O GRANDE FAUNO DOURADO
No meio da floresta de cores abusivas e já adormecidamente cinza-esverdeadas, sons suaves começam a surgir, como por encanto. Ninfas azul acobreadas e faunos tonalizados de ocre apastelado e marrom suave, começam um baile festivo, como se a música os tomasse de repente. Flautas adocicadas eram ouvidas e muitos véus e sedas flutuavam nas vestes das lindas ninfas da floresta encantada. Os animais notívagos apenas observavam o enlevo dos bailarinos, serenos e calmos, um espetáculo gostoso de assistir.
Naquele pequeno espaço descampado cheio de vida noturna, em meio à árvores frondosas e centenárias, com seus segredos e mistérios, eram abrigados não só faunos e ninfas e os animais, era morada de um ser confuso, sorrateiro e cruel, misto de monstro e réptil pegajoso e com pequenas asas negras, eternamente faminto por beleza, coisa que lhe faltava por demais. Vivia se escondendo entre as folhas, espreitando e esperando o momento certo para atacar um belo ser desavisado, quando dava seu bote, sugava da linda criatura sua beleza, a deixando ressequida tal qual, um galho seco. Todos na floresta a conheciam e mantinham a distância mais segura possível, mas, às vezes, alguns afrouxavam a guarda e eram abatidos, para tristeza dos seres da floresta.
Só havia um ser que poderia exterminar este ser assustador, o Grande Fauno Dourado, de imensos chifres afiados, mentor e protetor dos seres da floresta encantada. Como os ataques da criatura eram espaçados o Grande Fauno Dourado ainda não havia tomado uma atitude drástica em relação a ele, mas, já lhe dera alguns avisos emblemáticos, avisando que se acontecesse mais algum caso ele seria queimado na fogueira sagrada, sumindo de vez da face da Terra.
A criatura sorrateira, estava faminta e resolveu que nesta noite festiva faria um ataque em surdina, bem no auge do baile encantado, escolheu sua nova vítima, esquecendo-se dos avisos recebidos do Grande fauno Dourado. Uma ninfa jovial e vestes azuladas esvoaçantes, linda de se ver, talvez cansada de dançar, se afastou ligeiramente de seus pares e foi a última vez que seu suave sorriso foi visto.
Ao final do baile, quase raiando o dia, suas parceiras deram por falta dela, e na busca encontraram seu corpo ressequido sob as vestes azuladas, estendido por trás de um grande arbusto, que como clarear do dia, ganhara tons esverdeados mais brilhantes, foi uma grande tristeza para todos. O Grande fauno Dourado foi avisado e com o dom poderoso que tinha, fez surgir no espaço descampado a fogueira sagrada, e como num passe de mágica, todos observam a criatura pegajosa e sorrateira caindo em meio ao fogo reluzente, urrando de dor, queimando até virar uma cinza escura e fétida, então, desapareceu, resguardados os dias de um tipo de luto pelo fim trágico da ninfa de vestes azuladas, o Grande Fauno Dourado, decretou um dia inteiro de celebração pelo acontecido.
Para que a data ficasse marcada, todos os pássaros coloridos da floresta, bem como os mais brilhantes pirilampos, foram convocados, para que além de música, a festa ficasse bem iluminada, foi uma linda comemoração, muitas frutas e manjares foram consumidos, e tudo retornou ao normal, naquela floreta encantada, agora, sem a sombria presença da criatura pegajosa, para amedrontá-los.
Se existissem anais na floresta para se escrever esta história, com certeza ela ficaria gravada para sempre, na floresta protegida pelo Grande Fauno Dourado.
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 07 de janeiro de 2016.(revisado)
(Esse texto é parte integrante de um e-book de coletâneas de textos - fantasia/fantástico - para o qual fui convidada a participar, pelo poeta Miguel Carqueija, o que muito e honrou)
No meio da floresta de cores abusivas e já adormecidamente cinza-esverdeadas, sons suaves começam a surgir, como por encanto. Ninfas azul acobreadas e faunos tonalizados de ocre apastelado e marrom suave, começam um baile festivo, como se a música os tomasse de repente. Flautas adocicadas eram ouvidas e muitos véus e sedas flutuavam nas vestes das lindas ninfas da floresta encantada. Os animais notívagos apenas observavam o enlevo dos bailarinos, serenos e calmos, um espetáculo gostoso de assistir.
Naquele pequeno espaço descampado cheio de vida noturna, em meio à árvores frondosas e centenárias, com seus segredos e mistérios, eram abrigados não só faunos e ninfas e os animais, era morada de um ser confuso, sorrateiro e cruel, misto de monstro e réptil pegajoso e com pequenas asas negras, eternamente faminto por beleza, coisa que lhe faltava por demais. Vivia se escondendo entre as folhas, espreitando e esperando o momento certo para atacar um belo ser desavisado, quando dava seu bote, sugava da linda criatura sua beleza, a deixando ressequida tal qual, um galho seco. Todos na floresta a conheciam e mantinham a distância mais segura possível, mas, às vezes, alguns afrouxavam a guarda e eram abatidos, para tristeza dos seres da floresta.
Só havia um ser que poderia exterminar este ser assustador, o Grande Fauno Dourado, de imensos chifres afiados, mentor e protetor dos seres da floresta encantada. Como os ataques da criatura eram espaçados o Grande Fauno Dourado ainda não havia tomado uma atitude drástica em relação a ele, mas, já lhe dera alguns avisos emblemáticos, avisando que se acontecesse mais algum caso ele seria queimado na fogueira sagrada, sumindo de vez da face da Terra.
A criatura sorrateira, estava faminta e resolveu que nesta noite festiva faria um ataque em surdina, bem no auge do baile encantado, escolheu sua nova vítima, esquecendo-se dos avisos recebidos do Grande fauno Dourado. Uma ninfa jovial e vestes azuladas esvoaçantes, linda de se ver, talvez cansada de dançar, se afastou ligeiramente de seus pares e foi a última vez que seu suave sorriso foi visto.
Ao final do baile, quase raiando o dia, suas parceiras deram por falta dela, e na busca encontraram seu corpo ressequido sob as vestes azuladas, estendido por trás de um grande arbusto, que como clarear do dia, ganhara tons esverdeados mais brilhantes, foi uma grande tristeza para todos. O Grande fauno Dourado foi avisado e com o dom poderoso que tinha, fez surgir no espaço descampado a fogueira sagrada, e como num passe de mágica, todos observam a criatura pegajosa e sorrateira caindo em meio ao fogo reluzente, urrando de dor, queimando até virar uma cinza escura e fétida, então, desapareceu, resguardados os dias de um tipo de luto pelo fim trágico da ninfa de vestes azuladas, o Grande Fauno Dourado, decretou um dia inteiro de celebração pelo acontecido.
Para que a data ficasse marcada, todos os pássaros coloridos da floresta, bem como os mais brilhantes pirilampos, foram convocados, para que além de música, a festa ficasse bem iluminada, foi uma linda comemoração, muitas frutas e manjares foram consumidos, e tudo retornou ao normal, naquela floreta encantada, agora, sem a sombria presença da criatura pegajosa, para amedrontá-los.
Se existissem anais na floresta para se escrever esta história, com certeza ela ficaria gravada para sempre, na floresta protegida pelo Grande Fauno Dourado.
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 07 de janeiro de 2016.(revisado)
(Esse texto é parte integrante de um e-book de coletâneas de textos - fantasia/fantástico - para o qual fui convidada a participar, pelo poeta Miguel Carqueija, o que muito e honrou)