Equipe de manutenção

[Continuação de "Alerta interestelar"]

Do lado de fora do gabinete privativo do comandante Tah Monari, a analista Roh Nauresi encontrou um casal de jovens tripulantes à espera. A moça, ela conhecia: a fitoprojetista Mah Zamir, com a qual cursara o nível elementar. As duas abraçaram-se.

- Quanto tempo! - Exclamou Mah Zamir, animada. - Por onde tem andado?

- Ponte de comando secundária, detectores de longo alcance - resumiu a analista. - E você?

- Hidropônica, nível 63, botânica adaptativa. Bem vinda à vida adulta! - Declarou com bom humor.

Voltaram-se então para o rapaz, que usava o uniforme azul-marinho dos cadetes da Segurança Interna.

- Eu sou Lar Tamoni - apresentou-se ele com um sorriso maroto. - Cadete.

- Você tem permissão para usar uma arma? - Indagou Mah Zamir, curiosa.

- Apenas manoplas de repulsão para combate corpo a corpo - admitiu o rapaz. - Mas fazemos simulações com armas de energia e mecânicas na Academia. Por que quer saber?

- Parece que você é o único da equipe com treinamento em combate - avaliou Mah Zamir. Roh Nauresi lançou-lhe um olhar assustado.

- Do que estamos falando, por favor?

- Da equipe que vai investigar a falha do campo magnético - redarguiu a jovem em tom categórico. - Nós somos a equipe.

- Fala sério - o cadete pareceu não lhe dar crédito. - Nenhum de nós têm experiência nesse tipo de coisa! O comandante não seria louco de nos mandar numa missão arriscada como essa.

A porta do gabinete abriu-se, e os três calaram-se ao ver que era o próprio Tah Monari quem estava diante deles, braços cruzados e fisionomia impassível.

- Entrem, por favor. Precisamos conversar - intimou-os.

* * *

- Isso não pode estar acontecendo - murmurou desconsolada Roh Nauresi pela, talvez, décima vez.

- Oh, está acontecendo sim - replicou Mah Zamir, que era a única do grupo que parecia estar mantendo seu medo sob controle. - Gente, não temos opção. O comandante deixou bem claro que não podia confiar na equipe titular para resolver o problema. Ninguém vai suspeitar de nós, já que simplesmente não temos o perfil e a idade esperados de uma equipe de investigação.

- Mas também não temos o treinamento - retrucou a analista.

- O comandante acredita que você vai dar conta do recado, - afirmou confiantemente Mah Zamir - e nós estamos aqui para lhe dar apoio.

O trio deslocava-se a bordo de um módulo de manutenção, por um dos túneis radiais que levavam aos Níveis Exteriores. Era uma viagem que nenhum deles sonhara em fazer, embora a possibilidade - ou a ameaça, mais precisamente falando - estivesse sempre presente.

- Por onde começamos? - Indagou o cadete, que se mantivera em silêncio até ali, talvez para disfarçar o nervosismo. Em vez das manoplas regulamentares, o comandante havia liberado um rifle de repulsão; esperava ao menos não ter que usá-lo.

- Pelo local mais provável para a implantação de um desvio do circuito do campo magnético - redarguiu a analista, consultando uma prancheta digital. - O Setor B26, junto à Eclusa F78.

Fez-se silêncio dentro do módulo, enquanto os outros dois processavam a informação recebida.

- Eu nunca estive assim tão perto de uma eclusa - comentou o cadete, pensativo.

- Nenhum de nós esteve - ponderou Mah Zamir. - Parece que chegou a hora de vermos uma, pessoalmente.

[Continua]

- [17-09-2019]