Saga Novo Tempo -- O Resgate - Cap. XI Toque de Recolher
Meu nome é Sarah. Não sei onde estamos nem exatamente para onde vamos. Tudo que sei é que a Terra deixou de existir e agora estamos a caminho de um novo planeta. Totalmente desconhecido.
Minha mãe está fora de si, ela queria que meu pai estivesse aqui com a gente. Mas como de costume seu trabalho o afastou de nós. Só que desta vez foi para sempre. O Dylan tem pesadelos todas as noites. Não tenho idade para ser mãe. Mas com 15 anos sou a única pessoa que pode tomar conta do meu irmão de 8 anos.
Se ele não tivesse sido tão egoísta e escolhido ir embora com a Arca ao invés de ficar com nós lá na Terra, agora estaríamos todos juntos. Sãos e salvos.
Aquele início de tarde foi confuso e perturbador. O exército foi pra rua, sirenes tocando a todo tempo. Um toque de recolher foi instaurado. Ninguém sabia o que estava acontecendo, mas meu pai chegou rápido à minha escola. No caminho para casa parecia que estávamos em guerra. Um tipo de cada um por si e o exército contra todos. Não dava para seguir de carro. O trânsito estava parado e muitos carros estavam abandonados no meio das ruas.
A cidade estava um caos. Lojas sendo saqueadas, várias pessoas tentando enfrentar o exército. Balas de borracha, gás, explosões, jatos de água tivemos que sair correndo entre becos para não ficar no meio da confusão.
Alto falantes gritavam sem parar: "Atenção! Vão para suas casas imediatamente. Liguem suas TV's e aguardem por informações". Os militantes da oposição incitava a população a não obedecer. Diziam que era uma tentativa de golpe dos Democratas para se manterem no poder. Muitos se voltavam contra o exército e outros faziam um quebra-quebra generalizado.
Meu pai, com meu irmão no braço, que até então tinha 5 anos, segurava forte minha mão e me puxava.
Ele parou. Olhou para dentro de uma loja. As TV's ligadas mostravam o noticiário urgente. Não se podia ouvir nada mas as imagens mostravam flashes de várias outras cidades. Todas em caos, como a nossa. A zona de guerra se instaurou no país inteiro. Meu pai olhava estasiado. Voltou à realidade quando um homem atirou uma pedra na vitrine e várias pessoas começaram a saquear a loja. Então começou novamente a correr e agora me puxava com mais força, meu braço e mão já doíam mas eu não ligava, também queria chegar em casa.
Ao nos afastarmos do centro a confusão parecia menor, mas ainda víamos o exército por todo lado e manifestantes gritando palavras de ordem enquanto os alto falantes não paravam de repetir a mensagem.
Na rua de casa muitas pessoas apressadas. Aparentemente correndo para suas casas. Uma barricada do exército repetia sempre a mensagem. No alto as nuvens de fumaça tomava conta do céu. Os manifestantes estavam incendiando tudo que viam pela frente.
O senhor Johnson gritou para meu pai da janela:
--Professor Dylan! Sabe o que está acontecendo? --Meu pai não ouviu ou não quis responder. --Professor? Professor?...
Minha mãe estava na porta. Correu e abraçou a gente. Ela chorava muito então comecei a chorar também, desesperada, com 12 anos não conseguia assimilar nada do que estava acontecendo simplesmente agarrei minha mãe e chorava como nunca chorei em toda a minha vida.
Entramos correndo para dentro de casa. Meu pai trancou tudo e ligou a TV. Uns falavam em golpe de estado outros em atentados terrorista em série e todos mostravam imagens das maiores cidades, toda do mesmo jeito. Minha mãe ainda soluçava com eu e meu irmão no colo tentando nos acalmar enquanto a gente chorava sem parar.
Meu pai parou num canal que dava notícias internacionais. E acho que ficou tonto, sentou-se e ficou abismado ao ver que tudo se repetia por vários países do mundo todo. Em alguns, as cidades estavam simplesmente vazias em outros um caos como nos Estados Unidos. Em todos a mesma mensagem pedia para que as pessoas ficassem em casa e aguardassem informações...
--O que está acontecendo? --Perguntou minha mãe com a voz tremula.
--Não sei. --Respondeu meu pai enquanto balançava a cabeça. --Nunca aconteceu nada igual...
De repente a tela da TV ficou escura e depois apareceram várias listras coloridas. Em seguida o brasão da Casa Branca ficou estampado na tela. Iria ser um pronunciamento do Presidente...