Mallaon, o filho de Mênfis - ( 1ª parte )
Ano 2018.
O planeta Terra vive no ápice das descobertas científicas. A humanidade se torna refém das máquinas. Computadores de última geração e internet são vitais neste processo. A comunicação via satélite cada vez mais avançadas. A Terra é monitorada dia e noite!
O grande avanço se deu em 1990. O intrépido e possante telescópio Hublle, o vigilante cósmico dos terráqueos, varria constantemente o espaço a desvendar segredos outrora inimagináveis! O universo era lentamente desvendado. O Hublle mostrava o surgimento de estrelas e novos planetas como o GLIESE 581 C, e outros mais. GLIESE esta acerca de 20,5 anos-luz da Terra – a luz percorre aproximadamente 300 mil quilômetros por segundo –, situado em uma constelação chamada Libra e gira em torno de uma estrela anã vermelha.
GLIESE foi descoberto em 2008, por um grupo de cientistas da França, Portugal e Suíça. Constatou-se que as condições deste planeta são muito semelhantes com as da terra: temperatura entre 0ºC e 40ºC e a sua composição. Tais conclusões levaram os cientistas a afirmarem que GLIESE poderia perfeitamente vir a ser habitado, se já não o seria.
Outros planetas como: Xena, Salermo, Juplathy e Mênfis foram descobertos ao longo de dez anos. Comprovações de habitação em outros planetas já não era um mito. Agora, sabia-se perfeitamente que em outros corpos celestes existe água e vegetação e condições de habitação parecidas com as da terra.
Na lista de declarações sobre os seres extraterrestres há uma infinidade de imagens, filmes e sons gravados por todo o universo, pessoas se dizem “batizadas”, ou seja, tiveram encontro com os marcianos ou foram abduzidas por tais seres numa incrível viagem espacial. As lendas e mitos tornavam-se realidade!
Ao iniciar seu curso de astronomia na UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro –, Mallaon interessou-se incontrolavelmente pelo universo misterioso dos astros, novos planetas e seus possíveis habitantes: ETs.
Mallaon era um rapaz até então considerado normal, a não ser pelo nome. Ninguém de sua família materna soubera lhe dizer sua ascendência. Somente sabia que sua mãe havia inventado tal nome ao nascer e, no primeiro instante, quando olhou para ele disse:
– Vai se chamar Mallaon.
Mallaon não conheceu o pai. Nem a família paterna. Sua mãe afirmou que seu pai havia partido para uma terra muito distante. Eram ainda namorados. Ele a deixou grávida. Nunca mais deu notícias.
O professor de física e astronomia, Abellardo, também era um ufólogo inveterado e incorrigível, a ufologia o fascinava! Um pesquisador nato! Vivia bisbilhotando tudo sobre Marcianos e ETs. Imediatamente, se apegou a Mallaon nos poucos minutos de conversa logo no primeiro dia antes da aula.
Mallaon comentava sobre o “Meteorito de Murchison”, que caiu na Austrália em 1969, e sobre as moléculas de uracil e xanthine, precursoras das moléculas que compõe o DNA e RNA, conhecidas como nucleobases, encontradas nos fragmentos da rocha do meteorito. Seu mestre ficou admirado ao perceber tanto interesse de Malaon por cosmologia.
Abellardo possuía algo de Einstein. Não que fosse velho, mas sim, por ser um gênio. Havia também um pouco de Chaplin, às vezes, ensinava somente com gestos, e possuía muito de Pink Floyd, como se os quisesse eternizar. Trouxe logo na primeira aula uma música de fundo, Astronomy Domine... “Verde-limão límpido uma segunda cena, uma luta entre o azul que você uma vez conheceu flutuando... Netuno, Titã, estrelas podem apavorar”...
A amizade entre Mallaon e o Professor Abellardo, nasceu na sala de aula, cresceu e consolidou-se em demoradas visitas ao observatório do Valongo. O Professor Abellardo costumava convidá-lo para seções de observação nos fins de semana. Mallaon ficava extasiado com tais convites, visto que o professor era uma autoridade em ufologia no Brasil e possuía bons contatos com os pesquisadores da NASA.
Numa dessas visitas, Mallaon se surpreendeu. O Professor Abellardo havia preparado uma série de arquivos de supostas aparições de extraterrestres. Empolgado, Mallaon queria ver todos! Perguntava as características, pedia para voltar o filme, dava opinião, uma tarde inesquecível.
Excepcionalmente, Mallaon, interessou-se por um caso onde uma pessoa declarava haver sido abduzida por um ser extraterrestre e descrevia as características da criatura com tamanha convicção que deixavam o telespectador no mínimo curioso. O jovem Mallaon ficou fascinado! Acreditava piamente na possibilidade da existência dos ETs. Repentinamente, disse ao professor:
– Professor Abellardo, eu quero conhecer este lugar! – ao que o professor, de pronto, deixou tudo que estava fazendo e respondeu admirado ao aluno:
– Ora, ora! E não é que o rapazinho aqui esta me saindo um belo de um aventureiro?! Não brinque com essas coisas garoto! Você pode atrair a simpatia dos Marcianos!
– Mas, professor, é isto que eu quero! É isto que eu sempre quis!
– Vamos por parte... Como assim... sempre quis?
– É verdade! Eu sempre quis ver um Marciano! Não tenho medo algum e se ele quiser me levar, tudo bem! Vou nessa – e riu.
– Rapaz... de onde você esta tirando tanta coragem?
– Não é só coragem professor, é desejo mesmo. Eu tenho muita vontade de conhecer o realmente existe de verdade nessas histórias.
Doutor Abellardo levantou-se calmamente. Aproximou-se de Mallaon olhando-o bem dentro dos olhos e disse:
– Eu sabia que não estava enganado quando bati os olhos em você! Estava estampado em seus olhos que você é um amante dos marcianos. Eu também lhe confesso... sou fascinado por eles desde minha adolescência. Sempre percorri lugares onde havia notícias de suas passagens. Se quiser, neste próximo fim de semana podemos viajar até Varginha, no Estado de Minas Gerais, onde aconteceu e noticiaram há mais de uma década um episódio. Podemos acampar no local da aparição dos OVNIS.
– Legal... Professor! É claro que eu quero.
– Estamos combinados, então! Avise sua mãe. E... bico calado.
– Certo... Pode deixar!
A semana parecia não passar para Mallaon. Sexta-feira não chegava nunca! Mas... enfim, o tão esperado dia da viagem. Mallaon, já prevenido, havia ido para a escola com mochila e todos os apetrechos de viagem. O Professor Abellardo desceu as escadas dando pulinhos, como era seu costume. Avistou no pátio seu jovem e corajoso discípulo. Acenou efusivamente a Mallaon como quem dizia, “estou indo, rapaz”!
– E, então, podemos ir?
– Claro professor! Eu estava à sua espera.
– Avisou sua mãe? Anotou o celular dela direitinho? Podemos precisar, além disso, devemos dar notícias.
Mallaon só sacudia a cabeça confirmando. Queria acabar logo com tantas recomendações e pegar a estrada. Estava eufórico!
Oito horas de trânsito tranqüilo. Varginha, afinal. Já era noite. O céu prometia uma grande viagem intergaláctica. Não foram para hotel. A aventura era acampar! Aproveitar ao máximo as duas noites da expedição.
O terreno escolhido era numa fazenda próximo à cidade, bem longe de onde haviam sido registradas as ultimas aparições de OVNIS. O Professor alegou ser tais locais muitos visados e os marcianos, cautelosos.
– Este local é perfeito! Esta numa distância regular da cidade e não muito visível pelos transeuntes. O quer você acha Mallaon?
– Bem Professor, o senhor é o mestre aqui. Para mim, esta excelente! Senti fluir uma energia boa aqui – premuniu o jovem Mallaon.
Fincaram acampamento! Instalaram os equipamentos e começaram a observar o céu.
– Não pense que vamos ver alguma nave Mallaon. É preciso observar pelo simples gosto de ser surpreendido por algo novo, mas isso, às vezes, leva meses ou até anos.
– Eu sei Professor. Mas nunca se sabe... Podemos ser surpreendidos – e riu maliciosamente.
– É isso aí garoto! Você vai ser um bom cientista cósmico.
A noite de vigília foi longa. O cansaço da viagem bateu... O professor adormeceu ali mesmo ao relento. O calor de outubro e a brisa que soprava do norte era um convite ao sono que insistia.
Mallaon estava alerto. Não queria perder um só movimento no espaço. Preparava mais uma xícara de café forte para espantar o sono. De repente, uma luz azul, muito clara, passou de relance à sua frente talvez uns quinhentos metros e sumiu na baixada da fazenda. Mallaon ficou estático. Não sabia se corria em direção à luz ou se acordava o professor! Num ímpeto, gritou para acordá-lo enquanto sai correndo:
– Professor! Professor! Eu estou vendo, estou vendo eles...
Mas sua louca vontade de alcançá-los não lhe permite esperar o professor. Mallaon correu como um lince. Transpôs um rochedo. Cruzou um cercado de pasto. Escalou um pequeno morro. Lá em cima, quando o coração já lhe sai pela boa, a nave! Esplendorosa, redonda, iluminada por pequenas luzes azuis! Não era um sonho! Eles haviam vindo... Atenderam seu pedido e seu desejo de vê-los. Agora, não importava mais nada. Iria até lá. Nada iria impedi-lo. E se quisessem levá-lo, não resistiria.
Haviam pousado naquele instante. A poeira ainda estava no ar. Malaon percebeu uma pequena porta se abrir para baixo em forma de rampa. Alguém movimentava ao sair por ela. O jovem Malaon permaneceu abaixado para não ser visto, estava agora bem próximo da nave, uns cinquenta metros. O tripulante podia ser visto por completo: olhos grandes, baixa estatura e usava uma espécie de roupa que mais parecia uma pele. Não era desfigurado como sempre vira nos noticiários. Tinha uma aparência muito parecida com os humanos. Pelos seus gestos, parecia procurar alguma coisa.
Obs. conclusão na próxima postagem.