The Crazy Motherfuckers Brigade
Você quer que te conte sobre a crazy motherfuckers brigade, então ta. Agora só restei eu vivo, então acho que não tem tanto problema não.
Na verdade, não posso te falar que foi uma coisa que aconteceu naturalmente, porque o Robertinho era militar, e o Adenilson tinha feito aquele curso de segurança nacional em Belo Horizonte logo depois que terminou a faculdade. Então eles tinham mais ou menos noção do que estavam fazendo. Mas eu, e o Cleiton entramos mais por raiva mesmo e fomos deixando a coisa fluir. O pessoal que entrou depois, o Leo, e a Cimara, a Neide e o Julio eram um povo mais novo, então, apesar deles terem os motivos deles, era mais por participar mesmo do que qualquer outra coisa.
Você me perguntou qual o motivo para a guerra. Olha, podem dizer que foi por causa do Suriname, dos Ianomâmis ou do alumínio, mas vou te falar uma coisa. Eles invadiram a gente por um motivo simples: porque eles podiam.
Então não foi por motivo político, ou por nacionalismo. Claro que tinham esses motivos também. Mas no fundo, a idéia, e isso você sabe, era de, se era só questão de poder, então a gente podia também. Entendeu? Eu acho que essa discussão foi colocada dessa forma mesmo pelo Adenilson, mas na verdade a gente já tinha isso na cabeça da gente de maneira bem clara, não precisava nenhuma influência de ninguém não.
A idéia começou assim. O Robertinho tinha vindo embora fugido de Manaus. Quando o pelotão dele se rendeu ele se rendeu também, mas só por fora né. Ai quando os gringos perceberam que os superiores deles iam cooperar, acabaram deixando ele de bobeira depois de um tempo, ai ele aprontou, e envenenou uns oficiais deles e depois fugiu. Como ele não podia ir procurar a família dele ele me procurou. Ele tinha namorado uma prima minha e a gente acabou ficando amigo. Ai, mesmo depois dele ter terminado a gente continuou mantendo contato. Uma vez eu precisei de um favor dele para liberar uma carga lá em Manaus, ai, sabe como é. Eu devia favor né.
Quando ele apareceu eu entendi. Aqui foi fácil, tinha só um postinho com um cabo e cinco soldados. Hahaha! Já imaginou o que é ocupar Minas Gerais, oitocentas e tantas cidades. O povo que colaborava não deu muita bola, pois tinha muita gente vindo pro interior com medo. Então acabou passando batido.
Eu entrei porque essa guerra tava meio que avacalhando minhas vendas. Eu sempre fui muito parado sabe, sem iniciativa de ficar puxando o saco dos outros. Ai os que puxavam pegaram os contratos da prefeitura e do exército. Eu nem tinha isso antes, mas fiquei meio puto também. Humano né.
E tinha também o negócio da minha sobrinha que começou a namorar um dos soldadinhos deles. Coitada, o rapaz era todo bonzinho, em forma, loirinho, olho azul, fazia engenharia. Dizia que estava no exercito só para poder estudar – e era um rapaz que parecia trabalhador e boa pessoa mesmo – e que a única coisa boa da guerra era ter conhecido ela, etc. E tratava ela como uma princesa. E era verdade mesmo porque ela as vezes pentelhava ele. E se fosse só para comer, tinha um monte fazendo fila pra dar. Mas parecia que ele gostava dela mesmo... e ela dele também.
Ai tinha um bando de fedorentos que achava que era “a resistência”. Só que em vez de enfrentar os gringos, os bostinhas covardes, só atacavam os brasileiros, e só civil, e ainda vinham com conversa de gente brava. O único arrependimento que eu tenho foi de não ter pego uns deles. Depois ficaram ai, posando de bonzão... ainda sobraram uns também, como eu ainda to vivo quem sabe não dá tempo de pegar uns hein! Olha que idéia boa que conversar com você ta me dando.
Bom. O Adenilson veio quando eles fecharam as faculdades lá em Belo Horizonte e o Cleiton veio do Mato Grosso depois que eles fecharam a Funai. Todo mundo de família daqui, menos o Robertinho que tava lá na casa do sítio. Foi lá que a gente começou a conversar sobre o assunto.
Aliás foi eu que comecei, falando da história de que tinha sabido que minha sobrinha tava na lista dos colaboradores. Só porque namorava o rapaz... Eu tô achando que vou fazer aquilo mesmo. Mas ai eu contei e a gente tava comendo uma leitoinha com uma pinga que o Adenilson tinha guardada lá de Salinas... porque pinga era coisa rara na época, principalmente as boas lá de Salinas né. Se quisesse tomar uma tinha que ser escondida, senão os filhos da puta chegavam e ofereciam pra comprar, e ai de quem não vendesse. Além de ser roubado tomava uma coça, depois, na miúda. Fora o resto do constrangimento se a casa fosse invadida.
Mas ai, leitoinha, pinguinha, cervejinha, mandioquinha, a história da minha sobrinha... e na verdade, a ocupação é uma coisa estranha. A gente acaba não podendo fazer nada sabe. Então tem só que aceitar. Pode até fazer um boicotizinho, ou uma sacanagenzinha escondida, mas acaba que tem que engolir. Ai a gente fica meio que entorpecido. Não só da sensação, mas do sentimento também. Foi ai que veio a idéia de começar alguma coisa.
A gente ainda não pretendia fazer os clipes não, era só uma trama. Também, com três homens a toa, e um meio já que tocando o fodasse pra tudo disposto a financiar, boa coisa não podia sair né.
Mas no início era só um grupo de resistência “não covarde”. A gente resolveu pegar uns soldadinhos deles, só pra descontar a raiva. A idéia era fazer a mesma coisa que o Robertinho tinha feito, veneno, tipo matar cachorro sabe. Lógico, tinha que ser em outra cidade, e numa maior, ai a gente foi para Juiz de fora, pois lá o trem já tava dominado e eles tavam meio relaxados, e era mais perto daqui. E como tinha o exercito lá, eles tinham botado muita gente lá.
Olha só, pra falar verdade, a gente já até tinha conversado sobre os clipes, mas não na forma que foi. O Robertinho era da patrulha de selva e um dos treinamentos dele era o de fazer vídeos dos soldados inimigos sendo torturados. Eles já estavam fazendo isso lá na Amazônia. Tinha até um que ficou famoso onde uma jibóia comia um soldado, você deve ter visto esse. Ai era só botar na internet e caia na mão deles. A idéia era baixar a moral das tropas e dificultar o recrutamento de novos soldados. Então isso não era novidade não. As idéias das torturas em si eram do Cleiton, que era antropólogo, e contava as formas tortura que os índios tinham antigamente... bom, já sabe de onde saiu a idéia do churrasco né. Ainda mais comendo uma leitoinha. Ele falou que o sabor da carne era parecida. A idéia de bomba psicológica e da diferença dela pra tortura eu acho que o Adenilson inventou na hora. Ele mexia com segurança pública também, embora ficasse mais na faculdade, e já tinha um certo traquejo de mexer com marginal, ai escutando a gente falar ele apareceu com essa. Já eu, entrei com a infra-estrutura, e depois, com a habilidade culinária né.
Mas isso era só conversa de homem tonto e sem ter o que fazer, fantasiando vingança. A idéia mesmo era envenenar uns gringuim.
Eu até pensei que no dia seguinte a conversa ia morrer, mas todo mundo continuava sem ter o que fazer, inclusive eu que tava com muito pouco movimento. E tinha o Robertinho que já tinha feito, então não era novidade. No fim das contas, fomos para Xuiz de Fora.
O plano do Robertinho era um trem meio confuso, não é à toa que deu errado. Eu como não ia participar direito não sei te dizer o que eles pretendiam fazer ao certo não. Eu fornecia o material, o apartamento e depois dirigia o carro. Eles iam pegar eles depois da faculdade, no espaço perto da reserva ecológica da universidade, que era um lugar mais afastado e onde iam de vez em quando uns estudantes para tramarem e pra fumar maconha também. To pensando aqui agora, se eles que tivessem montado a brigada os gringos teriam sido queimados. Bom. Então, deu errado. Eles desconfiaram e reagiram ai o Robertinho e o Cleiton, que era muito forte, conseguiram desarmar e desmaiaram eles. Eu só soube da história no quando vi os três chegando com mais dois amarrados. Tava todo mundo apavorado. Um deles tinha acertado um tiro no Adenilson. Pegou no braço, mas ele tinha sangrado muito e tava desmaiando. Não pensamos direito não, pois tinha muita patrulhas nas estradas, e quatro sujeitos em um carro, e um sangrando era uma coisa um tanto quanto suspeita.
A sorte é que eles pegaram um dos grupos dos fedorentos nesse dia e eles saíram trocando tiro no meio do povo e uns dois fugiram. Eles viram como eles eram. Adolescentes, mais morenos, todos os dois, de cabelo preto. Ai o Adenilson foi pro hospital junto com o povo do meio da confusão que tinha sido baleado também, e como ele era mais velho, gordo e branquelão, passou batido também. Eu voltei com os dois soldados e o Robertinho escondido no caminhão da empresa que tinha um frete registrado e liberado. O Cleiton voltou com o Adenilson de ônibus dois dias depois. Ai fomos pro sítio né. E deixamos os soldados escondidos lá no galpão das ferramentas.
A gente tava mais preocupado em como se livrar deles, se era queimando ou enterrando, ou jogando ácido, essas coisas. Sabe, preocupado em se safar. A gente já tinha definido que ia filmar o que fosse fazer, mas até ai ainda não sabia o que fazer mesmo.
Ai os dois dias que ficamos esperando para o Cleiton e o Adenilson voltarem entraram na história. Dois soldados sumidos, sabe como é, perto da faculdade. Os dois que fugiram dos fedorentos estudavam lá. Ai começou a busca né. E daquele jeito lindo de ser deles quando não sabiam o que fazer. E nisso deram uma coça no filho da Cimara. O menino era meio mimadinho também. Mas foi feio o negócio. A Cimara tinha tido ele com quinze anos. Mal começou a dar engravidou. Eu lembro dela novinha nessa época. O pai dela era um pouco mais velho que eu mas eu gostava muito dele e a gente conversava bastante. Eu tinha sido colega de escola do irmão mais novo dele e a gente acabou ficando amigo também. Ai o pai era um menino também e acabou que foi ele e a mulher que criaram mais. E a Cimara era meio sem juízo também né. Ai o menino cresceu com os mimos do avô e a falta de juízo da mãe, ai, deu merda. Ele ficou muito machucado. E sabe a impressão de que um bosta, semi-analfabeto, ignorante, que a mãe devia ser uma puta viciada em droga saiu lá da terra dele e veio pra dentro do nosso país, e entra dentro da casa do outros pra mandar e desmandar e poder arrebentar o filho da gente sem ninguém poder falar nada? Isso deu meio que uma revolta geral no povo sabe. O rapaz só tinha quinze anos. Não só na gente, mas no povo em geral. E era aquela a hora.
A gente tava tão desconcertado com a falta de respeito que aqueles bostas tinham com a gente que acabou perdendo o respeito por eles também, perdendo todo e qualquer respeito. Ai que resolvemos fazer o primeiro clipe do jeito que foi.
E engraçado quando se perde a percepção da humanidade de outra pessoa. Você simplesmente deixa de ligar. Parece que uma culpa, ou um escrúpulo ate quer aparecer, mas é voto vencido, de gente que perdeu a expectativa de um dia ser ouvido e nem reclama mais.
E a idéia do clipe foi do Adenilson, dentro da lógica de bomba psicológica. Era pra ser só um vídeo um pouco mais barra pesada que o da jibóia. Mas aí resolvemos fazer o clipe porque duraria o tempo de uma música. Seria na verdade o clipe de uma música, mas com as cenas que a gente faria daria uma nova interpretação à música.
O Adenilson devia estar era com mais raiva que a gente, porque ele tinha tomado o tiro. E a Cimara tinha tido um rolinho com ele uns oito anos antes. Hehehe, ele era mais velho, mas, professor de faculdade. Tinha as manha com isso. Mas ele que começou com a idéia. Aliás, ele pegou a idéia do Cleiton, de comer os caras e acrescentou a música e a mensagem.
Na época foi do jeito que eu te disse. Eu meio que ia ficar chocado, mas, foi voto vencido. Os outros três não sei, mas parece que foi algo do gênero também. Eu só não tive a idéia. Foi meio desajeitado para matar e cortar os caras, que foi minha parte, e isso foi um pouco nojento mesmo, mas, foi nojento, igual matar porco. O resto, voto vencido. E eles já estavam lá e a gente ia matar eles mesmo.
A idéia de bomba psicológica era interessante e tinha tudo a ver com o que a gente vivia. Eles tinham um monte de colaborador aqui, e a gente queria um monte de colaboradores lá também. E a sensação de impunidade total dominava a gente sabe. Era tudo só uma questão de poder fazer. Se podia, se ninguém ia impedir, se eles queriam, eles faziam. Ai a gente resolveu fazer isso também. E porque não colocar a idéia pro resto da população do mundo né. Ó gente, aqui ta valendo tudo. Eles fazem o que querem, a gente faz o que quer, porque só você que não pode né? Faz também, deixa de ser bobo. A idéia era mais ou menos essa.
Bom, o primeiro clipe foi assim.
A gente matou os caras igual que faz com boi, com uma pancada na nuca, ai levantamos eles e evisceramos. Cortamos a cabeça e jogamos num canto para queimar depois. E ai tiramos a picanha e o lombo deles para fazer no churrasco. E o Robertinho filmando tudo. Não teve nada de choro, ou de grito, ou de gemeção não. Sem sofrimento desnecessário. A idéia não era torturar, era só desconsiderar os caras.
Ai que veio a bomba. Me chega o Adenilson com a Cimara, a Neide, que era irmã dela e o Leo, que era MEU cunhado, pai da minha sobrinha que eu tinha falado. Agora você vê só que irresponsabilidade. E ainda chegou falando para tirar um pedaço do pernil também que tinha mais gente pra comer. Ele tinha contado já pra Cimara e pra Neide, mas pro Leo não tinha não. As duas estavam tão amargas, eu nunca tinha visto aquilo. Parece que elas tinham topado na hora. Já o Leo estava na santa ignorância. Ele tava muito puto com tudo também, principalmente por causa das ameaças, mas o problema era com o povo da resistência, não com os soldados, embora fosse também. E a gente não podia aparecer nos vídeos. Como explicar para ele que a gente ia comer churrasco usando máscara e filmar. Foi a única hora que bateu um certo arrependimento, a inocência dele era meio que um chamada na real. Mas depois eu vi que não era não.
Ele era amigo do Adenilson também. Os dois tinham morado na mesma república uns três anos na época da faculdade. E o Adenilson já devia estar sondando ele já tinha um tempo. Ele já tinha topado também. Ficou foi um pouco sem graça quando me viu, meio como se eu tivesse pegado ele chifrando minha irmã, mas como eu tava no meio do serviço, e com aquela máscara ridícula que o Cleiton me fez usar, acabou que a gente criou uma certa cumplicidade depois. Mas de todo jeito fui tirar satisfação com ele também. E ele fez uma cara muito natural e só disse que com mais gente o churrasco ia ficar mais animado. Parecia que pra ele o trem já tava normal mesmo.
Essa questão da máscara foi interessante também. Eu queria usar uma coisa que denotasse brasilidade, tipo um cocar, umas pinturas faciais, ficar meio que um índio antropófago, sabe, tipo, “só a antropofagia nos une”. Um trem bem brasileiro. Mas a idéia era outra, ai botei aquela cara de gringo feliz, naquele papelão horroroso e que atrapalhava a comer. Mas vi depois que ficou legal. Aquelas figuras branquinhas, com uma boca grandona e o sorriso sempre aberto deu um toque mesmo no clipe. Parecia um churrasco normal deles, onde tudo corria bem e todo mundo estava feliz. A gente até fez o churrasco no estilo parrilheiro para parecer mais com o jeito deles de fazer churrasco. Filmamos umas duas horas e meia de churrasco e depois o Robertinho mesmo fez a edição, com todo mundo igual papagaio de pirata no ombro dele, só dando palpite.
A escolha da música foi do Adenilson mesmo. Ele gostava de Ramones, e falava que era a banda que estava mais associada com a esperança que ele conhecia. Ai foi a what a wondefull word com o Joey Ramone cantando. E tinha meio que a ver com a guerra também, porque tinha sido usada na guerra do Vietnam. E tinha tudo a ver com nosso churrasco também.
A cena final, do cachorro, foi meio que feita sem planejamento, pois as cabeças tinham ficado lá dando bobeira, e os cachorros aproveitaram né. Eram uns vira latas que ficavam por lá, e acho que ninguém conhecia. E se conhecia não ligaram o vídeo a eles. A gente matou os cachorros depois com medo disso acontecer, mas acho que nem precisava. Mas a cena deles comendo as cabeças já meio murchas dos soldados, e depois deles cagando - quer coisa mais feia que cachorro cagando - foram realmente um fechamento perfeito. Ai o Robertinho pôs a identificação dos soldados num montinho de bosta dos cachorros e um nos dos nossos. Hehehe, não vou dizer de quem não, hehehehehehe.
A frase final foi idéia do Adenilson. “Eles podem, nós podemos, você pode também”. Bem sucinto. A idéia era que a frase pudesse ser usada em pichações, e ser mais divulgada. Mas pelo visto funcionou.
O Robertinho tinha as manhas de fazer a editoração. E sabia como burlar as vigilâncias para colocar o vídeo na rede sem eles descobrirem de onde tinha saído. E modéstia a parte, ficou bom mesmo viu. Ao mesmo tempo que ficou muito chocante, acabou que ficou natural sabe, como se fosse uma coisa muito normal.
Nessa hora eu tive que tirar o chapéu para o Adenilson. A idéia dele de bomba psicológica funcionou mesmo. E melhor do que a gente esperava. Eu não gostava muito dele não, meio metido. Mas funcionou viu. E explodiu feito uma bomba mesmo. A violência lá fora foi grande. Os canibais enrustidos deram o ar da graça mundo a fora. E os outros psicopatas ficaram meio eriçados também né.
Mas o que a gente não esperava era que a violência ia explodir aqui também. Não só dos pretensos imitadores, na maioria um povo despreparado, que ia nisso mais só de doidera do que de qualquer coisa. O grande impacto, eu acho que até mais que o da bomba lá fora foi o do desespero deles aqui dentro. Eles começaram a ficar mais violentos e menos tolerantes com o pessoal, tipo, meio paranóicos. Aí tratavam mal os colaboradores. Todo mundo era inimigo. Até tentaram proibir os soldados de assistirem o vídeo, mas, como a gente planejava, era uma bomba né. E Espalhou.
O namoradinho da minha sobrinha já ficou meio abalado e parou de ir na casa do meu cunhado, hehehe. Mal sabe ele. O Leo já devia ta olhando ele como se olha um pedaço de bife, hehehe.
Ai a gente ficou na miúda um tempo e esperando para ver no que é que dava.
Não deu em nada.
Eles seguiram as pistas erradas. Achavam que eram os fedorentos. E foi lá pros lados de Juiz de fora também. Na verdade uns grupos deles tinham tido treinamento também de guerrilha e de fazer vídeo, e alguns setores da turma da resistência começou a fazer vídeos também e a colocar na internet igual a gente. E eles foram atrás deles.
O segundo vídeo foi feito uns três meses depois. Tinha uma carga pro estado do Rio e o Leo tinha trabalhado lá uma época, quando começou mesmo a exploração do petróleo em larga escala por lá. Ai ele conhecia a região e tinha uma reserva ecológica lá que devia estar as traças, porque era da rural e as universidades ainda estavam fechadas. Ai ele foi lá antes e dito e feito, tava tudo abandonado. Nem resistência, nem os gringos. Era meio fora de mão e pequenininho demais para alojar um grupo grande. E como passava do lado da rodovia, ia mais que dar na pinta se vissem gente morando lá. Pra gente que ia chegar, entrar e ir embora depois não ia ser muito complicado. Chega de noite, sai de noite. Teoricamente, o Adenilson estaria em Belo Horizonte olhando coisas da faculdade, ia pra lá de moto e depois voltava e continuava olhando o que tinha que olhar. Eu fazendo negócio. O Robertinho escondido comigo. O Cleiton para variar deveria estar em algum mato. A Cimara e a Neide viajando para internar o filho em outro hospital, pois estava piorando de novo. E o Leo defendendo algum cliente por ai no estado.
Como eu disse, todo mundo estava meio anestesiado e não prestavam atenção em muita coisa não. E como a colaboração tinha diminuído ai é que não prestavam atenção mesmo. Só o Julio que prestou.
O Julio queimava a rosca, e era da turma dos descabeçados amigos da Cimara. Ai, quando teve o trem lá com o menino dela, ele ficou mais amiguinho ainda e ficava consolando ela. Ai acabou desconfiando de algo.
Tem uma coisa também. Nestes três meses, depois da gravação do primeiro clipe, as coisas acabaram saindo um pouco da linha sabe. A Cimara, sem juízo. A Neide, que era irmã mais nova, não ficava muito pra trás e acompanhava a irmã. Ai o Adenilson e Cleiton acabaram entrando no esquema. Até eu, mas menos. Mas era tudo escondidíssimo. Mas esse é o tipo de coisa que numa cidade pequena todo o povo acaba sacando. Hoje vejo que foi até uma coisa de certa forma boa, pois a malícia do povo parava por ai. Ai qualquer encontro e a coisa já tava explicada. Mas o Julio sacou que tinha mais coisa no meio.
Ele era bem do tipo do filho dela. Mimadinho. Mas não era uma bichinha, tipo mosquitinho elétrico não. Era aqueles viado grandão, que faz Jiu Jitso. Ai ele desconfiou e acabou puxando assunto com a Cimara disso, e um belo dia ela leva ele nos esquemas delas com o Adenilson e com o Cleiton, e de lá eles me chamaram e chamaram o Leo também. E colocaram ele no esquema. Foi a segunda vez que eu arrependi de ter mexido com isso. E fiquei com raiva do Adenilson de novo porque ele tinha chamado a Cimara, que sabia que ela era muito sem noção. Mas o rapaz era mais esperto que eu imaginava. Na verdade ele tinha até mais maldade que a gente em muita coisa. Coisa de viado.
Bom, mas ai ele acabou indo com a Cimara e a Neide levar o menino dela pro hospital no Rio. O Leo foi pra rural e viu que tava tudo certo e ficou lá esperando a gente. Eu e o Robertinho fomos pro Rio e esperamos o Cleiton e o Adenilson. Ai a Cimara mandou o Leo e ficou esperando com a Neide no Hospital.
Como a rural ficava perto da divisa com São Paulo, a gente resolveu seqüestrar o povo lá, e levar pro Rio pra dar uma despistada. A idéia era fazer a mesma coisa de antes e fazer mais um vídeo de canibalismo, mas dessa vez teve um incremento a mais. O Julio foi num barzinho gay, e arrastou dois gringuinhos com ele. Ai que foi que veio a amiga. Tudo soldado querendo farra. E como eles serviam em Aparecida, que naquela época era um dos focos da resistência e estavam meio longe, deviam ter uma folga maior.
Bom, ai a gente levou eles para o galpão lá na rural, no caminhão mesmo. E o resto do povo foi pra lá também. Começamos a preparar o churrasco com um deles, mas como a coisa já estava meio sem linha, passou para sem linha e meia. E a soldadinha era até bonitinha. Ai a gente resolveu aproveitar dela antes, ou melhor, durante o churrasco. E foi daquele jeito que você deve ter visto.
A cena das mulheres tentando aproveitar do cara foi idéia da Neide, que ficou meio puta com o fato da gente ta comendo outra mulher na frente dela. Mas como o cara era viado, e a gente tava fazendo churrasco com o amigo dele, claro que não funcionava né. Ai foi que ela deu aquele tapa na cara dele. Mas como elas estavam levando na gozação, fizeram aquela alteração na máscara com baton e maquiagem mesmo, tirando o sorriso e botando a cara triste. Ai o Julio que tava ajudando a filmar colocou uma das máscaras de mulher e falou que ele também tinha o direito de participar.
Ele me deu a câmera mas eu passei pra Cimara, que eu não queria ver aquilo não. E a Cimara gostou viu. Ficou louca. Passamos aperto pra sossegar ela, até o Julio teve que encarar também. Ai depois como a gente já tinha comido um deles, os outros dois a gente não queria comer não, mas o Cleiton pegou o outro soldado e me chamou pra tirar o lombo dele pra gente fazer lingüiça e dar pro povo lá em casa. Lingüiça do estado do Rio. Ai tiramos o lombo e a picanha do cara e botamos no isopor com gelo que tava a cerveja, e levamos pra casa pra fazer a lingüiça lá no sítio. Ia ter que ter outra festa depois dessa pra continuar o que tinha começado.
A mulher a gente só matou. E enterramos eles lá mesmo. O resto do material todo foi jogado fora na estrada aos poucos. Um pouco aqui outro ali. Não sei se foi uma boa idéia, porque a gente fez uma bobagem que era não jogar o material num trajeto diferente do que a gente ia fazer pra voltar pra casa. Fomos voltando e jogando. A gente tava ficando meio descuidado. Também, tava todo mundo muito doido já. A ala jovem tinha levado outras coisas alem de cerveja sabe.
Bom, mas ai os gringos começaram a desconfiar. Porque o primeiro tinha sido com o povo de Juiz de fora. Depois, no estado do Rio, embora o povo fosse de São Paulo. Não noticiaram nada, mas eles devem ter descoberto os corpos e os restos da festa na estrada. A gente não queimou eles como fizemos antes para não chamar a atenção, porque onde a gente tava teoricamente não tinha ninguém. E fumaça em universidade era menos de cinco minutos para eles chegarem. Mas isso eu não sei, a gente só ficou meio desconfiado. Ai a gente ficou mais quietinho. Mas isso foi umas duas semanas depois quando apareceram sondando na região toda. Ai a gente já tinha comido a lingüiça, feito o resto até cansar, já tinha tomado todas e tava meio ressaqueado de tanta festa. E tava meio que normalmente já quieto.
E a gente já tinha editado o filme e colocado na rede. Acho que foi isso que salvou a gente, porque muita gente fica meio receosa de comer gente sabe, mas comer no outro sentido, não fica muito não. E a bomba explodiu outra vez e dessa vez foi mais forte. Não só no sentido de estimular mais gente a partir pra loucura também, o que aconteceu né, mas no sentido da reação do soldados contra a população.
É uma coisa que é meio engraçada. Acho que o canibalismo era uma coisa tão fora das possibilidades pra eles que eles ficaram mais pasmados do que qualquer outra coisa. Agora, de estupro os filhos da puta entendiam. Aí é que parece que caiu a ficha. Acho que eles ficaram mais putos foi com isso. E no clipe a gente foi bem também né. E o cara deles tava lá, não resolvendo. Sabe, isso parece que mexeu com os brios deles. E a única resposta que souberam dar foi descer a porrada.
Tinhas os com sangue frio, que estavam procurando a gente. Eu vi um deles, porque teve reunião com o pessoal do Rotary onde ele foi apresentado como coordenador regional de desenvolvimento econômico durante a ocupação. Eu conversei com ele, tentei fazer negócio, hehehehe. O cara viu que eu não gostava dele mas pensou que eu era só mais um dos filhos da puta puxa saco que tinham entrado tarde no esquema e que agora tinham mais é que se fuder correndo atrás do prejuízo. Então, era natural que eu não gostasse dele, e ele sacou isso. Mas foi só isso. Mas o cara era esperto demais viu. Dava pra ver nos olhos dele que ele sabia que a coisa estava por ali. Provavelmente os filhos de um de nós com alguns soldados. E que a gente sabia que eles estavam enfiados em alguma merda de resistência mas que a conversa era naturalmente evitada, e os pais faziam corpo mole, principalmente os que colaboravam, pois queriam alguém com moral dentro da resistência para proteger eles depois que a guerra acabasse, ou evitar ser atacado por eles. Eu como não conseguia ser um dos que lucravam colaborando, por ironia do negócio, era menos suspeito.
Mas o que eu queria falar é que o cara era inteligente, mas de que adianta um cérebro frio e calculista quando os olhos, os ouvido e o resto todo está completamente louco. O cara ficava meio sem informação direito para investigar. E os soldados estavam mal com o segundo vídeo. Aliás, estavam mal com os outros vídeos que outras pessoas vinham fazendo também, mas esse, com as nossas carinhas de novo, como eu disse, parece que fez cair a ficha do primeiro, e eles ficaram doidos. E modéstia a parte, os nossos eram incomparavelmente melhor do que os outros. Olha só, a gente comendo a soldadinha como se fosse brincadeira de churrasco, tocando I love You do Johnny Thunders, com os Ramones cantando, depois o tapa e o Julio entrando com a máscara de mulher, a gente servindo o lombo e a picanha que tinha tirado do outro soldado e tomando cerveja, e não teve aquela coisa do cocô depois não, que era um trem meio de mau gosto mesmo. Só a gente feliz, tocando violão, e a soldada com a bunda pra cima ao fundo. A gente conseguia inovar. Acho que isso provoca mais ainda. Era uma coisa artística. E eles só sabiam meter porrada em quem aparecia por perto. Acho que a gente fez eles se sentirem gentinha.
Mas tanto funcionou que o namoro da minha sobrinha acabou. Antes ele tinha ficado mais quieto, mas de certa forma tinha superado, e os dois tinham até ficado mais cúmplices um do outro, acho que foi ai que ela começou a dar pra ele. Mas depois dessa acabou. Imagina a alegria do Leo. E isso minou muito a colaboração, principalmente em Minas, que onde eles estavam mais desconfiados. E de certa forma era onde eles precisavam mais da colaboração pra manter a ocupação né, por causa do grande número de municípios. Ai, tomando porrada, ou tendo as mulheres da família desrespeitadas, o povo foi parando de ajudar. Dava comida com laxante e tal.
Mas isso era só uma ajuda, quem ganhou mesmo foi o exército, ou o que sobrou dele. Ele foram muito bons viu. Principalmente na floresta e nas cidades grandes. O povo de São Paulo e de Porto Alegre estava fazendo um estrago mesmo neles. Ai eles até podiam entrar, mas não valia pena ficar. E ficar onde mais interessava, né. O que que ia interessar ficar em Minas. Ferro? Isso era fácil controlar. Mas e as cidades. Não valia a pena, não sem colaboração.
Tanto que eu acho que o terceiro vídeo era desnecessário. Eles já iam perder mesmo. E a gente tava meio ressaqueado com aquilo tudo. Principalmente a putaria. Aquilo acabou começando a causar problemas com nossas famílias, porque as mulheres estavam meio que sabendo. Isso era até mais aceitável nessa época porque tava todo mundo meio que sem noção moral. Acho que isso era por causa da sensação de impotência que a gente sentia com a ocupação. A gente acaba perdendo um pouco a dignidade com isso. Então os casos extraconjugais estavam mais em moda na época. Mas mesmo assim isso era ruim para as nossas famílias, e principalmente as nossas mulheres. Uai, minha irmã parou de conversar comigo. Por causa do Leo. E ainda brigou com minha mulher, que coitada, não tinha culpa nenhuma. Mas a coisa estava desgringolada e isso deixava a gente um pouco irritado e de mal humor. Fora a encheção de saco da ocupação, tinha a mulher dentro de casa enchendo o saco também. Ai tudo eu tinha que reclamar do que tava faltando com a ocupação, mas não reclamava porque tava todo mundo no mesmo barco, apareceu. Ai tava uma merda.
Foi nesse estado de espírito que a gente acabou fazendo o terceiro. Foi um trem quase que contra a vontade, mas só pra descontar a raiva mesmo. E foi também em função da própria percepção deles sobre o caso. Foi o Cleiton que viu. Acho que em um congresso deles lá. Parece que a interpretação deles sobre o fato era de uma herança cultural dos brasileiros sobre a antropofagia, e que isso era coisa de brasileiro, como se a gente fosse canibal por cultura. O cara que eu encontrei lá no Rotary não, ele sabia que era uma questão de guerra. Era coisa bem objetiva. Mas o resto dos gringos ainda não tinha entendido muito bem a situação. Tinha caído a ficha do que estava acontecendo mas os filhos da puta não conseguiam entender o que era mesmo. Pelo menos não no discurso, porque no sentimento eu acho que eles já tinham entendido sim. E olha que era um trem fácil de entender né. Eles podem tudo, nós podemos também, e vocês também podem. Quer mais fácil que isso.
Mas ai o Cleiton apareceu com a interpretação deles que era a de uma herança cultural indígena, que tinha a ver com rituais religiosos e tal. E tinha um vídeo feito fora, onde uns malucos que mexiam com negócio de culto do demônio que tinham pego uns lá também e torturado e comido. Mas tudo de maneira extremamente ritual, com umas velas e uma figura de bode. Trem macabro demais. Mas essas coisas muito macabras eu acho que acaba que não surtem tanto efeito, porque a pessoa bloqueia. E tinha a questão religiosa também. Era meio foda enfiar religião no meio do negócio. Eu nunca liguei muito não. Mas na hora do aperto eu sempre fui na igreja.
O Cleiton era metido a comunista e não acreditava em Deus, e ainda xingava. Hehehe, xingava Deus mas não acreditava que ele existia. Vai entender né. O Adenilson não ligava. Nem ruim nem bom, não fazia diferença pra ele. As meninas e o Julio só lembravam na hora do aperto também, e eram meio que exagerados na fé, para depois esquecerem completamente e seguirem fazendo bobagens até o trem ficar meio feio de novo. Ai eles acreditavam outra vez. O mais religioso era o Leo, que era protestante, e ia sempre na igreja. Mas parece que apesar dos dramas ele ia levando isso mais ou menos na boa. Devia ter tido uma conversa com Deus e resolvido isso entre eles lá.
Mas então era isso. Mas o fato é que a gente estava meio abstraído disso na época, e a intenção não era tanto religiosa não, era mais na idéia de bomba psicológica mesmo, mas agora no sentido reverso: ao invés de atiçar a imaginação dos psicopatas deles, era a de atiçar a imaginação dos normopatas deles. E como eles estavam perdendo a guerra, e muita gente voltava para casa, foi nesse ponto que a gente resolveu investir.
A questão da religião entra no fato da gente ter aproveitado o vídeo dos caras lá do satanismo, onde aparecia um bodão que era o demônio. Mas no nosso caso, a gente não tinha nada a ver com demônio não. Eles é que eram os demônios, aquele bando de filho da puta.
Bom, ai entra o mal humor, a ressaca, a encheção de saco das esposas, o fato deles estarem perdendo e tocando o foda-se para fingir de libertadores... os filhos de uma égua tava roubando muita gente nessa época, mesmo os aliados – e ai a gente fez o terceiro clipe.
A idéia da música tinha a ver com o fato deles irem embora, ou seja, de pegar o avião, ai a gente colocou o “I wanna be sedated”. Isso acabou dando a idéia do resto do clipe também, porque como na música fala do “eu não consigo sentir meus dedos... e tal” a gente resolveu cortar as mão e os pés do soldado que a gente tinha pegado, e a cabeça também né, e trocar com o de um bode velho que a gente viu solto na estrada uns dias antes. A gente já tinha pensado no bode quando viu ele na estrada por causa do filme dos caras lá do satanismo, mas as coisas foram juntando quando a gente escutou a música, e resolveu criar a figura que era o soldado-bode-derrotado, que voltava pra casa, pra fazer merda. Ai a gente colocou aquelas idéias no meio.
A gente queria primeiro era colocar a cabeça do bode no soldado, ai veio as patas também. Mas como tinha sobrando uma cabeça, duas mãos e dois pé a gente costurou elas no corpo do bode que tava sobrando também e eu e o Cleiton amarramos umas cordas de pescar nele e fizemos o marionete que aparece no fundo do vídeo, fazendo o número de circo com a bola. A idéia do sorriso na cabeça do soldado foi do Adenilson, o que aliás achei de mal gosto, mas ele falou que ia dar mais impacto. Tipo assim, a idéia era o povo achar que como a cabeça, as mão e os pés iam ficar aqui no Brasil, eles estavam felizes. Só o soldado com cabeça e as patas de bode, que era o que ia voltar, estavam bravos.
Isso tinha a ver e ia ser que uma coisa meio que subliminar, no fundo do vídeo, só para ressaltar a figura do soldado bode que a gente ia alimentando e treinando para voltar e fazer merda. Eu pessoalmente acho que a cena da Cimara dando carinho pro bode com a cabeça de gente no fundo da tela, com ele com aquele sorriso exagerado, chama mais atenção do que o soldado bode e o Adenilson mostrando o mapa dos gringo com uma faca e apontando pro cartaz com a missão. Aliás, essa parte eu posso falar que eu contribuí mais. O Adenilson queria que colocasse destrua os nossos inimigos. Eu pessoalmente fiquei até meio surpreso com a ingenuidade dele. A essa altura do campeonato né. A idéia de colocar o “mate todos aqueles que você ama” no cartaz foi aceita na hora. Eu acho que eu por estar mais de fora da confusão deles estava com a cabeça mais no lugar. Raciocinando mais friamente sabe.
Mais ai foi isso. A gente matando o cara, costurando a cabeça e as patas de bode nele, alimentando e treinando ele e mandando ele de volta. E a mesma coisa com o bode, costurando a cabeça do soldado nele, as ,mãos e os pés, treinando como um bicho de circo, dando carinho e ficando com ele pra gente. Ai botamos a “i wanna be sedated” e foi do mesmo jeito que as outras.
Bom, essa não dá para saber se fez efeito né, porque a guerra acabou logo depois, e a gente não acompanhou muito com os soldados aqui perto da gente. Mas eu acho que eles já estavam tão desnorteados com a coça que eles estavam começando a tomar que qualquer tapa tava valendo. Mas de todo jeito deve ter feito efeito na moral deles também né. E como era para afetar o povo normal deles isso deve ter sido muito mais a longo prazo e sutil do que era no caso dos malucos que saiam matando o outros e comendo e fazendo satanismo que a gente tinha atiçado. Mas as vezes esse é o que dói mais né.
Mas de todo jeito acho que era desnecessário, e foi meio que covardia. Além do que eles podiam ter apelado e jogado umas bombas atômicas aqui também né. Ai eu acho que foi um risco desnecessário ter provocado desse jeito... bom, eles não voltaram mais a invadir ninguém pra essas bandas também, e ficaram mais pianinho com a gente. Deve ter valido de alguma coisa.
Não, nessa a gente não comeu o cara não; nem o bode. Já comeu carne de bode? É ruim demais.