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2040-1-A VIAGEM DE KELLY

Meu nome é Rogério Wilians Santana, filho de Kelly e Márcio Santana. Sou comandante de uma nave patrulha da Aliança Interplanetária que representa a união dos 3 planetas irmãos. Xkarpa, Nova Terra e Anul, antigo CP23. Tenho 31 anos e vivo atualmente com Annela, sobrinha de Maiha. Meu pai atualmente faz parte do conselho do comando de defesa junto a Krol e Adonan de Anul. Fazem agora 30 anos desde que começou o translado da população da terra para Nova Terra. O nome dado a terra 2 foi escolhido por votação popular, assim como Anul, decidido pelos habitantes de CP23, da mesma forma. Foi uma longa jornada e meu pai por decisão de Krol comanda uma das supernaves Xkarpanas que auxiliam no transporte. Ainda hoje, cruzam o espaço buscando as últimas levas que ainda são transportadas. A previsão é de que até 2043, a missão tenha chegado ao fim. Márcio Santana tem hoje 65 anos e atualmente, graças ao auxilio de Xkarpa a média de vida dos habitantes de Nova Terra é de 200 anos. Krol. Tem hoje 501 anos, mas aparenta uns 55 se comparado a nossa faixa etária. Os dois ainda são grandes amigos. Krol trouxe do Brasil a Claudia, mas, infelizmente ela morreu alguns anos atrás. Kelly com 52 anos, viajava com meu pai cuidando do sistema de comunicações. Maiha mãe de Marcio CVB8967 Santana, filho de meu pai faz ainda parte do controle da nave comandada por Krol. Ela e minha mãe eram grandes amigas. Muita coisa mudou quando a partir de 2025 novas descobertas ajudaram muito no desenvolvimento dos três planetas. A descoberta da existência de espaços-tempo paralelos teve grande influência no conhecimento do multi-universo, denominação atribuída aos infinitos universos paralelos. Permitiu-nos fazer contato com civilizações existentes nestes universos, convivendo em espaços unificados em uma mesma área de coordenadas universais. Agora uma das maiores ajudas vindas dessas civilizações, é um cristal magnético chamado Alpha Z, que implantado ao cérebro o coloca em sintonia com a inteligência desses universos, pois o multi-universo é sensível e possui uma forma avançada de inteligência que não podemos compreender, mas com o que podemos sincronizar nossas mentes. Isto permite que grandes naves espaciais, sejam construídas e operem em sincronia com a mente de seus comandantes. Isto também permite que as naves possam projetar cópias materiais de si mesmas em espaços-tempo paralelos. Isso já era feito há muito tempo por civilizações que estiveram em contato com a terra durante longos anos. Os discos voadores eram projeções desta natureza e isso era feito para alertar a população da terra sobre o perigo do desenvolvimento de armas atômicas que poderiam alterar a estrutura destas civilizações, vivendo no mesmo espaço da terra. O espaço está cheio de vida, de formas inteligentes e de matérias de constituição diferente da nossa. Dessa forma as projeções materiais das naves, podem atravessar nossas montanhas e surgir do outro lado, como uma nave fantasma. Isto tudo permite ainda que uma nave tenha compartimentos em um espaço-tempo acoplado, com dimensões maiores que a própria nave. Mas hoje é um dia triste, um dia que nem gostaria de lembrar, mas que faz parte desta história que transformou a vida de 3 planetas unidos em um único ideal. A evolução de três formas humanas, com pequenas diferenças, mas com o mesmo ideal. Tudo começou no dia 3 de Março deste ano. Eu vinha de uma missão de rotina onde fazia patrulhas em torno dos 3 planetas, inspecionando estações de defesa em órbitas estacionarias e monitorava o espaço próximo em busca de alguma irregularidade. Eram 6,00 da manhã quando a figura de meu pai surgiu no vídeo solicitando um contato. Quando a imagem surgiu na tela eu senti estremecer todo o meu ser. Ele tinha lágrimas nos olhos, o semblante abatido e chorava copiosamente, levantava os olhos para mim, mas sua voz não saía, ele tentava me dizer algo, mas não conseguia.

– Pai! O que houve?

– Sua mãe...

– Fale pai você está me apavorando, nunca o vi assim!

– Sua mãe... Fez-se nova pausa ele soluçava e parecia não conseguir continuar. Resolvi aguardar, deixa-lo chorar. Finalmente ele conseguiu dizer.

– Sua mãe! Ela não acordou esta manhã...

– Pai! Não! Isso não! Agora eu não consegui conter o choro, as lágrimas embaçavam meus olhos e a figura de meu pai parecia um borrão na tela. Fomos tomados por um silêncio onde apenas se ouviam nossos soluços. Annela que estivera à porta de entrada da cabine viu tudo e sentou-se no meu colo, abraçando-me e acariciando os meus cabelos. Também estava chorando muito. Ela gostava muito de minha mãe Depois de um longo silêncio perguntei.

– Pai! Como foi? Agora mais calmo, ele limpou o rosto com um lenço e falou.

– Ontem a noite sua mãe estava estranha, parecia adivinhar algo. Quando nos deitamos conversávamos a respeito do dia na nave, sem acontecimentos relevantes, apenas rotinas. De repente ela olhou-me nos olhos e falou.

– Márcio! Quando eu morrer, quero que meu corpo seja lançado ao espaço, assim como vocês fazem quando morre alguém a bordo.

– Mas, por que está falando isso agora? Você vai fazer este ano, 52 anos. Nossa expectativa é de que você chegue com a saúde que tem pelo menos aos 100.

– Você sabe que não é bem assim. È um ciclo que pegamos já andando. Não esqueça que nós nascemos na terra e está certo que a medicina do seu amigo Krol, tem garantido alguma expectativa maior, mas, não tanto. – Ok! Mas, você tem quase 52 e ainda é jovem.

– É, eu sei, mas, tenho pensado muito. Maiha tem agora apenas 45 anos certo?

– Sim, quando a conheci em 2015 ela tinha 20. Mas, porque este papo agora?

– Ora querido ela com 45 parece uma garota de 22 ou 23 anos, não esqueça que ela pode durar 900 anos. Sabe? Dias atrás nós tivemos uma conversa. Ela nunca negou que ama você, tanto que até hoje apenas esporadicamente ela aceita um companheiro, mas dura pouco sempre. Fiz ela me prometer que se eu morrer ela cuidará de você.

– Kelly! Estou achando esse papo muito estranho. Certo, eu gosto de Maiha, é uma mulher interessante, uma mãe dedicada, mas desde aquela última noite nunca mais voltamos a ficar juntos. Puxa! É você que eu amo. Você está sentindo alguma coisa?

– Não, apenas meditando. Meu pai levantou os olhos novamente e falou. – Eram 5,00 da manhã eu acordei com soluços dela, sua mãe estava chorando. Ela me olhou nos olhos e falou.

– Márcio me prometa! Que você vai fazer tudo que pedi ontem a noite! – Claro que prometo! Mas Kelly, pelo amor de Deus, o que você tem? Márcio quero que você saiba que foi o único amor da minha vida. Eu te amo muito! Muito. Eu a acariciei e lhe pedi que parasse com aquele papo, estava me dando nos nervos. Depois ela dormiu e quando levantei as 6,00 estava morta.

– Pai! Estamos indo para aí, eu e a Annela. Deixei o comando com Anuy, meu subcomandante e rumamos eu e Annela numa nave de apoio e penetramos na nave de meu pai pela escotilha lateral. Na sala de comando Krol estava junto dele e havia lágrimas em seus olhos. – O que disse a autópsia? Perguntou meu pai.

– Parada cardíaca respondeu Krol.

– Márcio não consigo entender, sua mulher era sadia, não apresentava qualquer sintoma de doença cardíaca. Sua fixa médica era limpa, não tenho como explicar. À tardinha, a cerimônia de despedida, Krol fez um breve discurso enaltecendo a mulher que fora minha mãe. Segundo ele, uma estrela que agora, como queria, pertenceria ao infinito habitat das estrelas.

Numa urna mortuária especial, hermeticamente fechada, apenas com uma viseira que permitia ver-se seu belo rosto. Sobre o visor, o símbolo da Aliança, com uma miniatura da bandeira brasileira, seu país de origem. Apesar de vivermos em Nova Terra sob uma única bandeira, os símbolos da origem de cada habitante vindo da terra era conservado como símbolo de um núcleo e não de um país. Ao sinal de meu pai. O corpo foi suavemente lançado ao espaço para uma viagem eterna. Minha mãe estava morta e todos nós consternados. Maiha agarrada à cintura de meu pai, chorava enquanto todos acenávamos em sinal de despedida. Minha mãe fora uma grande mulher e eu me orgulhava disto. Em pouco tempo a visão da urna mortuária se afastou e fundiu-se com o negro espaço. Seu corpo seria eternamente conservado e sua lembrança para sempre presente em nossas vidas.

Dias depois meu pai já refeito do golpe, veio ver-me, era um domingo e estávamos eu e Annela tentando decidir o que faríamos. Ele não era o mesmo, sorria pouco e parecia ainda sob o efeito da perda. Tentávamos anima-lo, mas ele parece que preferia lembrar de Kelly e tudo o que ela significara em sua segunda chance de vida. Ele nos contou toda a história desde que aos 70 anos acordara um dia no corpo de Márcio Santana, jovem piloto de formula 1 e como conhecera Kelly. Lembrou-nos do episodio das interferências de um universo paralelo que foi gerado com o fenômeno ocorrido e que até então não havia sido explicado. Neste universo Havia a cópia de Kelly que era esposa de Arnold Scoth, sua identidade anterior. Durante um tempo este universo revelava-se por instantes e depois desaparecia. Mas, isso aos poucos diminuiu e finalmente cessou por completo. Meu pai lembrou que no começo os acontecimentos misturavam-se nos dois universos, mas que nas últimas interferências esses acontecimentos se distanciavam por alguma razão.

– Você acha que a morte de minha mãe tem algo a ver com isso?

– É provável! Respondeu meu pai. Lembrei-me então de Adan 7 um extra terrestre de uma civilização muito avançada e que nos introduzira nos segredos dos espaços-tempo paralelos. Adan era de Arkon um planeta fora do nosso sistema solar. Sua civilização existia a 35 bilhões de anos. Isto é, antes do Big Bang, eles já estavam aqui. Em 2024 eu estava em missão de treinamento com uma nave escola onde completaria meus estudos. Era uma pequena nave e eu a comandava através do sistema de sensores que faziam com que pudesse dirigi-la apenas mentalmente. Numa destas viagens em torno da lua de Anul, vi repentinamente a minha frente uma imensa nave se aproximando lentamente, reduziu para a velocidade que eu estava e ficou a uma distancia em que podia ver seu comandante. A mensagem chegou clara aos meus ouvidos, como se ele falasse de dentro da minha cabeça.

– Salve! Grande comandante! Meu nome é Adan 7 e o que você está vendo é uma projeção material de minha nave em seu espaço-tempo. Venho em paz e gostaria de trazê-lo a bordo. Tenho uma mensagem importante e gostaria que você fosse o porta-voz perante seu povo e o primeiro membro a tomar conhecimento de uma nova tecnologia para desenvolvimento de seu planeta.

2040-2-A PRIMEIRA MISSÃO

Informei-lhe então de que precisava consultar meus superiores. Falei com Krol, que já estava ciente da presença da nave.

– Ok! Rogério, informe ao visitante que iremos até ele, eu, seu pai e você.

Obedeci e comuniquei ao comandante Adan 7. Em pouco tempo a nave de Krol chegou e me transportei para lá. Seguimos então até a nave visitante. Adan 7 era um homem de estatura maior do que o nosso padrão, mas era em tudo semelhante. Um homem forte, com cabelos grisalhos quase brancos, mas ainda de aparência jovem. Trajava uma roupa prateada colada ao corpo o que ressaltava mais ainda sua compleição muscular. Recebeu-nos com um sorriso. Solicitou-nos que sentássemos á mesa de reuniões. Krol, então perguntou.

– Como conhece a nossa língua?

– Não a conheço, aliás, os senhores já dominam a comunicação telepática, mas um pequeno cristal magnético inserido em nosso cérebro permite coisas que para vocês parecerão milagres. Quando transmito uma mensagem, ela chega ao cérebro de vocês clara como a minha voz e chega em sua língua. Para que vocês entendam, preciso explicar algumas coisas que precisam saber e que é chegado o momento para que tomem conhecimento. Nós chamamos o conjunto de universos, de multi-universo. Assim cada planeta possui versões diferentes em espaços-tempo paralelos. Um exemplo é a Terra, existem na mesma orbe cinco planetas Terra convivendo em espaços paralelos divididos por telas espaciais que os mantém em harmonia. Terra 1, o espaço onde viviam os terráqueos, Terra 2, não possui oceanos, apenas lagos e rios, é portanto um planeta de natureza agrícola. Terra 3 é escura e inabitável. Terra 4, está ainda em evolução e Terra 5 possui uma civilização mais avançada. Nós chamamos Alpha Z o pequeno cristal, que nos permitiu ver tudo isso e mais, ajudar em tarefas que seriam impossíveis, como mover objetos de grande maça, sem esforço físico. No ano terrestre de 1987 houve um desvio do eixo da Terra em 2,5° para o lado direito e 2,5° para cima no sentido polar norte. Isto causaria a possibilidade de que estas Terras se chocassem, destruindo os planetas que compõe o conjunto. Nós corrigimos a falha e sabemos que ocorrerá novamente daqui à aproximadamente 200 anos terrestres. A matéria e o espírito existem em todo o multi-universo. Tudo o que existe possui o seu espírito em forma e conteúdo diferentes. Este cristal permite a conexão direta com as formas de inteligência superiores bem como os espíritos de diversas formas e a partir daí o homem terá poder ilimitado. Mas, a sua utilização só pode ser conhecida por mentes evoluídas e vocês atingiram este nível. Nós ensinaremos como extrair este cristal da própria matéria e como utiliza-lo. Adan então apertou um botão sobre uma caixa preta que havia sobre a mesa. Surgiu uma projeção holográfica, onde um aparelho semelhante a uma pistola de ar comprimido inseria o cristal na parte frontal do cérebro.

– Vejam, disse ele.

– Este cristal estará em seus cérebros, mas em outro espaço-tempo paralelo. Isto é, não estará em seu corpo físico. Foi então combinado que nós faríamos um curso intensivo e teríamos a primazia de dispor da nova tecnologia. Em dois meses estávamos aptos a utilizar estes recursos inclusive fabricando os aparelhos de inserção de Alpha Z. Claro que havia um critério. Não se poderia deixar tal poder nas mãos de qualquer pessoa. Apenas membros da defesa, médicos, cientistas e engenheiros deveriam ter tal privilégio. Qualquer desvio mental poderia causar um desastre. Entrei em contato com Adan para ver se poderíamos investigar o que ocorreu e se poderia ter havido influência do tal universo paralelo onde estaria a Kelly 2. A cópia de minha mãe. Desta vez ele veio a minha nave e havia pedido a presença de meu pai. Veio acompanhado de sua esposa. Eliha era também de estatura superior as nossas mulheres, o suficiente para que tivéssemos que erguer a cabeça para encará-la.

Adan colocou a mão sobre a cabeça de meu pai e solicitou que ele imaginasse os acontecimentos da forma como ocorriam.

– A pessoa que você menciona, foi atingida por um projétil de arma de fogo vindo a falecer uma hora após o incidente. Ela está em um espaço-tempo contíguo a este. Sua filha está em tratamento devido a um grande estado de choque. Adan 7 narrou ainda outros acontecimentos que confirmavam a teoria de que agora cada universo ou espaço-tempo, seguia seu rumo independente. Segundo ele apenas Kelly e os filhos de Arnold Scoth estariam sujeitos ao mesmo fenômeno que vitimou minha mãe. As experiências com o cristal Alpha Z, estavam progredindo. Era uma coisa nova para nós e até as viagens no tempo praticadas pelos Xkarpanos pareciam agora obsoletas. Nos primeiros momentos, ficamos confusos com a visão completa do multi-universo, como uma única entidade. È impressionante poder entrar em sincronia absoluta com uma inteligência superior e poder senti-la como parte de nós mesmos. Os avanços científicos e tecnológicos evoluíam e era incrível como podíamos moldar a matéria apenas com a força mental. Assim cada instrumento, cada nave, era moldada segundo a mente de seu comandante. A partir daí mudamos até o combustível das naves que passaram a ser impulsionadas por núcleos de energia solar. Um grande problema para o uso da antimatéria como arma, era o fato de que não podíamos usá-la em terra, apenas no espaço porque poderiam ser destruídas áreas inteiras no planeta. Os núcleos de energia solar permitiam a criação de novos raios cósmicos capazes de atingir o alvo com grande precisão e desintegra-lo sem interferir em outro elemento. Claro que dificilmente teríamos que utiliza-lo em Terra. A antimatéria havia provado sua eficiência ao ser aplicada no espaço. Agora em 2040, temos a par da tecnologia, um compromisso com Adan 7. A promessa de ajudarmos outros povos em um universo cheio de vida, de surpresas e de carências. Atingimos agora um nível superior de conhecimento e poderíamos conduzir os destinos de 3 planetas em segurança e harmonia. Adan, falei.

– Nós teríamos como localizar a Terra no espaço tempo em que se encontram Kelly 2 e Arnold?

– Sim, respondeu-me, mas precisamos ir até minha nave. O Mapa do multi-universo é muito complexo e você não teria como localizar.

– O que você está pensando? Perguntou meu pai.

– Pai! Se eu puder viajar até lá num tempo passado, posso descobrir o que acontece por lá, pois aqui eu conheço a história.

– Vou com você, falou meu pai. Ao que Adan retrucou,

– Não! Não aconselho. Você foi vitima de um fenômeno desconhecido e sua presença no mesmo universo, pode gerar outro acontecimento desagradável. Seu filho tem agora um poder muito grande e existe ainda uma outra possibilidade ligada aos espaços-tempo. Vamos para minha nave. Assim fizemos. Na nave Adan tinha uma tela enorme em uma parede lateral da sala de comando e parou diante dela, surgiu então um mapa onde um emaranhado de pequenos globos representavam os universos paralelos. Havia uma enorme quantidade de gráficos e anotações inteligíveis para nós.

– Este espaço, deve estar na mesma posição da Terra, mas no campo verde. Adan comunicava-se com a máquina mentalmente e as cores iam se alterando.

– Aqui, vamos agora ampliar a Terra e vocês podem localizar o local exato dos acontecimentos. Sugeri nossa antiga fazenda em Pântano grande. Mas na medida em que ele ampliava o globo terrestre, a visão surgia como uma Terra devastada com ruínas para todo lado, altas colunas de fumaça negra, e muita destruição.

– Está havendo uma guerra aqui. Uma ampliação maior mostrava uma situação de caus total. Corpos carbonizados, homens atirando a esmo, saques em estabelecimentos comerciais demonstravam uma área típica de combate. Viam-se explosões em vários pontos.

– Nossa! Pai! A nossa fazenda desapareceu.

– Rogério, isso prova que os universos em determinado ponto se deslocaram tomando rumos diferentes.

– Sim! Argumentou Adan, mas, vamos fazer o seguinte, sugiro que Rogério vá, mas para o ano de 2018 quando ocorreu a visita dos Xkarpanos a Terra. Adan 7 queria saber obviamente o que ocasionou a guerra e a intuição dele comungava com a minha. Isto deveria estar ligado à visita dos Xkarpanos paralelamente na outra dimensão. Adan então mostrou-me como seria minha viagem. Em vez de uma longa viagem utilizando coordenadas temporais, agora eu me deslocaria por espaços-tempo paralelos encurtando incrivelmente o tempo. Desta vez eu iria numa nave armada com o que tínhamos de melhor.

– Agora vou mostrar como ficar invisível utilizando o primeiro espaço-tempo em Beta. Surgiu então um gráfico mostrando um homem em uma caixa transparente como num desenho em 3D. Havia imediatamente a sua direita uma caixa contígua.

– Aqui, você está em Alpha, visível e interagindo no espaço em que estiver. A caixa da direita, Beta o tornará invisível e inatingível. Mas poderá interagir com os elementos em Alpha.

– Nossa! Comentei, no sistema do Krol só poderíamos agir nos pontos futuro ou passado. Mas agora falta saber como faço para mudar de caixa.

– Simples, sua mente agora tem o cristal Alpha Z, use-o. Simplesmente mentalize a alteração de espaço. Claro fizemos uns treinos e Adan aplaudiu meu desempenho

– Ok, você está pronto. Lembre-se você e seus companheiros tem agora um compromisso com outros mundos. Sua primeira missão começa aqui. Você entenderá por que sua mãe morreu e ainda podemos ajudar a Terra, vamos chamar de Terra 3 pra não confundir com Nova Terra. Lembre-se de outro detalhe, o cristal serve para comunicar-se comigo, com seu pai ou Krol, independente de distancias. Ou como você acha que nós mandamos mensagens a habitantes de outros planetas, inclusive a Terra? Eu estava pronto e iniciamos os preparativos para a viagem. Eu iria numa nave de combate, de nome RWS1. Minhas iniciais. Adan 7 no centro espacial em Xkarpa me ensinou como criar e mover grandes objetos. Cortar e moldar eu já havia aprendido.

– Você verá agora como as pirâmides do Egito foram construídas. Está vendo este bloco de pedra?

– Sim deve ter umas 200 toneladas

– 250. Falou Adan.

– Agora imagine no campo violeta a projeção material do bloco.

– Ok! Comecei a ver o bloco passar de sua cor natural para um violeta intenso.

– Ok! Agora o mova mentalmente para o lado. Obedeci e incrivelmente a coisa funcionava.

– Agora pare aí. Imagine o bloco original fundindo-se com a projeção.

– Meu Deus isso parece mesmo mágica. Finalmente chegou o dia e tomei meu lugar na nave. Eu agora dominava a interação com espaços-tempo paralelos e partia para minha primeira missão.

2040-3-A VISITA DE KELLY

A nave obedecia meus pensamentos e parecia um ser vivo. Não havia muito que fazer a bordo, eu tinha uma tela a minha frente e a nave possuía inteligência para desviar-se de qualquer obstáculo e simplesmente faria o trajeto programado. Incrivelmente uma viagem que nas naves antigas era feita em 8 meses, levaria agora apenas 10 dias. Resolvi tirar um cochilo e repentinamente acordei pressentindo alguém a meu lado. Virei-me de um salto e...

– Mãe? Minha mãe estava a meu lado e me sorria feliz.

– Mãe! Você...

– Sim filho eu morri, mas não é ruim. Sabe? Demora um pouco, mas aos pouco os outros aparecem, nos confortam e explicam tudo. Você está com medo?

– Mãe! Porque teria medo? Você é minha mãe e eu te adoro, estou feliz de poder te ver.

– Isso é graças a essa pedrinha que o tal Adan 7 colocou aí no seu cérebro. Isso aí permite que você não só me veja, mas, possa conversar como estamos fazendo. Ela aproximou-se e me beijou a face. Era inacreditável, eu podia sentir minha mãe como se ela fosse ainda de carne e osso. Não sei que bendita luz, me trouxe Adan 7, mas eu já estava devendo muito a esse cara de 2 metros e de um coração maior que ele.

– Você já viu o pai?

– Sim, mas não falei com ele.

– Por quê? Perguntei.

– Não quero interferir agora, ele precisa primeiro de mais um tempo. Depois você pode armar um jeito.

– Está bem, você que manda. Fica comigo na viagem?

– Claro! Lá não tenho nada pra fazer.

– E como é lá?

– Normal! A gente pode tudo, sabe? Eu dirigi um formula 1 e andei a mais de 400 km. h. È uma sensação incrível. Dei umas dez voltas e depois me esborrachei num muro. A diferença é que saí andando e o carro virou um monte de ferro retorcido.

– Legal! Então você pode me explicar mais, como funciona isso.

– Claro. Você agora está conhecendo o multi-universo. Tudo o que há nele pertence ao homem, fruto do próprio multi-universo. Mas você precisa nascer várias vezes em diferentes universos e evoluir mentalmente. Seu pai tem QI de 150, você tem de 180 e muitos estão nascendo agora com essa capacidade. Então quando chegar a mil, o homem será capaz de criar seu próprio universo. Não é fantástico?

– Claro! Mas pra mim basta que você esteja aqui.

– Sabe? O Adan sabe de tudo que estou te dizendo. Ele sabe tudo que aconteceu com a Kelly 2, mas a sua missão faz parte da sua evolução por isso ele confiou a missão á você.

– Então você sabe tudo também?

– Sim, mas não me pergunte. Os seres humanos que conhecem a verdade escondem dos outros porque seria catastrófico. Muita gente iria querer acelerar as coisas e isso destruiria a humanidade, tudo foi programado com uma seqüência imutável. Agora vá dormir um pouco. Volto quando você acordar.

– Sim! E você?

– Eu, hora vou dormir um pouco por aí.

– Mas, como? Você sente sono?

– Só quando quero. Como disse a você, podemos tudo. Então sua imagem se desfez e eu fiquei entre surpreso e incrédulo. Será que estava sonhando? Fui dormir um pouco. Devo ter dormido umas oito horas e acordei com uma voz conhecida me chamando.

– Maiha? Perguntei.

– Sim! Respondeu ela.

– Hei! Não diga que o velho colocou um cristal em você.

– Claro, seu bobo sou da nave dele.

– Claro! Você está se referindo ao Krol. Pensei...

– Sei, pensou que seu pai teria feito isso. Olhe! Annela está aqui e manda um beijo pra você.

– Ok! Dá um grande beijo nela e diga que já estou com saudades.

Minha mãe apareceu novamente e tivemos longas conversas sobre tudo, sobre minha missão e tudo mais. O resto dos dias passou lentamente e vez por outra via minha mãe. Compreendi que ela sabia tudo, mas não iria contar, eu teria que descobrir por mim mesmo. Eu estava de volta a Terra, agora Terra3 e no ano 2018. Desci em nossa antiga propriedade, neste caso a de Arnold Scotch e pousei a nave à entrada da velha mina. Até aqui tudo perfeito. Era um dia bonito de temperatura agradável Andei vagarosamente em direção a velha fazenda, mas as coisas me pareciam fora do lugar, estava tudo abandonado. Sentei-me no gramado junto ao pé de carvalho onde costuma subir quando garoto. Via minha mãe cavalgando Tornado, o cavalo preferido dela, meu pai apostava que a alcançaria em menos de 100 metros, mas ficava sempre para trás e eu me divertia vendo os dois felizes e brincando o tempo todo como crianças. Conferi a data, mas não havia marcas de uma nave. Não coincidia com o que acontecera com meu pai. Resolvi dar uma volta pela cidade. Alguém deveria saber onde estavam. Eu vestia uma calça jeans de meu pai e uma camisa listrada, coisas que minha mãe guardara como lembrança da Terra. Perguntei a um senhor idoso sentado à mesa de um bar, junto da estação rodoviária.

– Por acaso o senhor conhece Arnold Scotch, um ex piloto de formula um?

– Sim, já ouvi falar, dizem que ele viu um disco voador ou coisa parecida lá pros fundão da fazenda. Aí ele encheu o bicho de chumbo. Dizem que depois ficou meio maluco e se mandou. Dizem que vendeu a fazenda por uma mixaria.

– Sabe pra onde foi?

– Olha moço dizem que foi pros estados unidos com a mulher e os filhos. Os filhos? Bem então tiveram mais filhos que meu pai e Kelly. Minha preocupação agora aumentava porque obviamente estava tudo dando errado. Ao contrario de meu pai, ele recebera a nave de Nadia a tiros e agora sabe Deus o que teria acontecido. Voltei para a nave reconstituindo a história que meu pai contara sobre a visita de Nadia, um espírito preso em uma armadura especial e a vinda da Nave de Krol na expedição de aproximação com a Terra. Resolvi me comunicar com meu pai e narrar o que havia descoberto.

– Pai! Estou em 2018, o dia da visita faz parte da história 18 de outubro de 2018, chegada a Terra as 6,00 h da manhã, confere?

– Sim, mas tome cuidado, fique em seu espaço e projete a nave no espaço deles e observe a reação. Dirigia-me ao local da provável visita da nave de Krol, mas ainda estava a meio caminho e resolvi baixar a altitude para observar a Terra mais de perto eram ainda 5.00 h. da manhã quando avistei aquilo. A visão era terrível.

– Pai!

– Sim! Fale! A cratera. A explosão do corpo de antimatéria, a Europa inteira desapareceu.

– Santo Deus filho! Então aí não houve a intervenção que anulou a explosão.

– Não! Pai e isso me preocupa, já posso imaginar o que verei agora. – Estou agora me aproximando dos Estados Unidos e espere! A minha esquerda ainda sobre as nuvens uma típica esquadra de ataque. São dezenas de naves armadas e bombardeiam tudo. A cidade de Nova Iorque está completamente destruída.

– OK! Coloque sua nave em Beta e contra ataque.

– Pai, não há muito que fazer, está tudo destruído isto deve ser apenas um ataque final. Não há mais reação. Não vejo nada que possa estar defendendo alguma coisa. Mas vou atacar. Coloquei a nave em Beta e comecei a atirar, era até covardia, eles despencavam e não sabiam o que os estava atingindo. Em pouco tempo, começaram a debandar. Voei então a baixa altura e estava tudo destruído. Via pessoas correndo sem rumo e uma longa volta sobrevoando continentes inteiros apresentava o mesmo quadro. A Terra agonizava e sobrava muito pouco de seus habitantes. A destruição fora completa. Resolvi descer próximo a uma praia onde caíra uma das naves que eu havia abatido. O piloto ainda estava aparentemente vivo, mas muito mal.

– Arrisquei um olá! Telepático. A resposta veio aos meus ouvidos.

– Viemos em missão de paz, mas fomos atacados, queríamos apenas ajuda-los a minimizar os danos causados com as explosões de antimatéria. Não restou-nos alternativa. Então resolvemos revidar e garantir para que não voltem a ameaçar as vidas de outros povos. Somos do planeta Algor, perto da constelação de Orion. Eu toquei em seu pescoço e só então percebi que estivera falando com um morto.

– Então? O que está achando? – Mãe? Puxa você demorou a aparecer de novo.

– Sim, preferi deixa-lo sozinho para não te desconcentrar. – Ok! Falou com o velho?

– Mão! Sabe? Ele e o krol estavam tomando cerveja e jogando uma coisa parecida com dominó, mas com uns símbolos que não conheço e tinha mais pedras que o dominó. Não quis atrapalhar, mas eles conversam e um finge que perde para o outro. Seu pai não teria condições de vencer o Krol, mas aí o bobão finge que perdeu e ainda um rouba do outro. Mas seu pai já está animado novamente e isso é bom.

– E Maiha, ela te preocupa?

– Não! Éramos grandes amigas e depois quando chegar a vez do teu pai, eu vou estar aqui esperando. Claro, vou sentir ciúmes, mas, se eles ficarem juntos, não vou atrapalhar. Acho que não vou entrar em contato com nenhum dos dois, isso os deixaria preocupados e poderia estragar tudo. Não fale nada sobre mim, combinado?

– Você é que sabe, para mim está bem. Agora sei como a Kelly 2 morreu, não sei o que será decidido, mas a Terra está totalmente destruída. Eles deveriam estar atacando há vários dias.

– Sim, mas neste espaço-tempo, não houve a intervenção de Krol. Porque aqui ele não existe.

– Sei, então acho que decidirão apenas ajudar os sobreviventes e talvez ensina-los a encontrar um novo caminho. Acho que aqui, não haverá uma era glacial. Tudo terá que ser reconstruído e aí podemos ajudá-los a refazer o planeta em outras circunstâncias.

– Certo, nesta dimensão também não há a Terra 2. Minha mãe despediu-se de mim com um beijo e desfez-se novamente. Andei um pouco pela praia e os rolos de fumaça adiante mostravam que havia ainda muita coisa queimando.

2040-4-O DESASTRE FINAL

Mas alguma coisa estava errada, as imagens que havia visto na nave do Adan, eram de 2040 e agora eu estava de volta a 2018. As cenas eram quase as mesmas, lá também há um combate. As cenas de pessoas saqueando e atirando a esmo, a fumaça, as explosões. Isto tudo não estava fazendo sentido.

– Adan! Que peça você me pregou? Isto tudo que estou vivendo é uma alucinação? Por quê?

– Calma comandante! O multi-universo possui leis imutáveis. Quando seu pai e Krol alteraram o futuro, evitando a explosão original, foi criado um novo futuro, mas isso trás conseqüências. Já havia sido criado um universo paralelo quando da troca de identidade de seu pai, com Arnold Scotch. Mas, não podemos sair por aí criando novos universos a revelia. Terra 3 na verdade é o planeta existente no novo universo criado pelo incidente com seu pai. Quando seu pai e Krol mudaram o futuro impedindo a explosão, o universo gerado também ficou defeituoso e as conseqüências são o que temos hoje. A era glacial começando a mostrar seus sinais. Felizmente vocês tiveram a intervenção de Krol que mudou o destino dos habitantes, mas não o destino da Terra. O que você viu em 2040 é real, os ataques continuaram por todo este tempo, porque sempre houve sobreviventes. Mas o que sobrou, pode ser recuperado e vai levar muitos anos. Agora os ataques cessaram. O que sobrou não constitui mais ameaças. Os sobreviventes aprenderão a evoluir novamente como qualquer civilização. Você tem ainda uma missão final. Volte para 2040 sem sair daí. Veja tudo como está, como estão vivendo, detecte os núcleos de revoltas saques e violência e me relate.

– Mãe! Onde você está? Me ajude! Droga, não funcionava, ela só vinha quando queria. Não viria só porque eu quero. O que fazer agora? Quanto mais eu pensava, mais parecia que eu havia entrado numa armadilha proposta pelo Adan 7. Com que finalidade? Afinal quem era esse cara com poderes destinados a deuses? Sim, eu estava confuso. Era tudo real? Ou Adan estava me colocando à prova, confundindo minha mente e me fazendo sentir impotente para testar o que? Minha coragem? Minha inteligência? Ou estava tentando me fazer compreender algo que eu não atinava. Resolvi voltar para a nave e descansar, iria dormir um pouco e depois faria o que ele determinou. Resolvi subir até uma órbita estacionária da Terra e dormir por ali. Havia muito lixo espacial, e em dado momento eu alcançava o que sobrou da estação espacial. Havia apenas cadáveres a bordo. Dava para ver seu interior pelas viseiras laterais, apenas com luzes ainda acesas. Subi um pouco mais para evitar o choque com algum satélite. Como o homem estava enganado a respeito de tudo, imaginando que poderia um dia atingir a velocidade da luz e vagar pelas estrelas. Quando tudo depende da evolução da mente e não da tecnologia a peso de ouro. Afinal adormeci. Acordei ao amanhecer com o sol deitando sua luz sobre o planeta azul abaixo de mim, como era linda a Terra vista daqui. Maravilhosamente azul, com seus mares brilhando a luz do dia. Não podia acabar assim, não interessa se era Terra 3 ou 4. Interessava manter o que sobrou de vida. Afinal não é para isso que o universo existe? De que adiantaria tanta beleza se não tivesse ninguém para observar, para compreender e preservar? Eu estava enfim determinado. Iria voltar para 2040 como queria o Adan e iria ver o que ainda seria possível fazer. Voei desta vez mais baixo sem pressa, queria observar tudo. O Oceano pacífico, as matas que ainda possuíam imensas áreas verdes. Nos campos, de repente havia gente trabalhando. Via carros de bois carregando alimentos. Fiz uma projeção para o fundo do mar e fiquei maravilhado. As zonas onde antes haviam sido feitas experiências com armas atômicas estavam recuperadas, os corais voltavam e a fauna marinha se recompunha gradativamente. A natureza mostrava que se fosse deixada em paz ela se recuperaria e sabia como ressurgir do nada. Nas áreas habitadas onde apenas sobraram ruínas de grandes cidades havia focos de desordem e vândalos cumpriam sua sanha destruidora, mas era o de menos importância. Eles logo se cansariam e teriam que sobreviver e agora só tinha um jeito, trabalhar. A grande cratera que engolira a Europa inteira era agora um continente de lava vulcânica. Novas ilhas surgiam. Claro, teríamos sim o que fazer. Agora viríamos novamente como seres das estrelas trazendo ensinamentos e ajudando a moldar um novo planeta. Voltei para meu espaço. Narrei tudo ao Adan 7. Afinal acho que ele me dera sim uma lição importante. A visão que tive da Terra vista do espaço, me acordou e quiçá todos os homens pudessem ter esse privilégio. Quando terminei minha narração ele então falou.

– Meu comandante, missão cumprida. Você entendeu! Agora comece a trabalhar. Você tem na nave um mapa do multi-universo. Divirta-se. Claro ele sabia de tudo e apenas queria que eu visse e sentisse tudo o que havia de ruim. Só assim eu poderia agora fazer meu próprio juízo de tudo. Ajustei a viagem de volta e me acomodei na minha cadeira de comando. Comecei a estudá-lo e agora os símbolos e textos estavam traduzidos. O sistema simplesmente obedecia minha vontade e eu examinava sob as várias cores que destacavam os espaços-tempo e então a cor violeta mostrava a Terra 2, aquela sem oceanos. Decidi por enquanto não falar a Adan. Mas...

– Mas! Parabéns! Era minha mãe sentada a meu lado.

– Você venceu! Falou enquanto me beijava.

– Mãe! Porque não atendeu quando te chamei?

– Porque você tinha que descobrir por si mesmo. Veja! O ser humano vive em eterna competição. Nós sempre achamos que somos melhores que os outros, achamos que nossos filhos são mais bonitos e por isso tudo nunca foi possível uma sociedade igualitária.

A sociedade baseada na igualdade não pode ter a família como alicerce. Nisso os Xkarpanos estão certos. Os seres irracionais dividem tudo, só disputam espaços ou brigam por suas fêmeas. Nós queremos sempre ser mais e mais. Temos inveja de quem tem mais do que nós. Os extraterrestres que nós conhecemos, vivem em harmonia, porque não competem. Copiam os animais irracionais. Em vez de famílias isoladas com sistemas patriarcais eles são uma família global, onde todos tem os mesmos direitos e os mesmos deveres. Entre eles não há casamentos por interesse, ninguém é definitivamente de ninguém. Ninguém é proprietário de nada. Quem determinou que o planeta Terra fosse picado em pedacinhos de propriedade privada? Um reisinho gordo que usurpou as Terras a ferro e fogo e determinou que assim fosse. O resultado disso está aí!

– Mãe! Acho que agora nossos irmãos terráqueos aprenderam a lição.

– Oxalá! Se é que já não estão fabricando dinheiro e medindo terras. Iniciei a viagem de volta para casa e não conseguia tirar da cabeça tudo o que havia acontecido nesta missão. Como minha primeira missão, fora uma prova de fogo. As visitas de minha mãe me deixavam confuso, não sabia se era realmente o espírito dela ou alguma sacanagem do tal cristal implantado em meu cérebro. Em meio a viagem a voz de Adan 7.

– Meu comandante tenho uma nova missão pra você.

– Diga Adan.

– Neste momento um meteoro de 200.000 toneladas, dirige-se para a órbita de Even 4. Este planeta fica na orbe Z5 no campo rosáceo. É um pequeno planeta habitado por uma civilização ainda em desenvolvimento e será atingido em cheio pelo meteoro. Você está bem mais próximo e sua missão será desviá-lo ou destruí-lo.

– Ok! Uso bomba de antimatéria?

– Tenha cuidado primeiro inspecione. Há certo movimento em uma zona do meteoro e convém verificar. Projetei as coordenadas e rumei para a zona do tal meteoro. 12 horas mais quando o avistei. Era uma pedra imensa de forma cilíndrica com aspecto ferruginoso. Tratei de aproximar-me e comecei uma inspeção cuidadosa. Ao contornar a cauda, uma pequena cratera apresentava um ponto brilhante prateado. Aproximei-me e se desenhou uma pequena nave em seu interior. Olhando mais atentamente, havia dois homens usando roupas espaciais e pareciam tentar concertar algo na base da nave. Arrisquei um contato.

– Olá! Quem são vocês?

– Somos de Even 4 e estávamos instalando uma bomba para destruir o meteoro, mas nossa nave trancou em uma cavidade e não temos tempo para destrancá-la.

– Ok! Vou ajudá-los. Manobrei com cuidado e penetrei na cratera aproximando-me lentamente. Abri a escotilha e eles entraram. O segundo membro era uma mulher.

– Vocês chegaram a ativar a bomba?

– Sim. Explodirá dentro de 20 tempos. Bem, 20 tempos para mim não significava nada. Não sabia a duração de um tempo, mas deveria ser bem menos que uma hora terrestre.

– Ok! Vamos sair fora. A mulher falou.

– Meu nome é Mahir e meu parceiro chama-se Gamul. Somos engenheiros no planeta Even 4.

– Sei, recebi a missão de destruir o meteoro e ainda bem que vi vocês lá dentro. A bomba de vocês é suficiente?

– Não sabemos. Imaginamos que sim, mas não temos certeza. – Ok, não se preocupem. Vou cuidar disso. Mas a nave de vocês será destruída.

– Sim, de qualquer forma seriamos destruídos de qualquer jeito. Acelerei um pouco para sair da área de risco manobrei e disparei uma bomba de antimatéria.

2040-5-O PRESENTE

Even 4 era um pequeno planeta muito parecido com a nossa velha Terra, A cidade de Awull onde pousamos a nave lembrava Dubai nos Emirados Árabes. Durante a descida, Mahir falara com alguém e me disse que haveria uma recepção com a presença do rei em pessoa. Eu havia salvo o planeta e a vida de dois importantes engenheiros do local. Fomos recepcionados pela comitiva do rei. Um sujeito gordinho e simpático. Lembrava também um xeique Árabe. Fez um discurso e condecorou-me com uma medalha de ouro, cujo significado não tenho a menor idéia. Decretou-me cidadão honorário de Awull e anunciou um presente como recompensa pelo que eu havia feito. Durante todo o tempo da cerimônia, uma garota com o rosto coberto, como exatamente fazem os árabes, estivera postada a seu lado. Então para minha surpresa o rei anunciou.

– Em sinal de gratidão eu o presenteio com minha filha, a virgem Iub. Dizendo isso a conduziu pela mão e tomando minha mão a colocou sobre a mão da moça declarando.

– Eu declaro Iub Sahaib sua esposa, em nome do reino de Even 4. O rei ordenou que eu retirasse o véu revelando o rosto de minha nova esposa. Era uma garota encantadora, de uma beleza indescritível. O rei retirou-se e Mahir, chegando próximo a mim falou.

– Nem pense em recusar, seria considerada ofensa inaceitável. Esta agora! Eu havia explodido um meteoro e como recompensa estava casado. Claro conduzi o meu presente até a nave, despedi-me de meus novos amigos e iniciei a viagem de retorno.

– Você entende o que falo? Perguntei a Iub, que se limitava a sorrir me examinando dos pés a cabeça. – Sim Iub entende.

– Escute seu rei dá sempre as filhas de presente?

– Sim. Rei ter mais de duzentas filhas. Nossa! Pensei então o rei nem deve fazer outra coisa. Iub pareceu entender meus pensamentos e deitando a cabeça sobre meu ombro falou.

– Rei ter privilégios, precisa de muitas filhas para presentear. Ok! Entendi! Este deve ser o planeta dos cornos.

– Adan! Chamei!

– Pois não meu comandante, como foi a missão?

– Missão cumprida! Havia um casal preso no meteoro eu explodi a coisa e dei uma carona pro casal. Aí, me ferrei!

– O que houve? Perguntou Adan.

– Ganhei uma esposa de presente. –Há! Há! Legal, cara. Parabéns aproveita e tira uma folga, reduz a velocidade e feliz lua de mel! O cretino estava tirando um sarro da minha cara! E agora? O que Annela iria pensar? Eu iria chegar de uma longa viagem e simplesmente apresentar?

– Annela! Apresento minha esposa Iub.

– Ok! Adan, e agora como vou encarar Annela?

– Meu comandante! Relaxe! Nomeie sua ajudante, assim você resolve! O cara de pau resolvia tudo assim? Bem Iub já estava meio impaciente e resolvi encerrar o papo. Bem fazer o que? Reduzi a luz a bordo, coloquei uma musica suave e tratei de cumprir minha função de marido. Iub era perfeita em tudo. Seu corpo era divino. Carinhosa e parecia feliz, me beijava com ardor e confesso que seria capaz de me apaixonar. Repentinamente lembrei de minha mãe. E se ela resolvesse aparecer? Mas não aconteceu. Aliás, já fazia algum tempo desde sua última visita. Horas depois de um sono reparador, acordamos e Iub estava feliz agarrada em mim.

– Marido está com fome?

– Sim, vamos comer alguma coisa. Fizemos um lanche depois de um banho a dois em que me deslumbrei com a perfeição de suas formas. Claro que chegando a Xkarpa, fui direto a nave de Adan 7 na órbita estacionária. Apresentei Iub e Adan elogiou muito sua beleza. Pediu a sua mulher Eliha que cuidasse de Iub, pois tínhamos que colocar as coisas em dia.

– Você se saiu muito bem. Tenho uma novidade pra você. Decidi que você pode receber um aditivo genético que irá aumentar sua expectativa de vida em aproximadamente 600 anos.

– Hei! Espere! Isso não vai me criar problemas?

– Não! É bastante seguro. Apenas suas células serão constantemente renovadas impedindo o seu envelhecimento. Já aplicamos em seu pai, mas como ele já tem mais idade, a perspectiva é de mais 350 anos. Bem, você parece que tem o poder de um Deus.

– Não! Apenas eu descendo de uma raça que já estava aqui antes do universo em que você vive, nascer. Seu universo é apenas mais um dentro do multi-universo. Toda hora nascem novos universos. Contei ao Adan sobre as visitas de minha mãe.

– Foi realmente com o espírito dela que eu falei?

– Sim. A vida continua e sua mãe deve ter explicado a você. O multi-universo é um conjunto de espírito, mente e matéria. Durante a vida o homem evolui e a matéria serve como meio de aprendizado. Com ela o homem cria coisas que lhe servirão depois no mundo espiritual. Lembrei-me de minha mãe e sua aventura com um carro de formula 1

– Sim, confirmou Adan. No plano espiritual apenas a matéria persiste de outra forma.

– Devo falar ao meu pai sobre isso? – Não! Se sua mãe não quis falar com ele, ela deve ter suas razões. Mas não se preocupe a vida dá voltas e quem sabe...

– Quem sabe o quê?

– Nada! Apenas filosofia. Agora terá uns dias de folga. Depois temos muito que fazer. Resolva seu problema com Annela, cara! Você está enrascado. Despedi-me do Adan e fui ver Annela em Xkarpa. Então a surpresa! Annela estava de azul, isso significava que, já era. Recebeu-me com um oi! Frio, como gelo. Olhamos-nos e eu tentei falar algo, mas, pela cara dela, compreendi e apenas dei meia volta. Fui ver meu pai e o encontrei em companhia de Krol, pra variar tomando cerveja e jogando aquele dominó estranho.

– Você se saiu muito bem, olha o Adan gosta muito de você. Acompanhamos tudo o que você fez. Falou Krol. Meu pai limitou-se a me abraçar e depois disse.

– Fica muito bem esta medalha em você.

É verdade! Lembrei-me que Iub fizera questão que eu desembarcasse com a medalha. Fui para minha casa e naquela noite resolvi ficar sozinho. Precisava pensar sobre os acontecimentos da viagem e como poderíamos ajudar o pessoal em Terra 3. Na manhã seguinte voltei a nave de Adan 7. Iub estava me esperando e a mulher de Adan fizera um trabalho perfeito. Iub estava deslumbrante e correu na minha direção abraçando-me com força. Droga, quem entende a vida? Conhecera Iub, no momento em que era anunciada minha esposa. Ela parecia gostar muito de mim, pelo menos demonstrava isso. Eu acabava de romper uma relação com Annela e acordara ansioso por encontrar Iub novamente. Fui ter com Adan e ele estava meio esquisito, cheio de mistérios.

– Adan, chamei ontem por minha mãe e ela não apareceu e nem falou comigo. Será que ela está brava comigo?

– Não, apenas não pode. Ela está ocupada no momento. Esta se preparando para uma coisa muito importante.

– Hei! Você está muito misterioso. Como sabe disso?

– Há! Eu sei muita coisa.

– Ok! Você deve estar aprontando alguma das suas.

– Ah! Tenho uma coisa pra você. Sabe a cratera em Terra 3?

– Sim. Respondi. Agora só existe uma imensa área de lava vulcânica onde antes estava a Europa.

– Pois é! Retrucou ele. Mas tem um lado bom. Isso vai ligar a Europa a outros continentes e isso evitará o afastamento deles. Pelo menos irá tornar o processo bem mais lento.

– Eu havia pensado em transferi-los para a Terra 3.

– Eu sei.

– Como sabe?

– Ora, quando você estava estudando isso no mapa eu acompanhei.

– Ta legal! De você não escapa nada.

– Então! Como foi com Annela?

– Há! Isso pelo menos você não sabe. Acabou! Simplesmente. – Bem, mulher por mulher, essa Iub, é uma pequena Deusa.

– Tira o olho ta?

– Calma meu comandante, sou casado lembra? Mas eu quero convidá-lo para um acontecimento importante em minha nave na noite de amanhã. Seu pai e Krol já foram convidados. Leve Iub e eu vou convidar Maiha e a rainha Karan

– Muitos irmãos seus também estarão presente.

– Eu sabia que você estava aprontando alguma. Mas vamos esperar para ver. Despedi-me de Adan e voltei para minha casa. Iub agora ia morar comigo e afinal éramos o primeiro casamento em Nova Terra. Isto me fez lembrar que de repente muita gente iria querer casar em Even 4. Como se fazia no Brasil, casando no Uruguai para burlar a lei. Eu continuava sem entender porque minha mãe não se comunicava comigo. Bem, preparei-me para passar mais uma noite com Iub em meus braços e lá pelas tantas ela cochichou no meu ouvido.

– Saber? Eu muito feliz. Em meu planeta homens, saber? Ter sexo muiiito pequeno. Marido tem bem maior!

– Ok! Mas me chame de Rogério, pare com essa de marido.

– Está bem! Eu chamar Rogério! Na noite seguinte rumamos para a festa na nave de Adan. Havia bastante gente e uma orquestra só de mulheres animava a festa com uma música suave e envolvente. Depois que todos os convidados estavam presentes, Adan subiu a um palco e anunciou.

– Senhores, esta é uma festa de despedida e de comemoração! Despedida porque chegou a hora de voltar para meu planeta e prestar contas a federação de tudo o que foi feito nesta missão. Tenho muito orgulho de ter convivido com um povo tão acolhedor. Em especial quero falar de um rapaz que me surpreendeu favoravelmente e desejo nomeá-lo membro da Federação Intergaláctica. Estou falando de Rogério Wilians Santana.

2040-6-O RETORNO

Adan 7 me submetera a uma bateria de testes e me fizera passar por situações em que poderia ter me ajudado, mas preferiu que eu resolvesse por conta própria. Eu estava sendo nomeado para um cargo importante subordinado diretamente ao próprio Adan. Eu estava feliz, mas sabia que ao final eu teria um preço a pagar. Começara já há algum tempo a desconfiar que ele tivesse algo em mente, porque me tratava de uma maneira carinhosa e diferente. Aqui nesta noite, ele estava aprontando alguma coisa com certeza, algo que eu ainda não atinara.

Este extraterrestre era diferente de tudo o que eu havia visto. Eu já avançara em uma porção de tarefas que antes me pareceriam impossíveis. Era evidente que ele tinha planos para mim e naquela noite eu não sabia até onde estes planos iam. Havia mistério em suas atitudes e isso não era normal. Ele sempre procurara desviar-se de minha curiosidade sempre levando tudo para o lado natural e tinha sempre uma explicação lógica baseada em tecnologias que seriam responsáveis por grande parte do que era capaz de fazer. Tudo isso passou pela minha cabeça nos breves momentos que me separavam de receber de suas mãos o documento de minha nomeação. Subi ao palco e Iub estava a meu lado agarrada em meu braço e eu sentia um leve tremor. Ela estava deslumbrada e nervosa, deixava transparecer isso. Recebi das mãos de Adan 7 o distintivo da Federação Intergaláctica que me tornava membro daquela instituição na qualidade de comandante de uma nave espacial interplanetária. Agradeci em um breve discurso e Adan me abraçou e depois pediu a atenção de todos. Eu nem imaginava o que aquele cara incrível iria aprontar ainda e seguramente, acho que não havia ninguém ali que pudesse nem de longe imaginar o choque que levaríamos quando ele finalmente pegou o microfone, fez uma pausa olhando-nos a todos, como que quem quer olhar nos olhos de cada um e sentir a expectativa de todos. – Senhoras, e senhores, esta é uma noite muito especial, porque significa um marco na evolução humana. Vou agora apresentar a vocês um verdadeiro milagre da ciência. Algo que já praticamos a algum tempo em nosso planeta e que pela primeira vez foi tentado em outro sistema fora do nosso domínio. Nós viemos em uma missão importante, ou seja, cumprirmos nosso dever de ajudar povos irmãos de outras galáxias. Há muito tempo atrás estivemos na Terra e em outros sistemas e ajudamos com transferência de tecnologias e ensinamentos que ajudaram estas civilizações a construir um futuro. Nós já estávamos aqui antes mesmo que seu universo tivesse nascido. O multi-universo existe, porque o homem existe. Não teria sentido reunir tanta beleza e tanta diversidade sem a presença do homem para usufruir preservar e desenvolver um bem que pertence ao próprio homem e em razão dele foi criado. Nós avançamos muito e hoje podemos comemorar a Aliança entre nossos povos irmãos. Eu não gostaria de ir embora, sem deixar um presente para vocês. Foi uma experiência cujo resultado, não sabíamos se seria satisfatório. Mas posso garantir que sim. Que fomos vitoriosos. O homem sempre se perguntou afinal o que acontece depois da morte? Hora, nós simplesmente passamos a fazer parte de um outro plano de um outro espaço-tempo dentro deste mesmo universo. O multi-universo contém todos os universos convivendo no mesmo espaço, separado apenas, por espaços-tempo contíguos. Um destes espaços contém o que nós chamamos de espírito. O Universo é composto de espírito, mente e matéria. Entre eles, a mente é soberana, porque controla os outros dois componentes. Ela é imaterial, mas controla a matéria. Quando passamos à outra dimensão então nossa mente dispõe do total controle de nossa consciência que habita tanto o espírito quanto ao nosso corpo material. No plano material, nós não controlamos nosso cérebro totalmente. Mas, no campo do espírito o controle da mente é total e então conseguimos feitos impossíveis no campo material. Gostaria de chamar ao palco o Sr. Márcio Santana e seu filho Rogério. Meu pai me olhou meio sem entender o que mais iria o Adan agora aprontar. Eu o acompanhei e nos postamos diante de Adan. Meus amigos quero antes prepara-los para uma emoção muito forte. A todos os presentes também porque tenho certeza de que todos sentirão o mesmo grau de emoção. Quero agora lhes apresentar, Kelly Wilians Santana, em carne e osso! Houve um burburinho de vozes e todos se entreolhavam. Meu pai tremia e eu também. Então ela surgiu no palco. Seu sorriso iluminando nossos incrédulos rostos. Ela caminhou em nossa direção e uniu-nos num grande abraço. Todos chorávamos sem ainda entender o que estava acontecendo. Repentinamente o barulho dos aplausos, gritos e muita choradeira, tudo misturado, criava um clima indescritível. Ela estava linda, vestia um longo dourado e parecia ter rejuvenescido. Ainda nos abraçando, tomou o microfone e falou.

– Meus amigos! Estou emocionada e grata a Adan 7 e sua capacidade de entender a alma humana e de produzir verdadeiros milagres. Creio que pelo menos neste nosso universo eu seja o primeiro ser que consegue graças ao milagre da tecnologia, voltar da morte. Mas valeu como experiência e me tornou uma pessoa diferente a partir de hoje. Aprendi nesse curto espaço de tempo muito mais do que em toda minha vida terrena até este momento. Adan 7 nos transmitiu neste curto espaço de tempo entre nós, conhecimentos que talvez levássemos ainda anos para adquirir e entender. Serei eternamente grata pelo que fez por mim e minha família. A Terra deve muito a este homem e ao nosso amigo krol. Sem sua ajuda a Terra estaria condenada. Adan, obrigado, do fundo do coração! Krol, muito obrigado em meu nome, de minha família e tenho certeza, de toda a população de Nova Terra. Adan nos envolveu a todos num grande abraço e Krol chorando abraçava-nos também. Depois ele chamou Krol ao palco e o condecorou pela ajuda que prestara a Terra e ao novo planeta Anul. Krol emocionado quase não podia falar e mal conseguia disfarçar as lágrimas. Então Adan pegou o microfone fez um sinal para a orquestra e gritou,

– Gente! Chega de choradeira! Quero todo mundo feliz e dançando! Passou por mim e cochichou,

– Viu? Essa eu aprontei pra você.

– Seu gênio louco! Eu te amo! O baile seguiu animado e meu pai dançava com minha mãe como se tivessem acabado de se apaixonar. Maiha ainda com lágrimas nos olhos depois de abraçar minha mãe veio me dar um abraço também.

– Rogério, parabéns pelo casamento, pelo cargo importante e pelo milagre que acabamos de presenciar e que de certa forma devemos a você. Tenho certeza de que Adan 7 o quer como um filho. Terminado o baile nos retiramos para a sala de reuniões onde Adan queria falar conosco. Todos sentados. Eu não me contive e falei.

– Adan 7 Não sei quem é você! Mas sei que você mudou para sempre as nossas vidas. E nós seremos eternamente gratos por tudo o que fez por nós e pelos nossos irmãos de Anul.

– Não foi nada! Faz parte da minha missão. Quero passar ao Krol este projetor holográfico. Ele contém todas as informações sobre a cirurgia que trouxe Kelly de volta à vida. A única exigência para que dê resultado, é a preservação intacta do corpo. Estou partindo, mas estarei atento e em contato com todos vocês, principalmente o Rogério que agora faz parte da Federação Intergaláctica. Despedimo-nos de Adan e voltamos todos a nave de meu pai e então perguntei a minha mãe.

– Me diga como foi possível?

– Rogério, Adan tinha isso em mente desde o meu funeral. Ele simplesmente mandou resgatar a urna funerária e me comunicou o que pretendia.

Graças ao avanço que os Xkarpanos possuem uma autópsia dura apenas alguns segundos e não há uma cirurgia, é tudo computadorizado. Desta forma meu corpo estava intacto e segundos depois colocado em uma urna hermeticamente fechada. Adan apenas colocou um cristal que pulsa no compasso cardíaco e aplicou-me um regenerador celular. Este cristal foi depois retirado e meu coração voltou a bater forte e saudável. Alterou um meu código genético introduzindo novas células contendo genes alterados e desta forma, minhas células estarão sempre se regenerando, garantindo um processo de envelhecimento bem mais lento. Então ele me ressuscitou. E estou agora aqui, novinha em folha e louca pra viver intensamente de novo. Então ela beijou Iub, que não cabia em si de feliz e foi sentar-se junto a meu pai. Certamente agora nós os deixaríamos a sós. Eles tinham muito a recuperar. Fomos para nossa casa eu e Iub, mal havíamos entrado. A voz de Adan 7 soou aos meus ouvidos.

– Meu comandante! Estou a caminho de casa, mas já tenho uma nova missão pra você, assim que terminar a folga entre em contato.

– Ok! Entrarei sim! Iub, curiosa queria saber com quem eu estava falando.

– Era o Adan, já tem uma nova missão para mim. – Rogério! Desta vez, esposa vai junto!

– Hei! Quem disse isso?

– Eu! Lembrar? Marido não poder viajar sozinho!

Lauro Winck
Enviado por Lauro Winck em 27/04/2010
Código do texto: T2222375
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