Abra suas Asas
Entre todos os lugares para o qual eu pensei em fujir.... Fui justamente para o que mais me transformou. Mas não é sobre o local que irei contar, mas sim do que me levou a ele.
Uma criança cheia de energia e imaginação, esse era eu. Quando meus pais morreram naquele trágico destino hilario, me vi sozinho e sem amigos, meu animo se esvaeceu, minha imaginação tinha se tornado então apenas um pedaço de carvão vegetal. Juntei as poucas coisas que podia chamar de minhas em uma pequena mochila azul. Juntei também todas as lembranças boas que aquele lugar, cujo o qual um dia eu chamei de lar, tinha a me oferecer.
Sai em busca de mim mesmo, na quela época eu era apenas uma criança. Andava a passos calmos, sem saber o que esperar. Então decidi ir para o mais longe que eu pudesse, atras daquilo que fizesse eu me sentir vivo novamente.
Em algum momento da minha jornada acabei por encontrar por uma velha senhora que vendia água para os viajantes que por ali passavam. Minha sede era insistentemente irritante, aproveitei então a oportunidade para descasar e comprar uma água da velha senhor.
Ela vestia uma longa saia florida, um lenço vermelho na cabeça e uma camisa rosa coral.
Dei-lhe algumas moedas em troca da garrafa e antes de sai ela me disse:
- Não vá com muita sede ao pote, beba somente o suficiente para a sua sede.
Aquilo não fazia muito sentido para mim, mesmo assim, acenei com a cabeça e prossegui com a viajem.
Depois de alguns passos, dei um gole da água da garrafa.
Me senti tão leve e livre, me senti vivo. Quando percebi, todas as minhas coisas estavam no chão esparramadas, eu estava voando. Antes de que eu pudesse entender o que estava acontecendo cai no chão a rolar. Quando levantei, a garrafa estava ao meu lado.
Por alguns instantes eu estava em paz, estava com aquilo que sempre procurei. Percebendo isso, não pensei duas vezes e toda a garrafa daquela água mágica eu bebi.
Meu coração batia mais forte, tudo ao meu lado parecia ter mais cor, e então logo após senti uma grande angustia e uma dor insuportável, senti como se toda a minha alma estivesse em chamas.
Eu havia me tornado um pássaro negro. Eu era finalmente livre, mas junto com tudo que sempre quis, levava comigo todos os meus erros e medos. Eu tinha me tornado um Corvo, aquele que avisa a todos a chegada da desgraça, e o mesmo que anuncia a liberdade, a força e o equilíbrio.
Minhas asas abertas, meu corpo perdido e minhas lembranças no chão, eu sou o simbolo da vida e da morte, do bem e do mal. Eu sou o seu equilíbrio.