O QUARTO MÓVEL

Morava num casarão um quarto que simplesmente não aceitava a condição da imobilidade. O casarão situado na região de Minas Gerais pertenceu a um Senhor de engenho. Atualmente tombado e transformado em museu histórico. O Quarto Móvel vivia curioso para saber o que tinha dentro dos outros quartos. O casarão possuía seis quartos. Sendo muito caprichoso, o Senhor de engenho mantinha todos os quartos impecável, pinturas novas e adereços elegantes temporários ou permanentes, exceto um. Além serem palcos de festas, jantares, sempre preparados para receber hóspedes e pessoas de negócios.

Um dos quartos um era decorado para receber os amigos, nele o Senhor exibia o resultado do seu esporte favorito, vestia este quarto de quadros de paisagens de matas e bichos; pendurava na extensa parede cabeças de animais; em diversas mesas colocava animais empalhados. Recheava a decoração contando estórias e estórias das caças para os amigos. O Senhor de engenho sempre estudou em boas escolas, possuía gosto pela cultura, razão de ter um quarto sem decoração, simples, dedicado uma biblioteca farta de livros de diversos títulos, que servia a todos, aqueles que tinham cobiça pela leitura e alguns estudantes para pesquisa. Como era muito conhecido e benquisto pelo Brasil o Senhor reserva três luxuosos quartos para hóspedes para curtas estadas.

Todos os quartos guardavam no íntimo, estórias a serem contadas e, reclamações a serem feitas, as mais notáveis eram do Quarto Móvel. Muito curioso, vivia imaginando o que acontecia nos outros quartos. Sentia-se triste por está isolado no casarão. O Quarto Móvel localiza-se na parte sombria do casarão algumas horas do dia, mau cuidado, enfim, jogado as traças, sem nenhum adereço que pudesse deixa-lo alegre e, ainda tinha a função de abrigar objetos em desusos, restos de materiais e outras coisas que não servia aos humanos. O que sopesava a sua tristeza de isolamento e maus tratos, que apesar de sombria da sua localização tinha o privilégio de ser banhado pelos raios solares entre dez e onze horas no período da manhã. Todo o dia sonhava em ter mobilidade, para realizar seu sonho, conhecer os outros quartos por dentro e também observar comportamento deles, e como eles serviam aos humanos. Seu desejo era tão intenso, certo dia acordou com o dia radiante, os raios do sol parecia dançar com a brisa, sentiu logo que aconteceria algo de bom naquele dia e instantes depois ouviu uma voz terna, porém, firme:

___Chega de inquietude!

Você ganhará mobilidade e poderá realizar seu sonho, com a condição a ser discreto. Muito afoito, imediatamente, começou a mover-se em visitas aos quartos.

Era temporada junina, o casarão estava em festa, os amigos do Senhor de engenho estavam aproveitando as festas juninas, os quartos hóspedes estavam cheios. Tudo perfeito, noite maravilhosa para visitar e satisfazer a sua curiosidade, então, começou grande passeio. Muito observador, já que oportunidade era única, teria que aproveitá-la no máximo sem fazer alarde. Pensou, visitarei primeiro os quartos de hóspedes, conhecendo um, conhecerei todos os de hóspedes. As paredes com tinta nova, com alguns quatros e adereços que a temporadas demandava. Por derradeiro, conversou um pouco com ele, tinha reclamação, apesar da boa aparência servia para uma única finalidade, receber amigos do seu dono e, que não gozava dos raios solares em nenhuma hora no dia. Saiu do primeiro passeio entristecido.

No dia seguinte o Quarto Móvel, foi visitar os quartos da biblioteca ficou encantado com tantos livros de diversos títulos. Terminou passeando no quarto que era o xodó do Senhor de engenho, observou a exposições de animais empalhados, ficou triste, mas não disse nada. O Senhor sempre que recebia parentes ou amigos levava para este quarto e não os deixavam saírem sem ouvi uma estória de caçador. O quarto xodó queixou sobre a covardia que seu dono fazia em caçar e matar animais, por diversão, o Quarto Móvel concordou com a queixa, repudiava esse tipo favoritismo. Proseando o com quarto da biblioteca, estava feliz, era o único palco de cultura daquele lugarejo, recebia crianças e adultos, uns interessados em aprender mais, outros para entretenimentos. Só tinha uma queixa a fazer: quando chovia seu assoalho ficava alagado pela chuva.

O dono da voz melodiosa observando a desenvoltura do Quarto Móvel resolveu agraciá-lo com uma ocupação mais nobre, recepcionar os visitantes do museu.

Para não causar nenhuma indagação, sobre feito, depois da última

visita, o Quarto Móvel estava alegre e tranquilo, quando ouviu novamente a mesma voz:

__agora acabou seu encanto, retornarás ao estado primitivo, premeditarei o seu futuro, todo o casarão será transformado num museu, você será a sala de recepção.

Além de ter realizado seu sonho, aquela era melhor notícia da sua vida, pois, julgava-se com o perfil para agrada todos os visitantes do futuro museu.

Luiz Fabriciano
Enviado por Luiz Fabriciano em 16/03/2020
Reeditado em 07/08/2020
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