X,Y,Z


     Os comandantes decidiram exterminar seus inimigos na manhã seguinte tão logo o sol nascesse. Os comandantes achavam que um ataque de surpresa acabaria com a guerra. Os comandantes sempre acham que estão com a razão assim como acham que o sol e a lua foram criados para facilitar os seus planos.Os comandantes expediram uma ordem mandando que todos fossem avisados. Cabos,vassouras, baldes,sargentos e coronéis,cães e vermes, bruxas e fadas, baionetas, tanques e metralhadoras, vacas, facas,faquinhas e falcões,todos foram avisados e se prepararam escrevendo cartas para casa. Todos ficaram sabendo antecipadamente menos Xisi e Ypsi. Xisi sempre estava ausente e Ypsi nunca estava presente. Eram poetas e faziam das desimportâncias importâncias, desimportando-se das importâncias.

     Antes que o sol nascesse os comandantes levaram suas tropas para o local da contenda. Os comandantes ficaram surpresos ao se encontrarem no mais belo dos campos do país de Zêpolis. Os comandantes se sentiram perdidos e por um instante pensaram com saudades nos seus campos, os campos de Xisópolis e Ypsilândia. Os comandantes se sentiram perdidos, mas sonhando com um resto de esperança mandaram seus homens tomarem posições. Os comandantes deram ordem de atirar e se colocoram na retaguarda. Os corpos distraídos de Xisi e Ypsi foram os primeiros a tombarem.Os corpos dos comandantes foram os últimos a caírem.Depois que tudo acabou os Zepolitanos armaram uma grande fogueira e se puseram a dançar e a cantar até que na tarde do dia seguinte os comandantes se levantaram e mandaram  buscar novas tropas para recomeçarem a guerra.


     Enquanto isso duas novas estrelas surgiram nos céus de Xisópolis e Ypsilândia.


(esta história foi publicada há muitos tempo atrás pela extinta revista  literária Escrita, de São Paulo)