N-19

Depois da segunda guerra fria, vários países se aliaram contra a Rússia, isolando-a economicamente e impondo poder bélico sobre a mesma. A derrota de Putin ecoava no país gelado como um grito de dor coletivo. Cheios de rancor, os sobreviventes do governo russo resolveram nomear Alexander Chikatilo como novo primeiro ministro para substituir Dmitri Medvedev. Por alguns anos, o silencio russo foi desconcertante e a tensão causada por esse silencio torturava a aliança, pois eles não conseguiam prever o que poderia acontecer. Em 14 novembro de 2019, um alerta internacional foi emitido pela união européia. Satélites detectaram o lançamento massivo de misseis russos, com alvos espalhados por todo o planeta. As autoridades militares internacionais agiram o mais rápido possivel, lançando um contra-ataque a partir de porta-aviões que estavam posicionados no Mar Baltico e no Golfo de Bothinia. Tentaram também interceptar o ataque com o sistema THAAD de escudo anti missil, mas eram ogivas balisticas hipersonicas, impossibilitando o sucesso total da defesa. Durante algumas horas a tensão foi muito forte, parecia ser o fim, quando houve uma surpresa: Todos os misseis lançados no ataque russo que conseguiram passar pelos sistemas de defesa americanos e da união européia, explodiram a uns quinze quilometros de altitude, sem tocar o solo. Sem compreender o que estava acontecendo, as autoridades militares começaram a investigar o ocorrido. Sem baixas humanas e sem prejuizos materiais, o ataque russo era um icognita, até que uma declaração do primeiro ministro russo Alexander Chikatilo foi ao ar. Na declaração, ele explicou que os mísseis foram enviados apenas para espalhar radiação de nêutrons na atmosfera, que serviria como ignição de um vírus que foi previamente disseminado em todo o planeta, através da água, ar, alimentos, etc, contaminando pelo menos 70% da população mundial. Ele se instala e vive de forma inerte dentro do cérebro e só entra em atividade quando estimulado por radiação de nêutrons. A Rússia não queria sair vencedora e sim, destruir a todos. As autoridades internacionais começaram as ações de prevenção a ativação do vírus distribuindo máscaras e aconselhando as pessoas ficarem dentro de casa, principalmente em prédios com lajes de concreto, já que a radiação de nêutrons encontra uma barreira nesse tipo de material, mas já era tarde: plantações inteiras já estavam contaminadas, milhares de pessoas estavam expostas a radiação desde o momento das explosões. O caos teve inicio e o mundo já não seria mais o mesmo. Os cientistas mais renomados do mundo, principalmente os da área de ciências biologicas, se empenharam em isolar o vírus e descobrir algo que pudesse impedir sua ignição. Biomédicos, infectologistas, técnicos de controle de epidemias, todos que tinham algum conhecimento sobre o assunto foram convocados para a luta contra o vírus. Depois de muitas pesquisas, em uma semana a ONU fez uma transmissão televisiva mundial, onde explicou como se manifesta o ‘N-19’. Neurocientistas fizeram experimentos e chegaram a resultados aterradores, o N-19 age especificamente sobre o sistema nervoso do ser parasitado, modificando algumas propriedades o que leva o hospedeiro a mutações fisiológicas que geram mudanças comportamentais, caracterizadas por fortes distonias musculares, caminhada irregular, vômitos, movimentos repetitivos e surtos psicóticos. Alguns pacientes apresentaram um apetite descomunal, comendo até partes do próprio corpo. Todos os indivíduos estudados perderam a capacidade de se comunicar verbalmente. Essa era a nova realidade do mundo, um lugar inóspito onde todos poderiam se tornar seres vegetativos, ou criaturas sedentas.

Max Machado
Enviado por Max Machado em 12/04/2015
Reeditado em 25/03/2020
Código do texto: T5203852
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