TRADUTOR UNIVERSAL

TRADUTOR UNIVERSAL

A pacata colônia agrícola de Alpha IV cumpria sua pacata e modorrenta rotina de todo dia. As crianças na holoescola, os homens acompanhados de suas mulheres nas lavouras, outras dedicavam-se a cuidar das atividades domésticas, no que eram ajudadas por inúmeros robôs. Mas aquele dia foi diferente de tudo que o povo vira até então.

Sem aviso nenhum os céus ficam negros, milhares de pares de olhos se voltaram para os céus sentiram o seu sangue gelar com aquilo.

A nave é gigantesca, negra, parece emanar uma aura maligna, como se os seres de seu interior fossem desprovidos de boas emoções.

Os que estavam nas lavouras voltaram rapidamente para suas casas, armários empoeirados foram abertos e de lá tirados armas laser, granadas fotônicas e outras com mais calibre e dotadas de poder de destruição variados.

Toda a colônia se armou pois aquilo só poderia ser uma invasão vinda do espaço sideral, os colonos não iam entregar vidas de trabalho e dedicação a um bando de alienígenas qualquer.

Mas Rosana, filha de uma antiga família de colonos tinha idéias diferentes, sem medo ela conseguiu sair de dentro da sua casa e ficou no meio da rua, olhava maravilhada para o monstro negro e sorria. Seus pais desesperados tentavam em vão fazer a menina voltar para dentro, mas sem sucesso.

De repente outras crianças também foram para o meio da rua, olhos fixos no "invasor alienígena", um sorriso maroto, daqueles que só crianças sabem estampados em suas faces.

Uma voz poderosa se faz ouvir, mas fala em um idioma estranho, desconhecido dos colonos.

Os pais se aventuram pelas ruas, tentando recolher seus rebentos, a mensagem no idioma desconhecido continua a ser repetida.

As crianças não querem sair, algo em seu íntimo lhes diz que os adultos fizeram uma escolha errada, aquela nave não é para ser temida.

O suspense alcança níveis insuportáveis, até que um colono mais exaltado atira na direção do gigante negro, é como um sinal para os outros, logo todos estão disparando suas armas contra os supostos alienígenas, as crianças choram nas ruas, tentam fazer seus pais voltarem à razão, mas sem sucesso.

Enfim o gigante se afasta, tão misteriosamente como havia chegado. Os adultos se sentem vitoriosos, as crianças choramingam magoadas com a atitude de seus pais.

Uma vez fora da atmosfera a nave negra reinicia sua longa jornada, e o Circo Cósmico apaga as coordenadas daquele sistema de seu banco de dados. Enquanto o dono do mesmo começa a pensar seriamente em comprar um novo tradutor universal.