A Cidade Transversal - Parte I - Sentimentos Vagos
O Projeto Cidade Transversal, para maiores explicações, veio a partir de um conto de um jogo no qual dividi em 6 partes e, até agora, ainda não terminei.
Agora quero mostrar a vocês como foi o inicio desta ideia e, espero, em breve ter uma conclusão desta primeira história. Esta primeira parte não mostra a cidade per se, mas o começo da aventura para onde o heroí, no qual é personagem do meu jogo, iria parar. Espero que gostem desta primeira parte chamada de Sentimentos Vagos.
================
(USS Bishop, Ponte de Comando, Cap. Summers, 2410.2905.1925)
A USS Bishop finalmente tinha chegado ao Complexo Espacial Deep Babylon, uma instalação criada pela Frota Estelar para firmar base militar da Federação na longínqua Galáxia de Aquário, que fica uma distância de 200 milhões de anos-luz da Via Láctea.
Como, então, era possível que as naves da Federação tenham conseguido chegar até ali? Tudo havia começado nos anos de 2900 quando uma nave, conhecida àquela época, como USS Bishop-G, de Classe Wells, entrou no Continuum Q e, assim, fazer o Primeiro Contato Oficial com aquela raça entre a Federação e eles, isto aconteceu, de fato, porque o Continuum havia sido proibido, em algum momento no sec. XXV de continuar a interferir nos assuntos dos seres viventes da Via Láctea.
Então quando isto realmente aconteceu uma bela de uma confusão havia sido formada. Alguma nave do Séc. XXXII foi levada ao passado do Sec. 24 e entrou em combate direto com a USS Bishop NCC 77201 e a USS Bishop-A, sendo destruída, em seqüência.
Os restos da nave foram conduzidas para um setor esquecido além da Expansão Typhoon e lá se deu inicio ao Projeto Bishop que serviria para combater a grande ameaça dos Borgs que crescia dia a dia e a Guerra se formou em 2390 com a destruição da USS ShadowRunner.
No setor secreto, foi criado a Base X e com os dados encontrados nos restos da nave do século 32, acabou-se por achar um hyper portal que fazia a ligação entre a Via Láctea e a Galáxia de Aquário. Em primeiro momento achou-se que aquilo era um evento natural, mas, após anos de exploração na Galáxia de Aquário, acabou-se por descobrir que uma raça, conhecida como Antigos (ou Aty) foram os construtores dos chamados StarGates - também encontrados na Via Láctea - e que com eles a humanidade se encontra no seu atual estágio de evolução.
Foram eles que criaram o Hyper Portal, juntamente com Ravish, a cidade-planeta no qual a Deep Babylon orbita e tantas outras maravilhas tecnológicas que a Frota Estelar descobre dia-a-dia na sua exploração na Galáxia de Aquário.
E foi desta forma que a Federação, enfim, conseguiu chegar naquele lugar. Com muitos mistérios desvendados e outros ainda por desvendar. Como, por exemplo, a associação entre os Antigos e os Zadows, como os Forasteiros chegaram na Galáxia de Aquário, o que era o Marco, na verdade, como os Zadows conseguiram desenvolver a Sangria, o que era Solaris, porque os Pacificadores, acima de várias outras raças, eram tão parecidos com os humanos e quem eram os Alterrans.
Por causa deles, muitas aventuras e desventuras a USS Bishop, Summers, a sua tripulação, a Deep Babylon e muitas outras naves já se passaram. Daniel estava por se lembrar da missão em Delvia, ou aquela outra em Sea'lol e outra mais em Arrakis, cada um com suas características próprias e marcantes e cada uma delas essencial para aonde estava agora.
Muitas perguntas, ainda, e poucas respostas, no entanto. E, neste ínterim, Summers apenas observava a nave ser atracada numa das muitas docas espaciais espalhadas no chamado Setor Babilônico. Segundo os atuais dados da Frota Estelar, ali era a terceira maior fábrica de naves estelares da Federação, perdendo, ainda, para as Docas de São Francisco e da Utopia Planitia.
Ali eram criados as mais diversas classes, como a Prometheus, passando pela Sovereign, a Intrepid, Akira, SteamRunner, Galaxy, Ambassador, uma versão refitada e melhorada da Constitution, a Constellation, Defiant e, até mesmo, as NX para missões de curtíssimas durações. Sem contar que grande parte das naves também eram reformadas naquele setor.
Daniel passou as suas últimas ordens para os oficiais a bordo que fariam a manutenção de nave. Dissera um passo-a-passo para a Vanessa Redhunter, a sua nova engenheira chefe, a respeito do núcleo subespacial e explicou como aquilo funcionava. Ele havia sido um dos desenvolvedores desta peculiar forma de conseguir energia e a explicação daquilo era relativamente simples.
Em seguida dera mais algumas poucas palavras para com o seu Primeiro Oficial. Para onde iria e quanto tempo ficaria fora, já que tinha muito a fazer além de ficar esperando a nave ficar pronta.
Summers: "Só espero que eu consiga estar de volta quando a nave estiver melhor." - Disse por último, apertando a mão de Sunders e saindo da Ponte de Comando. - "A ponte é sua Sr. Sunders."
(...)
Ele estava no seu alojamento. Devido a intervenção nos Pacificadores, muitas das suas coisas estavam espalhadas ao chão. Ainda tivera o tempo hábil para arrumá-las, mas, agora, tinha mais do que isso. Era hora de revolver antigos objetos e deixá-los relegados ao esquecimento, que era o lugar devido para eles.
Foi, aos poucos, alocando os objetos. Ali estavam roupas largadas ao chão que nunca havia usado. Fotos, quadros, livros entre outras coisas. No meio de toda aquela bagunça achou algo particularmente estranho a ele. Era uma foto com uma mulher. Ela tinha cabelos ruivos, olhos azuis claros e uma tez morena clara. Tentou lembrar sobre ela, mas nada vinha a sua mente. Seria uma parente distante ou algo mais?
Summers: *Algo que lhe arrancaram de sua alma e de seu coração.* - Pegou-se pensando nisso, será que, realmente, havia pensado isso?
*Ela esteve presente em sua vida por um tempo, mas como todo o resto, se foi, porque você deixou partir e tudo se tornou incompleto.* - Se era ele que estava realmente pensando porque ele conseguia distinguir um certo tom diferente naquele pensamento? Como algo mais estivesse ali.
O Capitão ficou observando aquela foto por um bom tempo. Forçou mais o que pode para tentar se lembrar dela e sabia que aquela moça na foto não era alguém que tratava como parente. O seu coração comprazia em dor e agonia por não conseguir se lembrar de alguém que, no seu intimo, parecia ser alguém tão maravilhosa e de uma beleza ímpar estonteante. Todo o seu corpo convulsionava e mais nada saía dali.
Summers: "Por que? Por que... por que..." - Gritou consigo mesmo enquanto batia com a palma da mão esquerda o lado esquerdo da sua cabeça como se quisesse fazê-la funcionar no tranco. "Você está aí, eu sei, mas porque nada sai? Pelos deuses, porque?" - E amassou a foto. E jogou-a no chão.
Pegou o colchão da cama e arremessou-o longe, em seguida pegou uma das cadeiras que estavam lá, quietas no chão, e jogou-a em
direção a parede. Gritou, urrou e, por fim, se encolheu perto de uma estante onde jaziam vários livros antigos, intactos apesar dos ataques dos Pacificadores.
Bateu a cabeça uma, duas, três, quatro vezes e um deles caiu em seu colo. Ele fechou os olhos e suspirou profundamente. Sabia que mais nada poderia fazer mesmo, não valeria a pena perder tempo com aquilo. Não se lembraria de mais nada, se é que houve algo com aquela moça.
Abriu os olhos e observou o livro que estava em seu colo, lá estava aberto em uma página que estava escrito a seguinte poesia:
E a morte perderá o seu domínio.
Nus, os homens mortos irão confundir-se
com o homem no vento e na lua do poente
quando, descarnados e limpos, desaparecerem os ossos
hão-de nos seus braços e pés brilhar as estrelas.
Mesmo que se tornem loucos permanecerá o espírito lúcido
mesmo que sejam submersos pelo mar, eles hão-de ressurgir
mesmo que os amantes se percam, continuará o amor
e a morte perderá o seu domínio.
Aqueles que há muito repousam sobre as ondas do mar
não morrerão com a chegada do vento
ainda que, na roda da tortura, comecem
os tendões a ceder, jamais se partirão
entre as suas mãos será destruída a fé
e, como unicórnios, virá atravessá-los o sofrimento
embora sejam divididos eles manterão a sua unidade
e a morte perderá o seu domínio.
Não hão-de gritar mais as gaivotas aos seus ouvidos
nem as vagas romper tumultuosamente nas praias
onde se abriu uma flor não poderá nenhuma flor
erguer a sua corola em direção à força das chuvas
ainda que estejam mortas e loucas, hão-de descer
como pregos as suas cabeças pelas margaridas
é no sol que irrompem até que o sol se extinga
e a morte perderá o seu domínio.
E, seguido deste poema, um outro pairava logo ao lado.
A luz irrompe onde nenhum sol brilha
onde não se agita qualquer mar, as águas do coração
impelem as suas marés
e, destruídos fantasmas com o fulgor dos vermes nos cabelos,
os objectos da luz
atravessam a carne onde nenhuma carne reveste os ossos.
Nas coxas, uma candeia
aquece as sementes da juventude e queima as da velhice
onde não vibra qualquer semente,
arredonda-se com o seu esplendor e junto das estrelas
o fruto do homem
onde a cera já não existe,
apenas vemos o pavio de uma candeia
A manhã irrompe atrás dos olhos
e da cabeça aos pés desliza tempestuoso o sangue
como se fosse um mar
sem ter defesa ou protecção, as nascentes do céu
ultrapassam os seus limites
ao pressagiar num sorriso o óleo das lágrimas
A noite, como uma lua de asfalto,
cerca na sua órbita os limites dos mundos
o dia brilha nos ossos
onde não existe o frio,
vem a tempestade desoladora abrir
as vestes do inverno
a teia da primavera desprende-se nas pálpebras.
A luz irrompe em lugares estranhos,
nos espinhos do pensamento onde o seu aroma paira sob a chuva
quando a lógica morre,
o segredo da terra cresce em cada olhar
e o sangue precipita-se no sol
sobre os campos mais desolados, detém-se o amanhecer.
Summers: "Dylan Thomas." - Falou consigo mesmo e ficou pensativo por vários minutos. "A luz de nossa alma é o farol de nosso caminho." - Terminou o seu pensamento.
Então ele se levantou e guardou o livro no seu devido lugar. Fechou a estante e, com uma chave que estava no chão, fechou a mesma.
Summers: *O tempo é tudo...* - Depois se deitou no sofá, o único móvel não destruído naquele seu quarto.
(...)
O seu sono não foi nenhum pouco tranqüilo e, tão pouco, breve. Os seus olhos, caso tivesse um observador por ali que estivesse pastorando Summers, se mexiam e remexiam numa velocidade quase alucinante. Parecia um sonho, não, um pesadelo era tudo que ele conseguia ter naquele momento.
Ele mexia compulsivamente os seus lábios que, se tivesse falando, talvez palavras desconexas saíssem deles. Parecia uma mistura interessante de Klingon, Mimbari, Português e Vulcano. Não se lia, em seus lábios, coisa com coisa. Até então que veio um único nome em sua boca e gritou com todas as suas forças.
Summers: "Callista... Callista..." - E gritou outras e outras vezes. E, então, acordou.
Estava completamente molhado de suor. A sua respiração entrecortada, assim como o seu coração.
Summers: "Callista?" - Perguntou para si mesmo. "Quem diabos é Callista?" - Aquele nome era bem familiar para ele, mas, ao mesmo tempo, completamente desconhecido. A lembrança estava na ponta da sua mente, mas, por mais que se esforçasse em tentar se lembrar desta moça, mais e mais esquecia do nome dela. "Callista." - repetiu-se. "Eu sei quem é você, mas você se esconde completamente de mim. Por que?"
E, naquele momento, se lembrou de outras pessoas que estiveram com Summers ao longo de sua vida. Alguns eram como pensamentos alegres e outros como uma tristeza ímpar, mas, pelo menos, elas estavam lá e ele podia lembrá-las como bem quisesse, diferente da Callista.
E, por mais estranho que possa parecer, se lembrou de um oficial, em particular, que lhe desafiou de todas as formas possíveis, Tompsom. E, por mais que não queira, sentiu uma certa tristeza por ver o nome dele no meio de tantos mortos no último encontro. Ficou em silêncio por um tempo.
Voz: *É hora.*
Foi até o seu armário e retirou o seu uniforme e vestiu-o. Tinha de ir. Sair dali. Seguir em frente. Ir além.
Continua...
==================
Para as outras partes acessem o meu perfil. Atualmente estamos na sexta parte.