Projeto Cidade Tranversal: A Procura
- Às vezes a distância nos destroi a vida. - disse uma moça que estava sentada numa pequena escadaria que levava ao Bar do Fox, um dos locais mais movimentados da Cidade Transversal, junto a ela estava uma pequena garrafa de cerveja de uma cor azulada e um homem que parecia não ouví-la atentamente. - Onde eu vivi, por um bom período de tempo, sempre tive um problema com a distância. Conhecia pessoas interessantes, fascinantes, nos quais sempre quis conhecer, mas nunca pude.
O homem fizera um “uhum” típico daqueles que pouco se importavam com o que as mulheres estavam dizendo, ou, pelo menos, assim fazia transparecer. Ele estava, naquele momento, fazendo alguns pequenos origamis com o papel que pegara do Bar antes de sair junto com aquela jovem.
- É, talvez você não entenda, já que vem de um mundo onde as distâncias não são tão limitantes. Onde num piscar de olhos você pode chegar em algum lugar, mas… que ainda se tornam ainda mais sozinhos do que no meu mundo. Parece até mesmo que quanto mais tecnologia nós temos, mais isolados ficamos. - E tomou um gole daquele líquido que lhe fez aquecer o corpo por alguns instantes naquele lugar frio.
O céu da Cidade Transversal ia e vinha de várias cores diferentes. Azul, lilás, verde, branco e, até mesmo, negro. E todas elas não interferiam com a iluminação que vinha de algum lugar e ninguém sabia explicar como. A própria origem da Cidade Transversal, ao longo dos tempos, jamais foi descoberta, ou, pelo menos, nunca foi dita de forma congruente.
- E mesmo aqui, ainda me sinto isolada. Tantas pessoas, tantas vozes e me sinto distante. Intocada. Sem sentir o que eu sempre quis sentir. - E soltou um sorriso meio amarelado enquanto tomava um outro gole. - Gostaria de sentir alguma coisa…
A pessoa que estava do seu lado dera-lhe uma pequena flor feita de papel e levantou-se.
- Muitas vezes aquilo que procuramos não estão nas distantes praias que ficam além do limiar. - E saiu seguindo a multidão que ali passavam em frente do bar.