SONHO DE VINGANÇA

Sonhei que havia sido o autor dos disparos que liquidou com o terrorista cover dos “ZZ TOP” Osama Bin Laden. Muitas pessoas vinham ao meu encontro para cumprimentar-me pela façanha. Alguns americanos outros americanizados pelo hambúrguer e pela Coca-Cola, saudando-me como se fosse o herói que tanto buscam para escudar a terra do Big Stick. No primeiro momento senti um gozo quase real por estar ali no topo do mundo, condecorado ao vivo pelo grande chefe Barack Obama. Mas mesmo em sonho nem tudo acontece como se gostaria que acontecesse. Enquanto participava de um jantar no Pentágono ao lado do Secretário Leon Panetta e o General Martin Dempsey, altamente cortejado pela linda, siliconada e audaz Pámela Anderson e não menos interessante a veterana Sharon Stone. Pensei olhando tanta importância dada a mim, que seria interessante matar mais alguns aloprados de Alá para que se repetisse aquele assedio indescritível. Voltando na deixa de que nem tudo são flowers, meu celular toca e uma voz miudiquinha com sotaque do Norte das Minas Gerais, fala chorando e visivelmente, aliás, audivelmente desesperada, era uma amiga da Secretaria de Cultura, dizendo que por minha causa a Catedral havia sido destruída, e que um avião que partia para o Rio de Janeiro com 400 passageiros fora jogado contra a Prefeitura quando acontecia uma reunião com o primeiro escalão. Quando eu já estava comemorando, ela me alerta que o Prefeito estava em Belo Horizonte no momento do ataque, senti que havia levado um tiro no pé. Mas alguma coisa se tirou de proveito, a Catedral na explosão fizera voar uma caixinha de segredo com muito dinheiro arrecadado dos fiéis, que serviu para alimentar aquela multidão de mendigos que passam fome nos arredores deitados sobre papelões. É lógico que houveram aqueles que se beneficiaram para tomar um gole, outros para uma pedrinha de crack, até madame que aparece em colunas sociais usando bijuteria como diamante olhou em volta, quando teve a certeza de não estar sendo observada coletou o que pôde, os cofrinhos corporais inundaram de moedas de um real e vinte e cinco centavos. Mas a retaliação não cessou ai. Mal desliguei o celular da primeira ligação vem a segunda com outra voz ainda mais desesperada. Era o Gerente do Banco onde fui forçado a abrir conta para receber pagamento, estava a poucos minutos de se chocar contra o paredão do prédio onde trabalha em um avião de cheio de Mohamed querendo vingança, carregado de explosivos e bancários de várias instituições. Aquele imponente símbolo criado por Dom Pedro II, que anda cravado em vários peitos e comendo a carne que deveria dar maior sustância ao de comer ordinário de milhões de pessoas. O Gerente queria apenas que eu dissesse em rede internacional que não tive nada a ver com a morte do mega-terrorista, para que os ataques cessasse. Minuciosamente fui recordando os juros, as filas, alguns rostos que desdenham o já f... cliente e decretei que seria o juiz daquela instituição que sempre usou a cela sobre nossas costas... Pedi ao secretário que ordenasse que neste momento todos os órgãos de imprensa capitalista do planeta fizessem uma conexão com o Pentágono, pois com o meu poder de persuasão instantaneamente adquirido, precisa passar outras informações. Ainda no telefone o Gerente que eu sempre via naquela mesa com roupas finas e ar condicionado ventilando em volta, rastejava feito cãozinho mijão com poucos minutos de vida, minha sádica memória voltava no meu desespero olhando em um caixa eletrônico um saudo negativo, obrigando-me a mergulhar no leasing e assim nunca mais conseguir pagar. Quando notei que minha vontade fora atendida, mirei as câmeras dei uns toques nos microfones, limpei o pigarro da garganta e comecei fixamente tendo a certeza de que o terrorista do avião e o Gerente me fitavam. Saudei os assassinos Americanos desde Nixon a Roosevelt, os Bush sanguinários, Reagan e o tarado Clinton, após a sessão de hipocrisia confessei minha ojeriza teatral ao pai dos Mulçumanos, disse em detalhes que desconfiava da sua masculinidade, pois de acordo com minhas teorias o moço era como a marchinha da “Maria sapatão” de dia é Maria e de noite é João! Neste momento escutei um grito abafado e vindo com um estampido, ainda tive a frieza de dizer que fui o carrasco que enforcou Saddam e o detonador da bomba que matou Abu Musab al-Zarqawi. O estrondo paralisou as emissoras por segundos. Suspirei aliviado, mas o despertador do relógio me avisou que meu reinado de poder havia terminado. Na mesa do café como que por vingança estava um aviso para procurar o gerente do tal banco, para regularização de cadastro.