Aquela menina, pobre lobo e o caçador

Existia uma casinha bem bonitinha

Naquela casinha morava uma menininha

Aquela menininha morava sozinha

Aquela casinha era cercada por um bosquinho

Naquele bosquinho morava um lobinho

Mas aquele lobinho era bonzinho

De tão bonzinho ele era que a menina ainda vivia

Mas existia um caçador que era mal

Mas era tão mal que matou todos os outros lobos e a família da menininha.

Aquela menina vivia com medo, o pequeno lobo era covarde e o caçador apenas cruel!

Durante anos o lobo correu, a menina se escondeu e o caçador esperou.

Esperou até que seus olhinhos começaram a cansaram de ver o mesmo circulo, o mesmo breu.

O lobo decidiu que nada mais valeria a pena, tinha que tomar uma decisão: ser o mal que o persuadia ou ao menos enfrentar seu medo daquele que o caçava.

O caçador decidiu que jamais alcançaria o maldito lobo. Alguém já o deveria ter pego. Ele estava de olho na garotinha de olhos vibrantes e capa vermelha que roubava seus morangos na luz furtiva da manha.

Já a garotinha tinha sempre morangos aos lábios. Afinal, algo naquele corpo mínimo deveria ser convidativo o bastante para que alguém, seja lá quão desvairado fosse, a desejasse em seu ninho.

E assim o dia-a-dia continuo até aquela fatídica noite de lua vermelha.

O Bosque foi invadido pela cidade, os animais caçados silvestres foram caçados, o lobo buscava escapar.

O caçador era agora apenas mais um. Mais um entre dezenas de caçadores, na sua grande maioria igual, mas alguns com destaque. O caçador desolado decide se isolar e abandonar as armas. Começa a viajar pelas florestas e bosques buscando o perdão dos espíritos por ele acordados.

Bom.... E a garotinha?

Ela cresceu e se desenvolveu, sua solidão só aumentava, mas sua cama agora era visitada com mais freqüência. Aquele aperto no peito só aumentava aquela solidão a assolava em todos os momentos do dia. Desesperada ela decide fugir usado sua capa vermelha e sua cesta de colher morangos e maças!

E ela seguiu para o Sul, levando apenas uma capa e uma cesta. Seus desejos ardiam em seu inconsciente. Ela queria uma família, queria pertencer a algum lugar, mas lá no fundo ela sempre soube que nem sua cama a ela pertencia.

Adentrou a uma casa abandonada certa vez, vazia e sóbria havia meses. Pertencera a uma velha louca e muitos diziam que o problema era a casa. A casa enlouquecia a qualquer um.

Seu estomago deu um salto assim que tocou no assoalho. Havia mais alguém no quarto...... Seria bom ir lá averiguar?

Enquanto subia as escadas o vermelho intenso daquela capa a deixava tonta, então quando bateu os olhos na cama e viu um lobo ali aninhado, ela perdeu o equilíbrio e caiu próxima a escada.

Um lobo adulto com a boca manchada de sangue alem de exibir uma espécie de sorriso na cara. Uma cena tenebrosa!

Ela tenta gritar, mas sua voz é abafada pelos ruídos de sua queda perto da escada. O lobo apenas a observa, esperando o momento certo para atacar.

Caminhando por um bosque distante o caçador escuta um grito forte e estridente. Acordado de seu transe ele começa a correr em direção a esse grito.

A garota começa a correr em direção a porta da sala da casa, mas percebe que o lobo ainda esta aninhado na cama, que ele ainda não se mexeu. Algo de estranho acontece naquele casebre.

O lobo apenas observa e espera, em mais alguns instantes ele poderá se mover.

Depois de correr um pouco o caçador já começa a enxergar um casebre ao lado da antiga estrada, depois de dar alguns passos ele nota que algo de ruim já aconteceu. Olhando em volta da estrada ele encontra uma capa vermelha e uma cesta jogadas ao lado de uma trilha antiga. Ambas estavam manchadas de sangue fresco!

A garota continuava a correr olhando para a porta entreaberta, ao chegar perto ela observa que um homem perto da estrada esta segurando uma pele de lobo em uma das mãos. Ela começa a gritar, mas percebe que ele não pode ouvir.

Depois de alguns instantes o lobo percebe que finalmente pode se mexer, agora estava liberado de seu estado de torpor, com um pulo ele sai da cama e muito devagar começa a se aproximar da garota.

O caçador começa a olhar para o casebre e nota que duas sombras estão lutando dentro dele. Uma em forma de lobo e a outra em forma de garota. Desesperado ele tenta se aproximar, mas não consegue. As sombras dançam um ritual macabro.

A garota percebe o ultimo instante que o lobo estava em sua costa e não consegue se desviar de seu ataque sendo derrubada pela força do lobo.

O lobo esta satisfeito, em breve ira se alimentar, já fazia dias desde que apanhara aquelas duas crianças perdidas no bosque, antes da menina chegar ele estava roendo os ossos de ambos. Mesmo tendo dado trabalho, os dois provaram ser apetitosos!

A luta estava para acabar, a garota não agüentava mais se esquivar dos sucessivos ataques do lobo, seu corpo estava todo cortado!

O lobo estava sorridente, apenas mais um golpe e tudo terminaria. Quando finalmente a garota desabou e ele se preparava para morder sua garganta, ele sentiu algo quente pingando em sua costa, era seu próprio sangue. O caçador havia conseguido entrar na casa e com um machado golpeara o lobo.

O caçador quando conseguiu se libertar daquele estado de medo e terror, saiu correndo feito um louco em direção a casa, depois de procurar ele achou um machado enferrujado ao lado da porta dos fundos. Portando o machado e andando bem devagar ele chega até onde às duas criaturas estão lutando, com um golpe certeiro ele acerta o lobo que não percebe o que aconteceu. Depois de perceber, o lobo tenta sair correndo, mas é abatido com mais um golpe de machado

Ao olhar bem para a parte de dentro do casebre, o caçador percebe que a outra criatura nada mais era que aquela garotinha de anos atrás. Compadecido com sua situação, ele decide salva-la e cuidar de seus ferimentos.

Depois de longos dias, a pequena garota acorda...

Fernando Trevisan
Enviado por Fernando Trevisan em 28/01/2020
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