O salvador

O SALVADOR
Miguel Carqueija



            Amarrada a uma árvore, conforme exigia o protocolo, a linda Princesa Ruth assistia, angustiada, ao combate feroz entre o terrível dragão cuspidor de fogo e o cavaleiro andante com sua espada, armadura, escudo e corcel. O paladino pedira a mão da jovem ao rei, e enfrentava a necessária prova lutando contra o dragão que aterrorizava o reino.
            Após alguns minutos de combate furioso o cavaleiro levou a pior e, perdida toda a coragem inicial, junto com elmo, espada e escudo, bateu em retirada ignominiosamente, abandonando a princesa à própria sorte.
            Os guardas do rei, espantados com o desfecho (ninguém esperava que o paladino do reino perdesse a parada) ainda tentaram atacar o dragão com suas lanças, mas foram levados de roldão pela cauda do bicho e dispersados pelas suas chamas, e também montaram em seus cavalos e fugiram. Amordaçada, a princesinha não podia nem gritar, mas arfava de comoção.
            Depois que o homem e seu cavalo e também a escolta real sumiram o dragão voltou-se para a jovem e, cuidadosamente, cortou com os dentes as cordas que a prendiam. Com as mãos livres, Ruth retirou a mordaça e jogou-a ao chão. A princesa então abraçou-se carinhosamente ao pescoção do monstro e murmurou:
            — Oh, meu querido dragãozinho, meu herói! Você me salvou do terrível destino que meu pai quis impor: casar-me com aquele estafermo! Agora você e eu podemos partir pelo mundo, em busca de aventuras.
            O réptil se agachou, ela montou nele e lá se foram ambos pelos ares, felizes da vida...
 
(Rio de Janeiro, 30 de julho de 2008, acréscimo em 24 de agosto de 2020)



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Miguel Carqueija
Enviado por Miguel Carqueija em 20/08/2020
Reeditado em 02/11/2020
Código do texto: T7040871
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