Viola,a planta anual
Ignoto amigo leitor ,em primeiro lugar necessário dizer que,a flor viola
é mais conhecida pelo nome AMOR PERFEITO.Trata-se de planta que floresce anualmente ,morrendo apos a floraçao,entretanto suas sementes
perenizam sua existência.
A viola nascera ha duas estaçoes,pequenina,comprimida,no meio dos vigorosos arbustos e das pedras facetadas.
O raios luminosos e as gõtas de orvalho dos primeiros instantes da manhã fizeram muito bem a adolescência da plantinha.Suas folhas esverdearam-se tornando-se visçosas.A pequena dama destacava-se entre os desgrenhados galhos e o mato uniforme.
Não tardoumuito e atraiu as atenções da pequena borboleta amarela,mensageira do pólen da maturidade e da beleza.
Mal se podia imaginar como ínfima semente largada poderia se transformar em folhas adultas sustentadas pelo delgado caule.
Sentia-se que faltava algo à criação do admirável vegetal.
Pequenino pomo começou a sobressair-se de um dos talos.No início,discreto ponto arredondado e que,logo,virou em botão branco,hermeticamente fechado.Um sapo aguçou a visão para tentar enxergar o segrêdo da viola.Porém o esfôrço se fazia em vão.
Precisou que cinco noites orvalhassem e amolecessem as aderências para
que a linda flôr do "amor perfeito" se abrisse e exibisse o aveludado fundo carmim violáceo.O espirito da criação vibrava intensamente naquela manhã.Centena de minúsculos insetos peregrinavam para cultuar a deusa recen nata.Uns,arduamente,arrastavam os ventres na terra,outros escalavam os obstáculos do caminho.Os seres alados portavam-se como abanos,pajeando e oferecendo o brinde do frescor matinal.
caríssimo leitor,meus olhos se umideceram com o espetáculo da solenidade.Os dias se sucediam e as caravanas se alternavam perpetuando o culto.O belo painel colorido da viola parecia se tornar menos fixo à planta mãe,prenunciando trágico desfecho.Será que os humildes devotos não perceberam os sinais do declínio da deidade?
Por que tamanha dedicação?
Um sopro mais forte antecipou o võo final,confirmando minhas aflições...O frágil e inerte corpinho caiu longe do templo de adoração.
Enquanto jazia agonizante a viola,multidões silenciosas carregavam,respeitosamente,a flor.
Logo,um pássaro azul deixaria cair mais um punhado de sementes...
A comoção era geral.Não muito longe dali,as formigas cortadeiras pareciam alheias às lamúrias no afã de concluir o pesado trabalho de acelerar a dissolução dos restos da flõr da viola.O silêncio percorreu,pesadamente,toda a egião.As nuvens branco-acinzentadas
cobriam o céu,o mais tênue galho permanecia imóvel,como que compreendendo que o momento era de reflexão.
Amigo leitor,a surpresa foi tamanha,quando um sapinho verde que a tudo observava ,tomou,solenemente a palavra;"Caríssimos irmãos",iniciou,estufando o papo verde.
"Bebeis do cálice amargo da tristeza até a sua última gôta""Resistais ás convulsões de vossas entranhas""Saboreais todos o fluido do sofrimento"Perceberas ,que,no fundo da taça,encontrarás o nectar dos deuses"...
Tais palavras ressoaram como bálsamo macio que aplaca a dor da ferida profunda.Os expectadores surpreenderam-se mais uma vez ao notar que o bufão nascido no reino das fealdades metamorfoseava-se
. Maravilhoso reflexo azulado resplandecia sobre antenas e cabecinhas...
ergueu-se,gloriosamente,o passaro azul como formidável figura espectral.
um par de vagalumes acompanhou,iluminando o caminho...