Festa na floresta

A Festa na Floresta.

Eu vos direi "Amei para entendê-las

Pois só quem ama pode ter ouvidos

Capaz de ouvir e entender as estrelas."

Olavo Bilac

No meio de brincadeiras, músicas, danças e encontros acontece o primeiro baile na floresta. A Sereia Uiara ou Iara e o Boto Cor de Rosa acabam se conhecendo.

Noite quente, céu estrelado, lua cheia, o som melodioso do vento e o balançar das árvores tornam o lugar naturalmente coberto de magnetismo e encantamento. Começam chegar os convidados: a Cuca, a Mula Sem Cabeça, Negrinho do Pastoreio e até o Lobisomem. Convidados de todos os lados e habitantes de todos os lugares. Sejam eles guerreiros, curandeiros, visitantes e estrangeiros.

A dona Cuca com aparência assustadora cabeça de jacaré e cabelos desgrenhados foi a primeira a chegar. Sempre intransigente e negativa, berrava que a noite seria um fracasso querendo assustar e espantar os convidados.

Saci Pererê, caminha através das flores sejam elas bromélias, jasmins, antúrios ou vitórias régias e consegue chegar ao local da festa. Integra-se rapidamente ao grupo; dança lépido e festivo com uma perna só, capuz vermelho na cabeça e o cachimbo no canto da boca. A Mula Sem Cabeça esquece seu destino e aparência assustadora e faz a opção pelo bom humor , brinca sem aterrorizar ninguém. Todos cantam e dançam ao som dos Tambores das Florestas e do Carimbó.

Junto a Vitória Regia encontra-se a Sereia Iara ou Uiara, um pouco desintegrada do grupo, pois não pode dançar. Esta acostumada a solidão dos rios e florestas onde exerce seu poder atrativo. Senta-se ao seu lado o Boto Cor de Rosa, elegantemente disfarçado de terno branco e chapéu na cabeça, sempre gentil e charmoso. Os dois trocam olhares tão intensos e brilhantes que iluminam estrelas do céu. A Sereia começa a cantar e é compreendida pelo Boto e o diálogo vai além das palavras. O Boto guarda a fantasia de sedutor e mostra-se perspicaz, sutil e poético.

A festa continua com frutas para comer, chás para beber . E acontece o inesperado o Boto disfarçado de malandro e a moça revestida de sereia, apaixonam-se. Este amor continua por muitas festas. Um amor que durará a eternidade tão eterno quanto os poemas e as estrelas.

Iara Maria
Enviado por Iara Maria em 13/02/2018
Reeditado em 14/02/2018
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