A Longa Jornada - Parte 4
4ª fase – 2246 - 2269
Para Alex Werner Santos, superintendente geral do Conglomerado dos Planetas Unidos aquela estação era uma relíquia já quase esquecia pelo tempo, mas, como sendo o local onde a luta final contra os melacantes aconteceu a estação se tornou a sede do Conglomerado no começo daquele ano.
- Bem distante da Terra, de Garito, e de tantos outros bons planetas que poderiam ser a sede do Conglomerado. – Disse ele suspirando enquanto observava as muitas naves cruzarem o espaço naquela região, pois, devido o aumento de importância da Babilônia Profunda ali a economia trabalhava em nível acelerado. Então se virou e lá estava a sucessora da Governadora Ana Lúcia Merege.
- Se você não gosta daqui, Sr. Santos, você bem poderia voltar para a Terra e ceder o lugar para outra pessoa. – Disse Ana Silveira. – Nada melhor que trabalhar num lugar que gosta.
- De fato. – Disse com um tom de desdém. – Mas aqui é onde acontece a ação e, assim, quem sabe eu possa ganhar uma promoção logo, vamos direto ao assunto? – E sentou-se a cadeira a frente da Governadora. – O que lhe traz aqui a minha humilde residência.
- Politica. – Falou secamente.
- Sempre isto não? Por mais que avançamos em tecnologia, em viagens espaciais e em senso moral, continuamos a ter política e, consequentemente, burocracia em demasia. Quando é que pararemos de ter isso...
- Senhor intendente, creio que, por ora, não seja adequado filosofarmos acerca do que se passa na cabeça de outras pessoas. Estou aqui porque o senhor é a nossa ligação para o Conglomerado e, consequentemente, com a Frota Militar dos Aliados. Precisamos de mais oficiais.
- Mais oficiais? Mais do que você já tem por aqui? Para que?
- Fomos informados que uma força tomou doze setores a menos de duas semanas, próximos de Carph Adrön e Emir Adûn, duas das nossas colônias mais exteriores a uns cinco mil anos-luz daqui. Queremos um reforço para mandar uma expedição pelos portões para ver se esta ameaça é realmente concreta.
- Você assim a acha? – Perguntou com um olhar inquisitivo. – Pelos relatórios que eu recebo nada consta de ataques ou mesmo tentativa disto em nossas colônias.
- Porque elas já estão sendo controladas por essa força e ela está controlando a população criando uma aparente calma por lá.
Alex observou-a por um tempo. Tentava analisar o rosto da governadora para ver se havia algum plano secreto nisto, mas, até onde pudera analisar nada havia, nada constava. Sorveu, então, um pouco do café que estava na xícara na mesinha de centro e ofereceu um pouco para a Governadora.
- Não, obrigada. – Respondeu. – Então, vai nos ajudar?
- É um processo um tanto demorado, sabe. – Tomando outro gole. – A confiança de um ser humano para outro demora um bom tempo para se construir. É como o café. Se você quer um bom, precisa ser feito com grãos orgânicos e naturais e não estes que fazem crescer espontaneamente nos Jardins Hidropônicos daqui. – Continuou. – E isto leva a nos imaginar o porquê desta rapidez de criar grãos de café conquanto que se deliciar com ele é algo que requer tempo e paladar. – E sorriu para Governadora que estava sentada esperando pacientemente uma resposta. – Claro, porque não? – Então se levantou e ficou observando mais uma vez o espaço profundo de sua sala. – Uma comitiva de quantos soldados?
- Duas dezenas de milhares, no mínimo.
- Para explorar o espaço profundo em busca de um inimigo invisível?
- Sim.
- Você sabe que isto pode demorar mais tempo do que, possível, teríamos, não é?
- Talvez, mas precisamos deles mesmo assim. Se não pudermos explorar os locais dos ataques, que fiquemos, pelo menos, preparados com o que pode acontecer. – Falou com seriedade. – E estamos perdendo tempo com isso só em discutir uma ação afirmativa.
- A minha assistente Daniela Karasawa entrará em contato com você Governadora. Tudo bem?
- Fico agradecida por nos ajudar Intendente. – E se levantou saindo donde estava ele.
Então Alex retirou algo do bolso. Era uma espécie de videopadd. Digitou alguns comandos e uma imagem apareceu em seguida. Era uma mulher com uma voz suave, mas, ao mesmo tempo, áspera.
- Ela desconfia de alguma coisa? – Perguntou Rita Maria Felix que estava do outro lado da linha, a sua esquerda e a sua direita havia dois homens.
- Por enquanto não. – Disse Santos. – Ninguém desconfia de nossos movimentos.
- Ótimo, mas, por quanto tempo isto continuará, não sabemos, temos de continuar com os nossos planos. – Falou de uma maneira sorrateira. – Os meus associados Andreas Weider e Sandro Tomassomi estão indo para Babilônia Profunda ajudá-lo a continuar com os nossos planos.
- Sim senhora.
- Ele Te Ama. – Disse Rita ao desligar.
Quando Santos se virou lá estava outra pessoa olhando diretamente para ele.
- A quanto tempo está aí? – Perguntou ele.
- O suficiente. – Disse o homem.
- Você bem sabe que não pode evitar o inevitável, não é? Por mais que tente, o que está para acontecer é o que deve acontecer. A Onda não pode ser detida por barragens criadas pelas mãos humanas. A Convulsão irá corromper os corações e a Esperança sobre ele é tudo o que restará para os mortais.
- Louco. – Foi tudo o que respondeu o homem.
- Um louco Fanático, talvez? Se assim o chama mate-me agora e reze para que as Atrocidades que viram a seguir não levem os seres humanos aos seus instintos mais Básicos, mesmo que acabe comigo a Raiva o possuirá e Incitará a você a Cometer Atos que nunca ousou fazê-los antes. – Ele sorriu enquanto buscava outra xícara de café. – Você precisará escolher um lado ou vai jogar um Dado e decidir em que lado vai Estar? Mas não fique muito tempo Sentado, esperando. Faça o que tem de fazer. E vá viver o seu Sonho idílico que você preveniu um ataque.
Ao longe, o espaço profundo. As naves transitavam de lá a acolá. Indo e vindo sem parar. E, ali, numa janela onde um homem observava diariamente o singrar daquelas naves, se algum observador estivesse olhando naquela hora, viria um brilho tomar a janela por alguns segundos e, depois, desaparecer por completo.
Mas não havia ninguém para ver aquilo.
(...)
Links, copie e cole no seu navegador.
A Longa Jornada - Parte 1
http://www.recantodasletras.com.br/contosdeficcaocientifica/2431311
A Longa Jornada - Parte 2
http://www.recantodasletras.com.br/contosdeficcaocientifica/2433068
A Longa Jornada - Parte 3
http://www.recantodasletras.com.br/contosdeficcaocientifica/2435156
A Longa Jornada - Parte 5
http://www.recantodasletras.com.br/contosdeficcaocientifica/2438985
A Longa Jornada - Parte Final
http://www.recantodasletras.com.br/contosdeficcaocientifica/2441442