O Canto da Banshee

Aquilo que caminhava parecia ser um homem.

Na verdade, era um homem, um lenhador.

Ele costumava passar todos os dias ali,

naquele mesmo local.

O mesmo caminho estreito, e a mesma normalidade.

Mas naquele dia havia sido diferente.

O que ele ouviu, foi um grito.

Quase de dor.

Agonizante, agudo e que reverberava por todo o corpo.

Ele se encolheu, largando seu machado no chão,

e tapou seus ouvidos.

O som foi se dissipando, e a agonia,

deu espaço a uma bela melodia.

A música o preencheu e ele se viu envolvido

por alguns instantes, esqueceu de tudo.

Levantou-se lentamente, com um olhar sonhador,

e sem saber para onde olhar, a fonte do som não encontrou.

Assim como começou, abruptamente,

a melodia se cessou.

A floresta à sua volta, o fechava como um abraço,

apertando de todos os lados.

O único espaço para caminhar, era a pequena trilha,

em que ele se encontrava.

Olhou à sua frente, nada viu.

Olhou para trás, e nada também.

A escuridão que o cercava,

no crepúsculo que caía, o impediu de ver,

o que naquela floresta se escondia.

Tentando por vezes ele não conseguiu.

Pegou seu machado do chão, e seu caminho seguiu.

Chegou em casa como de costume,

e se preparou para jantar.

Terminando a comida e cansado do dia,

ele se deitou para descansar.

Durante toda a noite o que ele ouvia,

era aquela linda melodia a tocar.

Entre sonhos e pesadelos ele dormia,

se remexendo e suando sem parar.

No dia seguinte chegando o alvorecer,

ele se levantou para mais um dia de trabalho levar.

Saindo de casa após o café,

o mesmo caminho ele trilhou.

E no mesmo lugar onde havia caído,

no dia anterior.

Entre arbustos e pinheiros partidos,

uma bela mulher ele avistou.

Sua leveza e pureza eram esplêndidas

que fizeram os olhos do lenhador brilhar.

A surpresa e o prazer foram tão fortes,

que como um suspiro, fizeram seu coração parar.

Caído no chão e sem um sopro de vida,

jazia o pobre lenhador.

Mal sabendo que a visão da linda moça,

alva e esguia.

Era uma temerosa Banshee,

que traz apenas o medo e o horror.

Jefferson Lemos
Enviado por Jefferson Lemos em 22/08/2013
Código do texto: T4447283
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