Um gesto de boa vontade
Estava voltando para um lugar que esperava nunca mais ter que rever; ou assim declarara dramaticamente para Armin, o Chefe Jobs dos Yelocaah, antes de tomar o caminho das montanhas que o colocaria novamente nas terras dos Beryte. Os Yelocaah haviam ficado realmente impressionados com sua valentia, principalmente após as descrições bastante exageradas que Maren, sua futura esposa, fizera do encontro deles com o "demônio voador" nas ruínas da Cidade Morta. Aliás, fora precisamente este confronto que convencera Armin da necessidade de deixá-lo retornar ao território Beryte.
- Mesmo com as oferendas que reunimos na Cidade Morta, o seu Reprodutor não é capaz de produzir um "Muro de Jericó" como o dos Beryte - relatara ao Chefe Jobs em seu salão de audiências, após uma série de testes com o Conversor Molecular.
- Então a sua viagem foi inútil, e ainda despertou um demônio que a qualquer momento poderá decidir nos atacar - retrucou Armin, cara de poucos amigos.
- Eu já havia pensado numa solução alternativa, para o caso da minha primeira ideia falhar - ressaltou Jepp. - Mas isso implica ter que voltar à aldeia dos Beryte... e fazer com que nos ajudem.
Armin lançou-lhe um olhar cético.
- O que espera conseguir deles?
- Que ampliem a extensão do "Muro de Jericó", para que proteja o Vale dos Cavalos Amarelos - declarou Jepp, muito sério.
- Os Beryte não lhe disseram que são nossos inimigos? Como espera que nos auxiliem?
- Será preciso dar um sinal da boa vontade dos Yelocaah - insinuou Jepp. - Lembra daquele objeto que eu disse que era a fonte do poder do "Muro de Jericó"? Acredito que se levar ao menos dois, feitos no seu Reprodutor, eles estenderão o alcance do Muro como um gesto de paz.
Armin quedou-se pensativo.
- Se isso ocorrer, estaríamos todos debaixo da mesma proteção? - Indagou finalmente. - E poderíamos circular livremente entre as duas aldeias?
- Essa parte de circular livremente terá que ser objeto de discussão posteriormente - esquivou-se Jepp, já que não sabia como os Beryte iriam reagir à sugestão. - O que posso garantir é que terão a proteção do "Muro de Jericó", e que ele continuará ativo se não mais atacarem seus vizinhos.
- Nós nunca atacamos os Beryte, só nos defendemos! - Protestou Armin.
- Se me permitir falar como seu representante, creio que posso convencer os Beryte a colaborar - prometeu Jepp.
Armin levou a mão aos colares de cabo espiral que usava em torno do pescoço.
- Se vai falar em nosso nome, precisará de uma identificação.
E virando-se para um escriba que aguardava ordens numa mesinha próxima, determinou:
- Traga um crachá para este homem.
[Continua]
- [18-06-2020]