Buraco de Javali
Adentrou no quarto, furtivamente, um cheiro invadiu o ar, suave, como cheiro de rosas em um campo pela manhã, uma sensação única de como alguém que é acordado por um anjo.
Recebi um beijo no rosto, abri lentamente os olhos, ainda sonolento e acreditando sonhar, foi assim que pude então ver ainda entre meus olhos embaçados de sono, linda, com uma curta roupa, parecendo uma camisola, começando a despir-se, lentamente, movimentando suas mãos retirou uma das alças de suas roupas, abaixou-se e como procurando algo, levantou-se e deixando sua camisola cair, pude contemplar sua silhueta, curvas suaves como as de um alaúde, seus seios como maças frescas, seus olhos como lindas esmeraldas e seu sorriso, ah seu sorriso o mais encantador que já pude observar.
—Mais uma cerveja!!! Bateu a caneca na mesa interrompendo a conversa.
—Droga, estava no meio da história Mondrak, você não perde essa mania.
—Meu amigo, você sabe melhor que ninguém, que suas histórias são apenas 10% verdade. Mas se anime estamos na melhor taverna de Nabot.
—Como se isso bastasse. Você não entende nada sobre as mulheres, seu bárbaro. Só entende de espadas e armas… Nunca entenderá o que é tocar um alaúde, deslizando seus dedos sobre suas cordas.
—Silêncio Duberin, fale baixo…
—O que foi Mondrak?
No mesmos momento entrou na taverna, uma jovem, não mais que 18 invernos em seu rosto. Cabelos longos, presos com uma espécie de trança, vestido verde, parecia carregar um cajado na mão esquerda, olhava para o chão e não parecia representar nenhum perigo. Até porque como uma menina aparentemente tão inofensiva poderia causar algum problema na taverna Buraco de Javali a maior e mais conhecida do reino de Krig, um lar de guerreiros natos. Pelo menos 4 de 5 frequentadores pertenciam ao exército do rei.
—O que faz uma tão jovem mulher num lugar desses? Perguntou o taverneiro, com voz trêmula e olhos assustados. (Afinal, uma mulher aparentando sua idade na taverna poderia terminar em problemas para ele.)
—Procuro uma pessoa. Mas não sei ainda lhe dizer quem é.
—O que poderia lhe servir? Perguntou o taberneiro.
—Um copo de vinho seria bom.
Todos estavam olhando, era realmente uma cena muito incomum.
—Aqui está seu vinho. Posso lhe servir algo mais? Perguntou o taverneiro.
—Não. Estou bem obrigada.
Mas como o taverneiro havia predito, isso não acabaria bem.
—Ei, menina o que faz aqui? Isso não é lugar de crianças. Disse um dos homens sentado perto dela.
A estranha, permaneceu imóvel. Como se estivesse em um transe.
Então, um dos homens sentou na mesa onde estava, olhou bem no rosto dela, observou algumas pequenas cicatrizes, e lhe perguntou.
—O que fazes aqui? Está procurando problemas?
O silêncio e imobilidade da jovem continuaram.
O homem que devia medir uns 2 metros de altura e tinha músculos como os de um touro, envolto em uma cota de malha impenetrável, estendeu sua mão para pegar o copo da menina…
—Não faça o que está prestes a fazer. Disse.
O homem deu uma gargalhada estrondosa, que penetrou os quatro quantos da taverna, chamando a atenção de todos que estavam no lugar.
—Ou se não o que? Vai chamar sua mãe? Ira correr?
—Já lhe dei o aviso. Não faça; mas se o fizer esteja pronto para arcar com as consequências.
O homem sem acreditar no aviso estendeu sua mão e pegou o copo que estava em cima da mesa.
Nesse momento a estranha bateu o seu cajado no chão, um brilho imenso, como o brilho de quando olha-se diretamente para o sol, ofuscou os olhos de todos. Foram poucos segundos, não mais que 3 segundos, os mais longos já presenciado por todos os que ali estavam. Quando recobraram a visão da ofuscação, todos perceberam que o homem havia sido transformado em uma estátua de madeira maciça, como carvalho nobre.
Um grande burburinho tomou conta do salão, os guerreiros se agitaram e todos como num salto sacaram suas espadas e foram em direção a estranha.
—Guardem essas armas, não sejam idiotas.
Todos instantaneamente ficaram imóveis com essa ordem, pois que havia bradado era seu maior herói de guerra, Mondrak.
—Não perceberam que nada poderão fazer a essa estranha?
—Minha cara desculpe os modos dos homens dessa terra, mas são guerreiros, e não sabem muito sobre gentileza. O que podemos fazer para ajudar, tão nobre e ilustre anciã do círculo de magos de Caelum?
Um grande silêncio dilacerou os corações, um pavor penetrou a todos, pois os magos de Caelum não viajam a lugares tão distantes sem um forte motivo, geralmente um presságio de notícias não muito animadoras.
—Na verdade já me ajudou. A estátua aqui deve voltar ao normal em algumas horas com uma leve dor de cabeça e não lembrar-se-á do que houve. Quanto a você nobre guerreiro, pegue isso.
Ele estendeu a mão e pegou um envelope, amarelo, com um selo oficial do rei de Caelum e outro selo desconhecido que tinha um símbolo que parecia uma cruz e uma espada.
—Antes que me pergunte, sim, pode levar seu amigo com você, precisaremos das habilidades dele.
—Entendo que isso não é um convite, mas sim uma intimação, que não terei escolha? Retrucou o Herói de Krig.
—Veja como quiser meu nobre guerreiro. Mas tenho certeza que não rejeitarás.
Mais uma vez a estranha utilizou o seu cajado, inclinando-o um pouco e balbuciou umas duas ou 3 palavras e simplesmente sumiu.
—Vamos Duberin, temos uma viagem a fazer. Disse Mondrak, sabendo que isso era o começo de alguma coisa bem maior.