A Minha Chegada!!! (Contado Por Um Menino que já foi)

A Minha Chegada !!! (Contado por um menino que já foi)

Eu cheguei, eu cheguei, a este estranho e barulhento mundo, Sabem eu não sei se sou menino ou menina; mas cá para mim, acho que sou um menino, embora não saiba ainda distinguir bem, qual a diferença. Mas cá por umas coisas que andaram a fazer à minha mãe, ainda eu estava lá naquele mundo escuro, a que chamam ventre. Eles encostaram uns aparelhos, cá por fora claro; porque lá dentro, eu não os deixava entrar. Era o que faltava! Lá, eu era rei e senhor, Sabem, eu cheguei sem roupa vestida, estava nu, pois só soube depois da minha chegada, é que lá no meu pequeno mundo, no ventre de minha mãe, não precisava disto, a que chamam roupa. Eu lá era um rei, pois a minha mamãe, nunca me faltou com carinho, cuidados, calor, alimentava-me bem, e não sentia sede. É verdade, eu não sei como era, mas também nunca tive que beber, como me obrigam a fazer aqui. Sempre estive numa “ boa,” só que estava muito apertado e na escuridão. Sabem, eu não tenho medo, e tanto assim, que cheguei a este mundo barulhento, só; mas não sei ainda se cheguei atrasado, ou adiantado. Mas cheguei!

Quando aqui cheguei, saí de cabeça para fora, porque a entrada era estreita, mas com a ajuda dum senhor, que não estava nu como eu e tinha óculos, que são aqueles vidros, em frente dos olhos; não é assim, que chamam aquela coisa? Ele lá me foi ajudando, também tinha umas coisas ; luvas, parece que é assim o nome, Ele tinha aquilo nas suas manápulas; sim eram bem grandes, e eu que o diga! Mas como ia a contar, eu depois de sair, olhei e vi tanto sangue, até pensei que coitada da mamãe, tinha ficado sem nenhum por minha causa! Então fiquei cansado, com algum receio daquele gigante, fiquei de bico calado, vai daí, como não abrisse pio, ele com aquelas suas mãos enormes, agarrou-me pelos meus pés pequeninos e tenrinhos, pôs-me de cabeça para baixo, e deu-me uma palmadinha no traseiro, e eu desatei a chorar, pois não lhe fiz mal algum e vai daí, deu-me aquelas palmadas, isso é que me ofendeu muito mesmo. Ainda pensei em lhe perguntar, porque me bateu, se era por não chegar a horas? Mas não me marcaram nenhum horário, por isso cheguei quando a minha mãe entendeu, visto que ela, é que me tinha bem guardado, no seu esconderijo.

Enrolaram-me numa coisa, que eu mais tarde, vim a saber que era uma toalha e vai daí, mostraram-me a todos os familiares e amigos deles; sim, porque eu não conhecia ali ninguém, a não ser a minha mãe, embora nunca a tivesse visto, mas tinha cá uma coisa, que me afeiçoava àquela senhora, que foi a primeira a ver-me, vi os seus olhos iluminarem-se, como se fossem dois faróis e caírem lágrimas de alegria, de seus olhos claros muito bonitos, como os meus. Depois foram a outra coisa, parece que chamam de cãsa de banho, ou banheiro, e ali, me deram um banho com agua morninha, limparam-me bem e vestiram-me, umas coisas a que chamam roupa, macia quentinha, e bem embrulhado, ( mas não me despacharam como com encomenda postal, e foram-me colocar, junto da tal senhora bonitinha, a minha mãe. Tudo isto é novo para mim, pois lá no mundo, onde passei uma data de tempo, ( eu ainda não sei distinguir aquilo a que chamam calendário, nem relógios nem tempo; é muita confusão sabem! Eu, no mundo apertado fofinho,onde vivi nada disto me preocupava. Eu comecei a choramingar e a agitar as mãos, então a senhora minha mãe, aconchegou-me muito a ela e abriu a sua roupa, retirou assim uma coisa volumosa, como uma bola e com o que parecia uma ponta de um dedo, que me enfiou na minha boca, mas eu não me entendia com aquele negócio, empurrava-a com a minha pequena língua, depois não sei como; comecei a chupar, (instinto, não é assim que dizem?) Então que coisa deliciosa, comecei a sentir correr um líquido, morno muito saboroso, como nunca tinha provado nada igual. Era mesmo bom, podem crer, que enchi o meu saquinho, (acho que os adultos, chamam estômago, depois comecei a sentir os olhos a fecharem, de tão consolado, que dormi uma soneca tão grande, que deixei de ouvir a barulheira, que fazem neste mundo cheio de claridade. Acordei não sei a que horas, nem sei se era tarde ou manhã, ou de noite, já disse que não entendo nada de tempos. Lá estavam mais visitas, emitindo sons, a que as pessoas adultas, chamam falar. Uns falavam sobre mim, ( eu era outra vez o mais importante) era parecido com este, com aquele, tinha os olhos do pai, tinha o nariz do avô, e tinhas as bochechas da avó, Eu não sei, como é que tiravam essas coisas, às pessoas de família, para me darem a mim! Eu não sentia nada, eu continuava a sentir o mesmo corpo, com que tinha chegado a este mundo estranho. Apenas me aninhava muito no colo de minha mãe, que era a pessoa mais amiga, que tinha tido até aqui, não sei porquê, mas mais tarde vim a saber. Claro que todos os meus familiares, eram muito meus amigos, a começar pelos avós e tios primos e outros pois eram acarinhado por todos, O meu papá não cabia em si de contente e já fazia planos para mim. Vejam só. Tenho muita pena, que muitas crianças hoje, não tenham este amor, e muitas mesmo, estão morrendo de fome, pela maldade de muitas pessoas, por haverem pessoas egoístas, sem amor. Mas eu um dia, quando for um homem, prometo lutar, para que todos sejam felizes.

São os desejos, de um menino que nasceu um dia destes. Beijos e felicidade, a todas as pessoas boas deste mundo, barulhento e com muita claridade. Mas com muita maldade

J. Rodrigues 06/01/2008

Galeano
Enviado por Galeano em 07/01/2008
Código do texto: T807430
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