Desjejum em Dastamar
Na manhã seguinte, vestido com a tradicional túnica vermelha sobre camisa e calças pretas dos armeiros da Caríngia, Romar de Noranto desceu para a tenda armada no pátio do castelo. Lá, já encontrou à sua espera a dedicada Ulanir, vestida da mesma forma mas com uma faixa branca amarrada na cintura em vez do cinturão, que lhe perguntou o que queria para o desjejum.
- Temos essa opção? - Indagou, de bom humor. - Na guilda, lá em Tectumca, ou você come papa fria de aveia ou fica sem refeição.
- Temos papa de aveia, mas também ovos mexidos de pítima, frutas das Terras Baixas e até araquí frito - enumerou a dedicada. - E para acompanhar, você pode optar pela cerveja local, hidromel de Doleno ou leite de vaca.
- Acho que vou ficar mesmo com a papa de aveia, para não quebrar a tradição de frugalidade dos armeiros, mas poderia também me conseguir uma jarra de leite e um pote de frutas? Gosto de beliscar enquanto estou fazendo projetos...
- Então já temos projetos para iniciar? Sinal de que a conversa de ontem rendeu - aprovou Ulanir, saindo da tenda. Voltou pouco depois com um pajem que trazia uma bandeja de madeira com a refeição solicitada - e mais dois pães chatos e redondos.
- Não sabia que estavam fazendo pães esta manhã, deve ser para comemorar a sua chegada - comentou em tom de troça.
- Suponho que trouxe dois para me fazer companhia - avaliou Romar, sentando-se à mesa. Ulanir sentou-se em frente a ele e partiu um dos pães em dois pedaços, dando-lhe um.
- Deviam fazer pão mais vezes - aprovou a dedicada, de boca cheia.
- O trigo vem de longe - ponderou Romar, mastigando um bocado. - A produção das Terras Baixas não é suficiente para atender a população do reino; ainda bem que a de aveia e batatas compensa.
- E sobre os projetos, o que o preboste Nondar tem em mente? - Indagou Ulanir, enchendo-lhe a caneca com leite gordo.
- Vamos começar os trabalhos aqui mesmo, em vez de descermos para a armaria em Ras Andor - informou Romar, bebendo uma golada de leite. - Mas nosso primeiro projeto não será exatamente uma arma, mas um amplificador.
- Amplificador? De que tipo? - Ulanir o encarou, intrigada.
- Um amplificador de mana. Sim, sei que vai me dizer que todo charlatão de feira afirma ter um para vender, mas nunca tentaram usá-los com alguém concebido sobre uma pedra de raio.
Ela apontou-lhe um dedo, incrédula.
- Você?
- Eu mesmo - confirmou o rapaz, começando a comer a metade do outro pão.
[Continua]
- [06-11-2020]