A passagem que adquiriu lhe dá direito a fazer todo o trajeto de ida e volta, o que representa conhecer de ponta a ponta o itinerário. Sua intenção mesmo era conhecer, o mais que pudesse, as condições do planeta. Peter viajou, naquele e em outros dias; visitou inúmeras cidades. Parou, andou em muitas delas e conheceu de perto a forma de viver do terráqueo de 2.120. Em todos os locais a mesma lugubridade imutável e de partir o coração de quem viveu em uma Terra rica e abundante. As populações se aglomeravam em cidades espantosamente desenvolvidas, com tudo o que havia de melhor e mais sofisticado para a vida humana.
Tudo atingia o ápice do conforto. Ninguém passava por necessidades materiais no que tange ao bem estar e à riqueza. Prédios com arquitetura inimaginável, automóveis tão luxuosos e velozes quanto um carro de corrida, pistas amplas e atapetadas, mansões de causar inveja aos mais ricos sultões de eras passadas. Porém, a certeza de que toda aquela ostentação tinha os dias contados; que, por mais que se esforçassem para evitar o fim iminente, de nada adiantaria, isto estava se refletindo na fisionomia soturna de todas as pessoas. Aquele desenvolvimento parecia herança de um passado próximo e era apenas usufruído. Parecia não haver mais ânimo para coisa alguma.
As concentrações populacionais ocorriam em regiões tremendamente distantes umas das outras. Eram construções totalmente artificiais como se fossem oásis em um deserto. Fora desses locais paradisíacos não havia vida, senão sinais cada vez mais evidentes da destruição do planeta. Não se via um lago, um rio, as florestas praticamente inexistiam e os poucos sinais de verde eram liquens sobre formações rochosas. Extensões infindáveis de arbustos enfezados e praticamente sem vida enfeavam, em vez de embelezar a paisagem. O veículo com Peter sobrevoava por horas imensas regiões desérticas. A sensação era de se estar voando sobre um terreno da lua ou de marte.
Não havia praticamente vida; ele não vira, desde que descera com sua máquina do tempo, um sinal sequer de vida animal. A única exceção foram aquelas estranhas aves que o atacaram e ainda as via com alguma frequência cruzar o céu como a querer deixar na espécie humana a terrível impressão do que ficou como resultado da devastação ambiental. Cansado da mesmice, Peter decidiu retornar ao local onde descera com sua máquina.
Durante anos a humanidade viveu o apogeu do desenvolvimento em todos os campos; as preocupações ambientais geraram iniciativas que, ao longo do tempo conseguiram reverter o que seria o cataclismo derradeiro, o fim dos tempos para o homem. A primeira metade do século XXII trouxe o desfrute das tecnologias avançadas, da igualdade homem/máquina, da autossatisfação da raça humana. A vida tornou-se confortável, mas confortável ao extremo e não deu espaço a que o cérebro desenvolvesse ainda mais sua capacidade. Tudo ficou acessível demais; a dedicação, a inteligência de uns poucos trouxe um parasitismo generalizado.
As nações se acomodaram e a criatividade estacionou. Como resultado, os instintos se viram a solta, o que gerou comportamentos não condizentes com a natureza da espécie como um todo. A frieza dominou o coração dos homens. A solidariedade, o altruísmo, a amizade, até mesmo a cortesia desapareceram dos corações. A pobreza, a dependência do outro tornaram-se expedientes perdidos na esteira do tempo, o homem passou a não diferir do robô como o robô já vinha sendo, em tudo, um homem. Parecia que todas as tragédias naturais reservadas para o planeta já havia ocorrido e havia agora uma estabilidade notável. Vulcões não mais entravam em erupção; terremotos, tufões, tsunamis e inundações deixaram de preocupar. As pessoas gastavam a maior parte do seu tempo envoltas em afazeres medíocres que não acrescentavam muito ao seu autodesenvolvimento.
Isto veio provar que o objetivo primordial de todos os esforços humanos que tiveram lugar no passado visavam exclusivamente o ganho financeiro; aumentar a conta bancária estava por trás de todas as transações. Quando esta necessidade deixou de existir, levou junto o interesse de se perder tempo e dinheiro com este tipo de aperfeiçoamento. O que importava a gora era o bem estar pessoal. A vaidade era o elemento número um carente de tempo e investimento. Como o luxo representado pela riqueza material, pelo acúmulo de bens não mais impressionava, substituiu-se pelo autodesenvolvimento. Os homens e as mulheres eram belos, atléticos, verdadeiros modelos; consideravam-se assim deuses.
Grande parcela da humanidade pereceu nas catástrofes naturais que por pouco não extirpa o todo da raça humana. As civilizações que Peter andou visitando são, na verdade, resquícios de povos que conseguiram sobreviver. Não havia mais a concentração de pessoas em organizações conhecidas como países e estados. A razão era muito simples: não havia população suficiente para que houvesse necessidade dessas divisões. Reduzira-se, a população da Terra, a meros dez por cento do que fora no ano 2040, a era de Peter. O conhecimento tecnológico permitiu ao homem desenvolver meios fantásticos de auto sustentabilidade, o que gerou uma independência sem limites.
Todas as belezas naturais eram extensões do pouco que restara em cada área do planeta, transformadas em obra magnânima de engenharia humana. Cada povo refez suas florestas destruídas por queimadas e desmatamentos, conseguindo aproximar da perfeição as características originais e adaptando os tamanhos ao tamanho da população. Rios foram projetados, lagos ampliados ou diminuídos, cachoeiras planejadas; tudo artificialmente. O que fazia dos Terráqueos de 2.120 verdadeiros felizardos era a não utilização de qualquer recurso natural que viesse a comprometer o planeta. As fontes geotérmicas que já existiam e as que se originaram das grandes catástrofes vulcânicas forneciam a totalidade da eletricidade; usinas hidrelétricas não poluíam e movimentavam desde automóveis a verdadeiros complexos urbanizados.
Tudo atingia o ápice do conforto. Ninguém passava por necessidades materiais no que tange ao bem estar e à riqueza. Prédios com arquitetura inimaginável, automóveis tão luxuosos e velozes quanto um carro de corrida, pistas amplas e atapetadas, mansões de causar inveja aos mais ricos sultões de eras passadas. Porém, a certeza de que toda aquela ostentação tinha os dias contados; que, por mais que se esforçassem para evitar o fim iminente, de nada adiantaria, isto estava se refletindo na fisionomia soturna de todas as pessoas. Aquele desenvolvimento parecia herança de um passado próximo e era apenas usufruído. Parecia não haver mais ânimo para coisa alguma.
As concentrações populacionais ocorriam em regiões tremendamente distantes umas das outras. Eram construções totalmente artificiais como se fossem oásis em um deserto. Fora desses locais paradisíacos não havia vida, senão sinais cada vez mais evidentes da destruição do planeta. Não se via um lago, um rio, as florestas praticamente inexistiam e os poucos sinais de verde eram liquens sobre formações rochosas. Extensões infindáveis de arbustos enfezados e praticamente sem vida enfeavam, em vez de embelezar a paisagem. O veículo com Peter sobrevoava por horas imensas regiões desérticas. A sensação era de se estar voando sobre um terreno da lua ou de marte.
Não havia praticamente vida; ele não vira, desde que descera com sua máquina do tempo, um sinal sequer de vida animal. A única exceção foram aquelas estranhas aves que o atacaram e ainda as via com alguma frequência cruzar o céu como a querer deixar na espécie humana a terrível impressão do que ficou como resultado da devastação ambiental. Cansado da mesmice, Peter decidiu retornar ao local onde descera com sua máquina.
Durante anos a humanidade viveu o apogeu do desenvolvimento em todos os campos; as preocupações ambientais geraram iniciativas que, ao longo do tempo conseguiram reverter o que seria o cataclismo derradeiro, o fim dos tempos para o homem. A primeira metade do século XXII trouxe o desfrute das tecnologias avançadas, da igualdade homem/máquina, da autossatisfação da raça humana. A vida tornou-se confortável, mas confortável ao extremo e não deu espaço a que o cérebro desenvolvesse ainda mais sua capacidade. Tudo ficou acessível demais; a dedicação, a inteligência de uns poucos trouxe um parasitismo generalizado.
As nações se acomodaram e a criatividade estacionou. Como resultado, os instintos se viram a solta, o que gerou comportamentos não condizentes com a natureza da espécie como um todo. A frieza dominou o coração dos homens. A solidariedade, o altruísmo, a amizade, até mesmo a cortesia desapareceram dos corações. A pobreza, a dependência do outro tornaram-se expedientes perdidos na esteira do tempo, o homem passou a não diferir do robô como o robô já vinha sendo, em tudo, um homem. Parecia que todas as tragédias naturais reservadas para o planeta já havia ocorrido e havia agora uma estabilidade notável. Vulcões não mais entravam em erupção; terremotos, tufões, tsunamis e inundações deixaram de preocupar. As pessoas gastavam a maior parte do seu tempo envoltas em afazeres medíocres que não acrescentavam muito ao seu autodesenvolvimento.
Isto veio provar que o objetivo primordial de todos os esforços humanos que tiveram lugar no passado visavam exclusivamente o ganho financeiro; aumentar a conta bancária estava por trás de todas as transações. Quando esta necessidade deixou de existir, levou junto o interesse de se perder tempo e dinheiro com este tipo de aperfeiçoamento. O que importava a gora era o bem estar pessoal. A vaidade era o elemento número um carente de tempo e investimento. Como o luxo representado pela riqueza material, pelo acúmulo de bens não mais impressionava, substituiu-se pelo autodesenvolvimento. Os homens e as mulheres eram belos, atléticos, verdadeiros modelos; consideravam-se assim deuses.
Grande parcela da humanidade pereceu nas catástrofes naturais que por pouco não extirpa o todo da raça humana. As civilizações que Peter andou visitando são, na verdade, resquícios de povos que conseguiram sobreviver. Não havia mais a concentração de pessoas em organizações conhecidas como países e estados. A razão era muito simples: não havia população suficiente para que houvesse necessidade dessas divisões. Reduzira-se, a população da Terra, a meros dez por cento do que fora no ano 2040, a era de Peter. O conhecimento tecnológico permitiu ao homem desenvolver meios fantásticos de auto sustentabilidade, o que gerou uma independência sem limites.
Todas as belezas naturais eram extensões do pouco que restara em cada área do planeta, transformadas em obra magnânima de engenharia humana. Cada povo refez suas florestas destruídas por queimadas e desmatamentos, conseguindo aproximar da perfeição as características originais e adaptando os tamanhos ao tamanho da população. Rios foram projetados, lagos ampliados ou diminuídos, cachoeiras planejadas; tudo artificialmente. O que fazia dos Terráqueos de 2.120 verdadeiros felizardos era a não utilização de qualquer recurso natural que viesse a comprometer o planeta. As fontes geotérmicas que já existiam e as que se originaram das grandes catástrofes vulcânicas forneciam a totalidade da eletricidade; usinas hidrelétricas não poluíam e movimentavam desde automóveis a verdadeiros complexos urbanizados.