SUÍTE 146
Identifico-me. Recebo, então, as chaves e permissão para ir. Seguro-as bem forte, respiro fundo e sigo.
Sei que está muito cedo, mas a impaciência não me deixou esperar. Abro a porta e deparo-me com um belo quarto.
Dou uma volta olhando os detalhes e por fim sento-me em uma poltrona em frente a um grande espelho todo iluminado. Resolvo me maquiar, quero estar muito bonita e agradar verdadeiramente.
Agora já estou maquiada, penteada e bem bonita. Olho o relógio e penso: Meu Deus porque cheguei tão cedo? Como as horas demoram a passar.
Vou até a cama e resolvo espalhar pétalas de rosas para que fique bem sensual. Aproveito e jogo algumas pelo chão também. Isto ajuda a passar o tempo.
Abro minha bolsa e retiro de lá duas fantasias: uma de dançarina e outra de enfermeira. Estou em dúvida, mas ele disse-me que teria carta branca para fazer o que achasse melhor, a única exigência era que teria de ser inesquecível. Decido-me pela dançarina.
Estou com as mãos geladas e trêmulas. Meu coração às vezes pulsa feito louco, outras vezes, parece estar parado. Será que vou passar mal? Nem pensar.
Visto-me. Olho no espelho o resultado. Ficou bem diferente e bonito. Passo perfume, é para dar sorte. Lembrei! Jogo também perfume pelo quarto, dizem que ajuda a dar um clima de que tudo vai dar certo.
Meu Deus tomara que ele goste. Tudo tem que estar acima do que é esperado para que seja realmente uma noite inesquecível.
Está quase na hora. Estou tão ansiosa que mal consigo respirar.
Ouço três batidas leves na porta. Meu coração dispara, e minha Nossa Senhora, sinto meu estômago contrair, como se recebesse um soco.
Respiro fundo, vou até a porta e digo: Pode abrir.
As cortinas se abrem, luzes acendem, o público aplaude. E começa a peça onde toda arrecadação será doada.
Enfim, chega o final. Estou tensa. O público aplaude de pé. Olho para o lado e vejo o diretor, também de pé, aplaudindo e gritando de alegria.
Fico feliz, ele afinal gostou de tudo que planejei.
Jogo-lhe um beijo enquanto as cortinas estão sendo fechadas.
Rosita Barroso
11/10/2007