UM VISITANTE DO FUTURO

Débora deitada em sua cama, pegava seu 8° bombom com liquor de cereja, lágrimas descendo pelo flanco dos olhos. Entre um e outro gole de Whisky, colocava outra pedra de gelo na taça, estava em frente uma TV 42 polegadas ligada, mas ela não dava atenção a programação, alí em seu pequeno apartamento, apenas murmurava tentando descobrir seus erros, perdera o esposo, e até alguns amigos achegados.

Débora julgava-se uma mulher interessante, cheia de vida, e não entendia o motivo de sua recente separação, até mesmo o filho mais velho de 12 anos resolveu se mudar para a casa da avó meses antes do ocorrido.

Na sua solidão voltava-se vez por outra a mexer num computador, era programadora há 4 anos e há cerca de 2 anos trabalhava num projeto secreto de verificação mutação espontânea de algoritmo para uma grande empresa da area de informatica.

Quando se centrava no projeto seus problemas pareciam sumir, mas quando olhava a foto sobreposta na mesa, sua mente caminhava em devaneios. Mensurava que talvez o trabalho estafante a fizera parecer uma pessoa fria, com as recentes perdas Débora passava suas noite na solidão, quase sempre esvaziando uma garrafa de vinho ou boas doses de Whisky. Pensamentos maus iam e vinham, quem sabe seria melhor acabar com tudo o quanto antes!

Certo dia a empresa fizera-lhe uma proposta, precisavam que o trabalho dela fosse concluído o quanto antes, pois a colocariam num outro setor de supervisão. Débora na verdade não desconfiava que seu trabalho seria usado para o governo. Nesse ínterim, numa de suas noites solitárias, ao beber a 3 taça de vinho, Débora retirou uma arma da gaveta, contemplou suas nuances, o tom prateado brilhante, mas eis que ouviu um aviso, era seu computador, ela aproximou-se lentamente e verificou uma anomalia em seu experimento, os algoritmos de análise demonstravam um padrão disforme. Calmamente ela anotou tudo e planejou uma varredura detalhada em seu computador. Planejava utilizar de tecnologia reversa para descobrir o motivo da anomalia.

Após te-lo programado, aproximou-se da TV ligando-a, em seguida colocou a arma sobre a mesa e olhou o celular após a emissão de um sinal sonoro, eram 1:28 da manhã, apenas uma mensagem, era Sarah sua amiga que estava on-line:

-Olá Sarah, estou bem e obrigado pela preocupação comigo.

-Ora essa! - respondeu Sarah - Gostaria de vê-la se possível, o que acha? Meu marido quer fazer um jantar aqui.

-Tudo bem, podemos marcar um dia...

-Não poderia ser agora? Podemos apenas combinar...

-Hum, agora não dá amiga, olha a hora!

-Bem, eu só queria ver seu rosto, você andou bebendo? - tornou Sarah

-B-bem, só um pouco...

- Ora essa deixa eu ver esse rosto, tira uma selfie pra mim!

- Ok, mas não repare nas olheiras. (risos)

Após enviar a selfie Sarah reparou nas profundas olheiras da amiga, precisava fazer algo por ela. Mas eis que na imagem ao fundo ela viu algo estranho.

-Ei amiga- tornou Sarah- Você está acompanhada? Nem me disse nada...

-E-eu? Acompanhada? Está sonhando?

-Não amiga, de quem é esta sombra no seu quarto?

Débora ficou boquiaberta, havia alguém alí! Subitamente o sinal caiu, Débora aproximou-se do quarto e gritou:

-Quem é você? Vou chamar os guardas! Ela correu e apanhou a arma.

-Não, não faça isso senhora Débora Biatti.- disse um homem distinto saindo pela porta

-C-como me conhece? -gaguejou Débora

-Bem talvez isso seja uma longa história, poderia me sentar? Você pode me acompanhar? Se desejar pode continuar com a arma...

-Desejar? Ora essa é claro que foi ficar com a arma, sente-se e comece a falar!

-Claro que sim, antes permita-me apresentar, sou um viajante do tempo, estou aqui por um único e exclusivo motivo...

-V-viajante do tempo? Acha mesmo que vou crer nisso?

-Sim, vai. Tenho evidências incontestáveis, vim do ano de 2089, sabe, as coisas não são muito boas por lá, mas poderiam ser bem piores, se não fosse por você.

- Por mim? Mas quem sou eu pra ser lembrada em 2081? Vamos parar já com esta piada colega? Bem se quer dinheiro eu lhe dou, tudo que tenho aqui são 200,00 dólares e...

- Não quero seu dinheiro Debora, ademais pra onde vou seu dinheiro é inútil! Sei também o que pretende fazer quando eu sair...

- Sabe? O que você sabe?

-A arma, você quer se matar, acha sua vida um fracasso... Estou errado?

Débora estava pálida, baixou a arma:

-C-como sabe disso?

- Eu sou do futuro amiga, eu sei que você tem um experimento que o governo monitora e banca, mas você quer desistir dele e de tudo!

- B-bem...

- Débora, seu experimento hoje notificou algo estranho, você lembra?

-S-sim, eu me lembro, uma anomalia.

-Exato! Uma anomalia que causará algo incomum, a inteligencia artificial livre. Em pouco tempo ela vai invadir todos os sistemas e causar algo catastrófico para a humanidade, e você é a única que detectou essa anomalia, voltei aqui para tentar reverter as coisas, vivemos hoje em cavernas subterraneas, o mundo como você conhece foi quase aniquilado, mas nós ainda resistimos. Quem sabe se você mudar de idéia, tenhamos uma chance...

- Mudar de idéia?... Eu não sei, não tenho uma boa razão pra isso, aliás você não me disse seu nome, qual é?

O homem aproximou-se e olhando-a nos olhos disse:

- Meu nome é Anthony, e eu sempre fui apaixonado por você, mesmo sem a conhecer. Sempre sonhei em visita-la e mudar essa história, por isso entrei pros testes de deslocamento no tempo, deu certo... Bem mas não posso ficar muito tempo, aliás faltam 1 minutos pro meu regresso.

-Anthony, você é apaixonado por mim? Como pode ser isso?

-Eu não sei, sempre me perguntei o porque, mas sentimento a gente não controla, apenas se sente. Olha vou deixar com você meu cristal, se você me amar, ele brilhará e eu voltarei aqui, tome.

Anthony estendeu a mão, dando-lhe o cristal, Débora o pegou ainda curiosa. Ele disse, agora tenho que ir, fiquei muito feliz em conhecê-la, pense bem no que vai fazer.

Anthony desapareceu diante dos olhos de Débora, ela sentindo-se exausta caiu no sofá e dormiu.

Na manhã seguinte, acordou e lembrou-se do ocorrido, mas logo convenceu-se que era apenas um sonho, as imagens de Anthony vindo a mente: - Ele disse que me amava... Parecia tão real...

Um sinal foi emitido do computador, ela aproximou-se e fez a análise das informações, novas anomalias foram detectadas, ela lembrou-se do que Anthony dissera, mas era só um sonho...

Voltou a sentar-se no sofá, eram 10:35 da manhã, vagueou com a mão instintivamente e alcançou a arma, sua vida parecia tão vazia, um pensamento latente vindo a mente...

Mas eis que antes da arma havia algo, ela pegou e se pôs a observar... O cristal que Anthony havia lhe dado, não aquilo não fora um sonho!

Correu até o computador e reexaminou o relatório, a I.A. livre estava tomando forma, era preciso fazer algo... Nesse meio tempo após obter acesso as anomalias pela tecnologia reversa, ela reprogramou os programas anômalos e comunicou o governo.

No fim da tarde, enquanto via o pôr do sol da praia próxima, pegou o cristal, ele começara a brilhar, mas ela lentamente ao lembrar-se de Anthony aproximou-se do mar e jogou o cristal no meio das aguas.

- Não, ele devia estar mentindo só pra mim desistir de me matar- pensou enquanto caminhava de volta, as lágrimas cortando o rosto.

Um homem gentil passou ao seu lado e parou, dizendo:

- Moça, este cristal lhe pertence!

Débora olhou assustada, o coração batendo forte, era ele, Anthony....

Débora desmaiou...

Fim

Mario B Duran
Enviado por Mario B Duran em 24/11/2019
Reeditado em 25/11/2019
Código do texto: T6802738
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