A estrada para Asherion

Já era noite, ventava forte e nada se podia enxergar no horizonte.

De repente, um grande estrondo se ouviu, barulho como de uma breve e seca explosão de um tiro de canhões de guerra, que rapidamente se esvaiu no ar sem que fosse sentida nenhuma trepidação no chão, nada fazia sentido, tudo se misturava. No fundo o medo se abatia nos corações da companhia que estava na diligência.

—Cuidado! Gritou o Tenente Nox.

—Socorrooooo….

—O que está acontecendo aqui? Falou calmamente o Capitão Garth.

—Acho que um dos soldados caiu em um buraco bem a nossa frente. E tivemos que parar. Respondeu um dos soldados.

—Droga! Que merda! Eu falei para terem cuidado, bando de inúteis.

—Calma Tenente, vamos dar um jeito nisso. Retrucou um desconhecido, que aproveitava uma carona para a cidade de Asherion.

—Quem é você? Perguntou o Tenente…

—Eu sou apenas um desconhecido aproveitando uma carona, em uma bela noite de lua cheia.

—Que seja, precisamos achar o garoto que caiu no buraco.

—Que buraco? Não existe nada em nossa frente a não ser a estrada; exclamou um dos soldados.

—Estrada? Não havia um buraco aí? Disse o Tenente com semblante assustado.

—Posso ajudar, dizia o desconhecido quando foi interrompido por um barulho ensurdecedor, como um grito estridente de uma mulher apavorada.

—Rápido todos a seus postos; exclamou o Tenente, Capitão Garth não saia da carruagem.

Enquanto todos os soldados, se ajeitavam, e se agitavam pegando suas armas, o estranho deu um sorriso de canto de boca, abaixou-se, tranquilo para pegar algo em sua bolsa e caminhou até a carroça de carga.

—Se fosse vocês eu me esconderia, suas armas e treinamento não servirão para o que está por vir....

Nesse instante um vento gélido e apavorante penetrou as entranhas de todos, um cheiro muito peculiar como de um cadáver em estado de putrefação, um sussurro no lugar do estridente grito bem lento e silábico – Estou com sede de sangue....

Nesse exato instante o desconhecido saca uma besta de mão que estava por baixo de sua capa e num movimento tão rápido que não foi percebido por nenhum dos homens fez 5 disparos. Por um instante todos ficaram apreensivos, envoltos em uma atmosfera de terror, puderam constatar que todos os disparos foram certeiros. O alvo, abatido com flechas que brilhavam em uma cor purpura, e a constatação do mais temido por todos os habitantes da terra de Kadar estava diante dos olhos….

Um demônio pantanoso, ser asqueroso que media uns dois metros, de aspecto rochoso com uma espécie de musgo esverdeado em sua carapaça que se alimenta de sangue humano, habitante de muitos mitos e histórias utilizadas para crianças dormirem, até aquele momento era apenas um mito.... era...

—Corram, adiantem os passos, saiam daqui o mais rápido que puderam, aqui não é mais seguro…. Eu lhes darei tempo…. CORRAM!!!!!

Os cocheiros tocaram os cavalos a toda velocidade, os soldados montaram em seus cavalos e apressados começaram a cavalgar.

Em uma última interação, o Tenente pergunta ao desconhecido:

—Como sabia, como acertou, quem diabos é você?

—Eu só estou fazendo meu trabalho, pode me chamar de caçador, ou se preferir me chame de Caladrim….

—hã – retrucou o Tenente

—Corra, não existe tempo para conversas…. E adentrou a floresta que a estrada cortava.

O Tenente cavalgou o mais rápido que pode, mas não pode deixar de sentir a estranha sensação que veria novamente aquele desconhecido….