Uzumaki: O Recomeço - 03
- Não sei se foi uma boa ideia entrar nesta floresta, senhor – Onori estava claramente tenso e observava a floresta em volta. Uma densa neblina pairava em meio as árvores, dificultando a visão.
- Tenha calma, Onori – falou Tsubara, demonstrando seu perfil racional – É comum fenômenos assim acontecerem em florestas densas e úmidas como esta. Não perca o foco, estamos seguindo uma pista bem interessante. Pense comigo, uma velha com cabelos de fogo pode muito bem ser simplesmente alguém com exóticos cabelos vermelhos. A superstição tem o poder de criar imagens sinistras.
Nessa hora a dupla começou a ouvir uma estranha voz sussurrante carregada pelo vento. “Esse é um lugar proibido”, “Fujam se não quiserem morrer”, dizia a voz repetidas vezes. Nesse intervalo a neblina ficou mais densa e o cavalo empacou, orelhas em pé, e não avançou mais.
- Isso não me parece nada supersticioso, senhor. Alguma coisa não nos quer aqui.
- Bom, pelo jeito vamos ter que seguir a pé. Deixe a carroça aí e sigamos em frente. Mas prepare-se pois poderemos precisar usar nossas armas – Tsubara ajeitou sua espada curta na cintura e Onori, se perguntando se o jovem a sua frente era tão temerário assim, puxou um arco das costas e preparou uma flecha.
A medida que prosseguia no caminho, Tsubara se convencia de que a neblina, e muito menos a voz na floresta, não eram naturais. Pelo jeito as histórias dos aldeões sobre a “bruxa” eram verdadeiras. Alguém com estranhos poderes (talvez habilidades shinobi?), estava produzindo aqueles efeitos no ambiente. Tsubara sabia que ele e Onori tinham muito pouca afinidade com as armas, e se houvesse a necessidade de entrar em combate direto eles estariam em maus lençóis. Mas precisava seguir em frente se quisesse obter respostas a esse enigma.
Não demorou muito e a dupla avistou uma estranha figura entre as árvores, encoberta pela neblina. A figura tinha uma silhueta humanoide e seus cabelos, brilhando como se tomado por chamas, agitavam-se ao sabor de um vento sobrenatural.
- Cuidado, senhor, para trás – Onori se posicionou a frente de Tsubara e fez mira, pronto para disparar uma flecha.
- Espere, Onori, quero fazer contato – disse Tsubara, tomando a frente do amigo.
- Não faça isso, senhor, precisamos recuar. Aquela coisa não está para brincadeiras.
- Peço desculpas se entramos em seu território – falou Tsubara, ignorando os alertas de Onori – Me chamo Tsubara Gonju e venho do País do Redemoinho numa jornada em busca de respostas e acho que você pode nos ajudar.
- Não devo resposta a ninguém – respondeu a figura – Agora saiam da minha floresta ou sofram as consequências.
Grandes olhos vermelhos surgiram envoltos na neblina, acima da figura. Logo depois uma imensa criatura alada apareceu, soltou um grito estridente e voou em direção dos amedrontados visitantes.
- Fuja, senhor – Onori gritou, empurrando Tsubara para trás, e disparou uma flecha.
A flecha não incomodou a criatura, que continuou voando até pairar por cima da dupla, provocando uma forte ventania com as enormes asas, e soltou mais um grito assustador, fazendo Tsubara e Onori caírem sentados no chão.
- Eu só estou a procura do clã que viveu em meu país, o clã Uzumaki – gritou Tsubara, suplicando – Por favor, não nos machuque.
- Muito bem, Sora, pode recuar, eles não são ameaça – a criatura pousou, fazendo o chão tremeu levemente com seu peso, e encarou os humanos com seus grandes olhos. Era, na verdade, uma imensa coruja.
Paralisados de susto, Tsubara e Onori viram quando a figura saiu do meio das árvores e se aproximou devagar, tomando a forma cada vez mais clara de uma pequena senhora, vestida num manto, com longos cabelos de um ruivo intenso. Seu rosto, com olheiras e rugas, não disfarçava a idade avançada. A mesma parou ao lado da coruja e falou.
- Você disse clã Uzumaki? O que sabe sobre eles?
- O que sei sobre a Vila do Redemoinho e do clã Uzumaki é o que li nos poucos pergaminhos que consegui e na memória dos mais antigos. De fato não sei muita coisa do passado, apenas que foram destruídos em suas raízes e que podem existir sobreviventes, mas sei o que quero para o futuro: uni-los outra vez e reconstruir o clã.
Ao ouvir o comentário de Tsubara, a anciã deu uma gargalhada e olhou para a grande coruja ao lado.
- Muito bem, Sora, velha amiga, pode ir agora. Esses aqui não são ameaça.
Ao comando da senhora, a coruja acenou com a cabeça e desapareceu numa explosão de nuvem branca.
“Uma invocação. Eu sabia, minha intuição estava certa. Essa senhora é uma kunoichi” pensou Tsubara, contente.
- Venham, me acompanhem, vamos dar um passeio – disse a senhora enquanto caminhava e acendia um cachimbo.