O trem

Eu quero aqui dizer que certas coisas da infância marcam para sempre.

Você com certeza lembra de muitas coisas.

Eu era um menino alegre.

Um menino feliz.

Ainda não conhecera os males desta vida.

Eu brincava muito.

Eu soltava papagaios.

Jogava bolinhas de gude.

Brincava de bola.

Soltava pião.

Viajava na imaginação.

Inventava brinquedos.

Uma lata cheia de terra virava um carrinho.

Um pedaço de madeira virava um carrinho.

Virava um trator.

Empurrava terra e fazia estradas.

Uma lata virava a carroceria de um caminhão.

Nada se comparava ao ouvir o apito do trem chegando.

Eu ouvia o apito do trem.

Era algo mágico.

Eu morava um pouco distante daquela estação.

Ouvia ao longe o apito do trem.

Empreendia uma corrida desenfreada rumo à estação.

Chegava ofegante.

Coração acelerado.

Estampando uma alegria imensa.

Eu via aquelas pessoas que chegavam.

Eu via pessoas que partiam.

Eu imaginava como seria lindo viajar de trem.

Viajar para longe.

Para bem longe daquela pequena cidade.

O apito soava de novo.

Todos recolhiam suas malas.

Uma nova partida.

Rumo ao seu destino final.

Eu ficava olhando até o ultimo vagão sumir por entre os morros...

Benedito José Rodrigues
Enviado por Benedito José Rodrigues em 01/09/2015
Reeditado em 20/05/2023
Código do texto: T5367043
Classificação de conteúdo: seguro