Leiva na Serra do Mar
Voltando para casa, Leiva pensava o que faria agora de sua vida; a oficina era de seu pai, seu irmão médico trabalhava no Rio de Janeiro, sua irmã professora lecionava em Minas Gerais, e ele solteiro, quase quarenta anos, trabalhava com seu pai reparando computadores em Moema, São Paulo onde com ele aprendera as técnicas necessárias. A visita que fizera ao cemitério, era para comemorar um mês do falecimento de seu genitor, agora teria que tocar a pequena oficina junto com seu auxiliar Jonas, que também havia aprendido ali a consertar os aparelhos defeituosos. O mês passara veloz, e a ausência de seu pai fora sentida, conversou com Jonas e os dois pensaram em entregar os aparelhos consertados e tirarem umas férias, e depois pensar que fazer. Assim foi feito, com o dinheiro arrecadado Leiva foi até uma agencia de viagem e vendo os papeis de propaganda optou por um vilarejo na Serra do Mar. No dia seguinte pela manhã colocou sua bagagem no porta malas e avisou o porteiro que iria se ausentar por uma semana, qualquer correspondência poderia ser deixada ali com ele, Leiva habitava o sétimo andar. Depois de duas horas de viagem chegou na pousada agendada, e foi recebido pelo porteiro que o ajudou a retirar a mala do carro e o levou para o estacionamento. Leiva deu uma olhada ao redor e ficou maravilhado com a paisagem, era uma sucessão de montanhas, e depois da chuvarada a neblina subia qual nuvem rasteira rumo ao céu. Fez o checking recebeu as chaves do apartamento e seguindo o rapaz com a mala foi até um corredor que o levou a um local com uma cama aprazível e uma varanda que descortinava ainda mais aquela paisagem vista antes. Leiva ali ficou olhando tudo aquilo e pensou se ali não pudesse consertar computadores também.
Descansou um pouco e quando na hora do almoço foi ao restaurante viu que poucas pessoas ali se encontravam, estava com fome e assim que sentou o garçom lhe entregou o menu, escolheu o prato de depois de alguns minutos uma quente refeição chegava à sua mesa fumegante e apetitosa. Olhou seu celular e viu que seus irmãos não haviam ainda respondido à suas mensagens, o deixou ligado sobre a mesa e saboreou com avidez aquela rica refeição de verduras que lhe ofereceram.
O garçom lhe trouxe um pequeno livro guia, que ele poderia ficar com ele para desfrutar de passeios patrocinados pela pousada ou caminhar a pé pelas pequenas vias que se localizavam diante da pousada.
Leiva gostou, pois além de mapas tinha também fotos de locais encantadores, foi até o balcão e agendou uma excursão que no dia seguinte iria sair bem cedo. Voltou ao dormitório escovou seus dentes e se jogou na cama dizendo: Isso sim é que é vida!
Ficou ali alguns minutos, não quis ligar a TV e saindo da pousada viu uma cafeteria alguns passos adiante, foi até lá e pediu um café simples, a moça lhe trouxe e disse-lhe que podia sentar do lado de fora se quisesse, ele com a xicara nas mãos foi até uma mesa pequena e ali sentando-se foi saboreando o liquido negro que lhe despertava da lerdeza do depois do almoço. Viu um homem saindo da cafeteria com um computador sob os braços e dirigindo-se para um carro estacionado ali próximo, Leiva pensou em interroga-lo sobre o que havia com seu computador mas ficou na sua e disse: Aproveite suas férias...
Ali ficou alguns minutos bebendo o café e lendo a revista dada pelo garçom, quando viu que o homem retornava, chateado e com o computador em seus braços adentrou a cafeteria, Leiva pegou sua xicara e voltou ao balcão viu que o homem conversava com uma senhora, logo depois veio até ele e perguntou se poderia ser útil, Leiva disse um café quanto é?
Quatro reais disse o Sr. Leiva pegou uma nota de 5 e dando ao senhor lhe disse: O que houve com aquele computador? O homem lhe respondeu que quando o ligou pela manhã para começar a fazer seu imposto de Renda, o mesmo não lhe permitiu acessar a internet, e levando-o ao técnico, o mesmo estava fechado por luto em família, Leiva lhe disse então que era esperto nisso e se ele quisesse poderia ajuda-lo, O homem lhe disse o Sr. Caiu do céu, venha me acompanhe até meu escritório...
Leiva o ligou e acessando a internet verificou que um vírus havia entrado na maquina, fez uma varredura, e instalou um antivírus que sabia ser grátis e depois de uma hora o computador estava novinho em folha.
Machado, esse era o nome do dono do computador apertou suas mãos e lhe perguntou quanto era. Leiva lhe disse que dois cafés pagariam tudo. Machado disse à balconista que para aquele senhor o café seria uma cortesia da casa.
Os dois sentaram-se fora da cafeteria e ali entabularam um longa conversa que durou até o entardecer, Machado o colocou em seu carro e o levou até um bar onde outros residentes ali estavam depois de suas atividades diurnas, o apresentou aos demais e falou-lhes das qualidades de Leiva com computadores, mais falava e mais lhe perguntavam, eram empresários que faziam vinhos, cervejas, queijos, linguiças e demais produtos granjeiros e volta e meia tinham problemas com seus computadores, Leiva lhes contou sua historia e foi interessando-os saber que ele era solteiro e independente, e poderia muito bem fazer parte daquela comunidade que necessitava de técnicos como ele.
Leiva agradeceu, mas, disse: esperem eu terminar meus passeios programados, eles sorriram e olhando-o livro que ele tinha em suas mãos disseram: Então a gente se vê antes do que você pensa, sorrindo lhes disseram que aqueles locais onde ele iria passear eram suas casas, hortas e adegas onde eles o estariam esperando.
Jonas em Moema, teve que contratar mais dois auxiliares, pois Leiva já havia dois anos que estava ausente.
E o porteiro ligou para uma imobiliária oferecendo um apartamento para alugar no sétimo andar.
FIM.