A VELHA ESTAÇÃO
Caminho sobre os velhos trilhos daquele velho trem, que seguia em direção a velha estação. Estação do nada, onde acalento minhas saudades e me despeço do tempo!
Quantos amores foram vividos, cheios de encontros e despedidas na parada daquela velha estação. Estação de meus antepassados, que ali se encontravam em férias ou feriados!
Minha alma talvez já vivesse em tempos de outrora, passeando sobre a velha estação, porque me lembro tão claramente daquela moça em pé, a beira dos trilhos do trem a esperar seu bem querer!
Formosa e bela, a moça ansiosa esperava! Seu querido se aproximava e um sorriso despontava quando o trem ali chegava e devagar ele parava!
As portas todas se abriam e de lá desembarcava um nobre rapaz, cheio de desejos e vontades de lutas e de conquistas! Vontade de encontrar seu amor e fazer-la para sempre a mulher de seus sonhos, sempre, sempre a sua amada!
Os olhos brilhavam, ofuscavam seus olhares, sei que lagrimas rolaram de alegria, de amor, não era de amargor!
Um beijo despontava na aurora de seu viver! Este amor eu creio que fora real, pois eles dali saiam e em poucos dias se ouvia dizer, casou-se Maria com José!
Não era ilusão, por quase setenta anos viveram, tiveram seus filhos, netos e bisnetos, uma família imensa, todos pela estação passaram! A velha estação foi palco de tantos amores e também de desamores!
Pois nem todos tiveram a sorte de José e Maria, estas duas almas gêmeas que neste mundo se encontraram!
Um dia José faleceu e Maria pouco viveu, despediu-se deste mundo e na lembrança mais antiga que guardava, levou consigo o encontro decisivo de seu amor com José!
Foram felizes, amantes e amigos!
O amor talvez nascesse de um nada, uma estação que hoje não tem parada. Por mim passam carros; e o trem daquela velha estação já não existe mais!