O vermelho no muro
Um dia que ficou uma lembrança muito presente, e fiquei horas tentando entender o que realmente aconteceu, enquanto caminhava para a casa de uma bela mulher, em um bairro de periferia na Grande São Paulo.
Carregando nos braços o violão, enquanto o sol lentamente aquecia a rua sinuosa cheio de buracos na calçada. Sob os olhos de moradores mal encarados, eu seguia tentando entender a força que me levava á esse encontro.
Eu a imaginava linda dançando pra mim ao som de um arranjo flamenco.
De rosto sensual, altiva olhos negros penetrante e inquisidor, brilhando pareciam desejar.
Esse desejo fazia pulsar mais rápido meu sangue na jugular.
Eu caminhava rápido e excitado, com desejos me possuindo fazendo me lembrar o que havia dito a ela sobre isso. Sorrindo, ela disse -me que conhecia por tradição, passos básicos da dança, e que faria isso por mim.
Frente ao que acontecia ela seria um oásis de amor aquele dia, pois , eu a desejava muito mais.
Lembrando detalhes desde quando a conheci, caminhei sem pensar em consequências, em meus desejos, eu a via dançando de vestido, pulseiras coloridas e flor no cabelo, estava sob o controle dessa mulher, ela me seduziu com olhares gestos e um lindo corpo. E quando dúvidas receios se faziam em meu pensamento, eu ignorava. Havia motivos para não seguir em frente, mas uma força um imã me levava a ela. Não houve nada em nosso primeiro encontro, apenas olhares, desejos e vontades. Eu disse a ela, que transbordava jeito de dançarina, e rindo ela me respondeu, que havia sido iniciada em dança desde pequena, mas flamenco nunca havia experimentado, porém, conhecia o básico, e se tocasse ela dançaria. Aquilo firmou uma promessa, eu desejava aquilo. Me pus andar pelas ruas como louco caminhei, e as vezes parecia ter perdido a noção de onde estava, as ruas pareciam outro lugar. Andando me sentindo perdido e não sabia mais onde estava, parei, olhando em volta então notei que ia na direção certa.
Eu estava na esquina onde Sara morava, subi a rua em direção a casa , onde havia estado uma vez.
Meu coração batia ansioso, eu estava ofegante, pois, de momento afogado em desejos.
De repente, algo barrou meus sonhos.
Eu não acreditava no que via, muitos cacos de vidro, garrafas quebradas, e sangue no chão.
Eu olhei a casa, para confirmar se estava no lugar certo, aquilo realmente não parecia correr bem.
Algo me disse. Caia fora! eu sabia que havia algo errado, até que me aproximei do portão de entrada.
Muito sangue na maçaneta do portão, porém, aberto e entrei.
Subi as escadas preocupado em saber o que aconteceu.
Mais sangue nas escadas, e na porta haviam marcas de mãos com sangue.
Chamei pelo nome de Sara, e então uma vizinha saiu, me olhando com certo medo.
Ao me ver , disse; sem sair de dentro da casa parada na porta.
- Vá!! não há ninguém, ela se foi.. O que? eu disse a ela:
-O que aconteceu? Onde esta Sara?
A vizinha me encarando bateu a porta e entrou, então fiquei sozinho na cena.
Desci olhando o chão, e o que me chamou a atenção foi o muro de frente a casa.
Uma cruz na parede feito com sangue, ou tinta...
O desfecho de uma dia de amor que não aconteceu.
A cena sinistra em frente a casa, a cruz de sangue também.