OS INVISÍVEIS - PARTE 7 - Final

O Blue Moon Paradise ficava numa discreta rua do Morumbi. Hélio esgueirou-se com cuidado para não esbarrar em ninguém. A porta era guardada por um segurança nada amistoso. Um verdadeiro brutamontes. Ele aproximou-se imaginando um meio de ludibriar o grandalhão. Um carro estacionou e uma das meninas da casa desceu e caminhou para junto do segurança. Falou qualquer coisa com ele e Helio viu aí uma chance. Jogou uma pedra em uma janela lateral desviando a atenção do segurança. Enquanto ele conferia a garota empurrou a porta. Hélio aproveitou e enfiou-se para dentro quase tocando na menina. Viu-se então com o corredor livre. Andou sempre esgueirando-se e de repente uma garota usava um spray pulverizando o ar com algum perfume. Hélio parou a observá-la enquanto ela juntava do chão uma nota de R$50,00. Olhou em volta e levantou o vestido. Pegou a nota dobrou e arriando a calcinha a colocou em um estratégico bolsinho interno. Ele esqueceu sua condição e riu. A garota apavorou-se e saiu em disparada. O som de música ambiente denunciava à esquerda um salão onde alguns fregueses bebericavam em companhia de uma verdadeira seleção de mulheres bonitas.

Uma mulher de aproximadamente 30 anos, ainda muito bonita e sofisticada vinha à mesa dos clientes e os cumprimentava. Certamente era a dona do local. Um dos garçons aproximou-se e falou algo quase ao seu ouvido. Ela desculpou-se junto ao cliente e saiu pela porta lateral. Hélio a seguiu com cuidado até que ela penetrou no que deveria ser seu escritório. A porta estava entreaberta e Hélio aproveitou. Ao entrar, uma ampla sala com sofás caros finamente decorada e em um deles sentada estava nada menos que Denise. A tenente Denise, namorada de Hélio em pessoa. O que estaria fazendo ali? Seja o que for, preparou o gravador.

– O que você está fazendo aqui? Onde está ele?

– Ruth. Escute! Deu tudo errado. O Patchenko não deu conta do recado e está morto. Lourdes e Rachid foram apanhados. Ra...quero dizer, o Condor! Pediu para você preparar tudo. Vamos nos mandar ainda hoje. Ele virá dentro de duas horas.

– Ok! Vou tomar as providências. Vá para a suíte 1. Espere lá. As duas saíram e Hélio resolveu enviar uma mensagem para Raiska. Falar ao telefone seria arriscado.

Sentia um misto de ódio e repulsa por aquela com quem quase se casara.

– Ra...o Condor. Raupp? Claro! Hélio tinha agora certeza. O condor era nada menos que Raupp. Mas por que o mandara investigar? Lembrou das palavras de Denise. “Patchenko não deu conta do recado”.

– Claro! Ele deveria ter matado a mim e Raiska.

Raiska recebeu a mensagem de Hélio e preparou uma verdadeira blitz. Aguardaria o sinal dele para invadir o local.

Hélio resolveu recostar-se em uma das poltronas. Ali deveria ser o local onde o Condor se encontraria com Ruth e Denise. Esperou cerca de uma hora e meia até que Raupp entrou na sala acompanhado de um segurança.

– Dona Ruth já está vindo. Falou o rapaz afastando-se. Raupp olhou em volta, parecendo surpreso repentinamente a pistola 45 militar surgiu em sua mão. Ele virou-se para Hélio e falou.

– Boa noite major! Nem imagina o prazer que tenho em vê-lo. Só que você está invadindo propriedade privada. Helio sentiu o sangue gelar em suas veias. Como ele o estava vendo? Bem! Não havia tempo para descobrir. Hélio virou-se e falou Raiska? O general distraiu-se por um momento. Foi o suficiente para Hélio atingi-lo com um tiro no peito. O general rodopiou e atirou atingindo Hélio no ombro. Hélio então disparou novamente. Logo o espocar de tiros denunciava a presença de Raiska e sua turma invadindo o local. A ação durou poucos minutos e logo estava tudo sob domínio da treinada tropa de assalto. Raiska entrou ainda segurando sua arma comas duas mãos. Ao que Hélio falou.

– Relaxa! Está tudo acabado.

– Eu estou vendo você! O que houve?

– Ainda bem! Pensei que aquele cretino tinha algo de que não soubéssemos.

– Como está seu ombro?

– Nada que uns curativos e um pouco de carinho não possam resolver. Ela lançou-lhe um olhar cujo significado bem que ele conhecia.

– O efeito da invisibilidade então acabou assim de repente?

– Acho que sim. Significa que este projeto tem que ser reformulado. Se eu não estivesse armado à esta hora estaria morto. Falar nisso como está a Denise?

– Lamento! Ela morreu durante o ataque.

– Não lamente! Às vezes apenas pensamos conhecer as pessoas. Não sei como ela conseguiu durante tanto tempo agir de maneira que eu nem sequer suspeitasse de algo errado. Sabe com que estou preocupado? Com o Nero! Será que o efeito acabou pra ele também?

– Logo saberemos! Você precisa de uma licença para tratar o ombro e eu obviamente precisarei cuidar de você então...

Claro que esta licença durou mais de trinta dias. Nero estava saudável e os recebeu com todo aquele carinho que só os cães conseguem demonstrar embora façam isso quase sempre lambuzando de saliva o dono todo.

FIM

Lauro Winck
Enviado por Lauro Winck em 04/08/2010
Código do texto: T2417713
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