um sítio arqueológico da cidade de Cotim. A ilha foi criada de sambaquis, feitos com conchas do mar, ossos de mamíferos marinhos como baleias, tubarões, também de aves e animais terrestres, formando camadas de cedimentos. Os criadores dos sambaquis eram indígenas Tupinambás de uma aldeia antiga e usavam a ilha como cemitério, para sepultar seus mortos. Nos barrancos era cavado a cova, os corpos depositados e a campa lacrada com uma grande pedra. Por ser patrimônio histórico e cultural da cidade, visitas e turistas não são permitidos no lugar.

A ilha é evitada pelos pescadores que acreditam ser assombrada por espíritos do mal. Era uma jabaquara, a pavuna é escura e o pium maligno e a muritiba faz boracéia pelos ares. Quem se aproxima da ilha conta que os equipamentos eletrônicos falham por motivos desconhecidos, alguns drones foram enviados e nunca retornaram de lá.

O geólogo Gert e o arqueólogo Edvin foram até a prefeitura da cidade, pedir consentimento para averiguar a ilha.

O prefeito conferiu os documentos apresentados por eles e concordou.

— Voces podem fazer seus estudos na ilha, mas nada pode ser retirado do lugar nem levado daqui, ou irão se arrepender.

Eles precisavam ir de barco, mas todos pescadores se recusavam levá-los até a ilha. Decidiram tomar um ônibus para a cidade mais próxima, e alugar uma lancha por alguns dias.

Pela parte da tarde eles atracaram a lancha na ilhota Palumba.

— Parece que o cemitério era reservado só para pessoas importantes. Existem figuras de aves talhadas nas pedras que lacram os sepulcros. Esse lugar é um memorial indígena de grande valor arqueológico.

— Vamos retirar algumas pedras e observar os restos mortais.

Ao abrirem três sepulcros ficaram surpresos com o que continha dentro.

— Os corpos estão intactos, sem sofrer decomposição.

— Dois cadáveres são de indígenas. O outro corpo é de um homem branco, restos de suas roupas são do tempo moderno e usava sapatos. Vamos lacrar as tumbas novamente, deixar tudo como estava.

— Eu irei colher amostras da terra e analisar os componentes.

Pouco depois o geólogo Gert chegou com o resultado.

— O solo possue alta quantidade da substância Caulim, minério composto de silicato hidratado de alumínio, que impede os corpos de se desintegrarem. Os índios não tinham esse conhecimento, significa que o Caulim foi trazido para cá de outro lugar, para os cadáveres manterem-se conservados.

— Esse cemitério é cheio de mistérios. O prefeito disse que se retirarmos algum objeto daqui, iremos nos arrepender. Suas palavras me soaram sinistras, como um aviso de que essa ilha esconde um segredo, e deve permanecer oculto e enterrado aqui. . .

★ segue no cap.2

Vocabulário

Palumba- pombo bravo, urubu

Jabaquara- esconderijo de fugitivos

Pavuna- água escura

Pium- mosquitos, insetos

Boracéia- dança, revoada

Muritiba- moscas, mosqueiro

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NACHTIGALL
Enviado por NACHTIGALL em 29/09/2024
Reeditado em 29/09/2024
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