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[História anterior: "As colinas verdes do Saara"]

De plantão no posto de observação da Standard Forestry no norte do Mali, o operador Fred Sommers percebeu algo estranho na tela de infravermelho: os pontos brilhantes que representavam os drones da Frota de Alerta Avançado, começaram a se apagar, um por um. Intrigado, o rapaz digitou um código na mesa de controle e entrou em contato com um dos veículos de manutenção, circulando naquele momento pela floresta de eucaliptos que agora cobria o Saara.

- Herrera? Está no setor C-328?

- Passando por ele agora... - respondeu uma voz tranquila em seu headset, com um ruído de motor ao fundo.

- Estou com uma leitura estranha no infravermelho... deveria haver um drone circulando por essa área, mas ele sumiu. Poderia parar, e ver se o localiza?

- Um momento, Fred...

O ruído do motor diminuiu, e cessou. Em seguida, ouviu a porta do veículo sendo aberta. A voz de Herrera retornou em seguida.

- Não vejo nenhum drone voando sobre a região, mas... a telemetria acusa um drone no solo à uns 300 m daqui, dentro da floresta. Você quer que eu vá dar uma olhada?

- Por favor - redarguiu Fred. - E, se possível, mande fotos ou um vídeo.

- É pra já... vou só pegar uma lanterna.

Enquanto transcorriam os minutos, nos quais praticamente todos os drones desapareceram das telas de vigilância de Fred, ele resolveu ligar para os postos mais próximos, e todos relataram estar tendo o mesmo problema.

- Pode ser alguma pane no sistema - especulou Santiago, operador de um posto no sul da Argélia.

- Sem os drones, ficamos cegos - avaliou Fred.

- Não de todo - lembrou Santiago. - Ainda podemos recorrer ao satélite, se alguma coisa grande estiver se movendo em sua direção.

- O satélite demora 90 minutos para sobrevoar esta região, e a resolução não se compara à dos drones... mas, tem razão. Se há alguma coisa grande vindo para cá, ele deve ao menos indicar isso.

Herrera fez contato antes que o satélite de observação estivesse posicionado. Primeiro, mandou uma foto, tirada no meio da floresta: mostrava um drone, despedaçado contra o chão.

- Veja só isso - informou ele. - Caiu do céu como uma pedra.

- Impossível - retrucou Fred, perplexo. - Será que não bateu em algo... ou foi derrubado?

- Difícil dizer sem análise da memória do drone... mas tudo leva a crer que caiu, simplesmente.

- Essas coisas não deveriam acontecer, principalmente nessa escala - replicou Fred. - Vou soar o alarme; podemos estar sob ataque.

- Ataque? - Indagou Herrera, intrigado.

- Cibernético - replicou Fred.

* * *

Quando Pritchard, o supervisor, chegou ao posto avançado, não havia mais nenhum drone em condições de voo. E o satélite registrara uma imensa nuvem de gafanhotos deslocando-se em direção ao Mali.

- É um ataque - determinou o supervisor. - Desativaram a Frota de Alerta Avançado para ter certeza de que não poderíamos nos defender dele. Só que estão errados.

- O que podemos fazer? - Indagou Fred, surpreso.

- Pedir ajuda. O Senegal ainda possui uma frota de aviões pulverizadores tripulados, estilo antigo. Com um pouco de sorte, em duas horas poderão estar aqui.

E assim foi feito. Enquanto os aviões senegaleses despejavam inseticida sobre a nuvem de gafanhotos, equipes de manutenção da Standard Forestry deslocavam-se pela floresta em busca dos drones desativados. Duas questões levantavam-se agora: quem fora o responsável pelo ataque, e como o fizera? Esperava-se que uma análise da memória dos drones menos danificados, poderia fornecer pelo menos a resposta para a segunda indagação.

Em seguida, urgia saber com qual propósito o ataque havia sido desencadeado.

[Continua em "Malware"]

- [04-08-2019]