Um distúrbio na Força

Claest Mumdur ergueu os olhos do copo de leite azul de bantha, ao ouvir um grunhido do mestre jedi Tarja Durgen, sentado ao seu lado. O jedi havia abaixado a cabeça e a segurava entre as mãos, cotovelos apoiados no balcão da cantina onde haviam parado para fazer um lanche antes de prosseguir viagem, rumo às Regiões Desconhecidas da galáxia.

- O que foi, mestre? - Perguntou preocupado o dalokiano, pousando o copo sobre o plástico preto do balcão.

- Estou sentindo uma grande perturbação... - murmurou o jedi, olhos semicerrados.

- O senhor exagerou no leite de bantha novamente, mestre - sentenciou Mumdur. - Devíamos ter verificado antes se realmente possui intolerância à lactose...

- A perturbação não é no meu estômago - retrucou Durgen, olhos fechados. - Estou me referindo à Força. Por um instante, foi como se milhões de vozes gritassem em terror, e depois...

- Calaram-se para sempre, mestre? - Indagou Mumdur, apreensivo.

- Não. Perceberam que haviam feito algo extremamente errado, e não tinham como consertar - Durgen aprumou o corpo e abriu os olhos. Virou-se para o dalokiano.

- Precisamos continuar nossa busca. Esse distúrbio veio de um lugar dentro das Regiões Desconhecidas.

- Tem as coordenadas, mestre? - Questionou Mumdur, fazendo um sinal para o estalajadeiro, que jogava copos de plástico usados num reciclador.

- Temos a Força para nos guiar - replicou o jedi, atirando dois créditos de cobre sobre o balcão.

* * *

- Mestre, não sou ninguém para questionar a Força, mas sem coordenadas precisas, corremos o risco de emergir do hiperespaço dentro de um sol - advertiu Mumdur, enquanto cruzavam a atmosfera do planeta Gommar rumo ao espaço sideral. Ao seu lado, na cabine de comando do cruzador dalokiano "Bloctha Sey", o mestre jedi sacudiu a cabeça em sinal de incredulidade.

- Quantas vezes eu errei o caminho, desde que está ao meu serviço, Mumdur? - Questionou.

- Nunca, mestre - admitiu embaraçado o dalokiano. - Mas para onde estamos indo, acontece todo tipo de coisa estranha... é provável que as leis da física se comportem de modo diferente na orla da galáxia.

- A Força transcende as leis da física - assegurou o jedi. - Ademais, agora sei perfeitamente de onde veio a perturbação que senti.

Apertou alguns botões no console à sua frente e uma tela acendeu-se no painel. Nela, Mumdur viu um planeta azul e branco, em meio a nuvens de gás luminoso.

- Este é o mítico mundo de Alikar, que segundo algumas lendas, ficaria bem no coração da nebulosa de Hanwin - apontou o jedi. - Consta que Alikar caiu num lapso temporal há milênios, depois que decidiu eleger um governante planetário pela primeira vez; no momento em que o mandatário leu o seu discurso de posse, os alikarianos perceberam a besteira que haviam feito, provocando uma reação em cadeia tão terrível, que reverbera até hoje pelo espaço-tempo. Com isso, consegui determinar com precisão as coordenadas, num formato que o computador de navegação poderá utilizar.

- Mas se isso aconteceu há milênios, por que é tão importante ir à Alikar agora, mestre? - Questionou Mumdur.

O jedi cruzou os braços, expressão absorta na vastidão do espaço que se descortinava à frente da astronave. Finalmente, respondeu:

- É que um poder obscuro adentrou o lapso temporal de Alikar... e parece querer dirigir este mal contra a própria galáxia em que vivemos. Precisamos chegar lá, antes que seja demasiado tarde!

[Continua]

- [30-09-2019]