O Canto da Banshee
Aquilo que caminhava parecia ser um homem.
Na verdade, era um homem, um lenhador.
Ele costumava passar todos os dias ali,
naquele mesmo local.
O mesmo caminho estreito, e a mesma normalidade.
Mas naquele dia havia sido diferente.
O que ele ouviu, foi um grito.
Quase de dor.
Agonizante, agudo e que reverberava por todo o corpo.
Ele se encolheu, largando seu machado no chão,
e tapou seus ouvidos.
O som foi se dissipando, e a agonia,
deu espaço a uma bela melodia.
A música o preencheu e ele se viu envolvido
por alguns instantes, esqueceu de tudo.
Levantou-se lentamente, com um olhar sonhador,
e sem saber para onde olhar, a fonte do som não encontrou.
Assim como começou, abruptamente,
a melodia se cessou.
A floresta à sua volta, o fechava como um abraço,
apertando de todos os lados.
O único espaço para caminhar, era a pequena trilha,
em que ele se encontrava.
Olhou à sua frente, nada viu.
Olhou para trás, e nada também.
A escuridão que o cercava,
no crepúsculo que caía, o impediu de ver,
o que naquela floresta se escondia.
Tentando por vezes ele não conseguiu.
Pegou seu machado do chão, e seu caminho seguiu.
Chegou em casa como de costume,
e se preparou para jantar.
Terminando a comida e cansado do dia,
ele se deitou para descansar.
Durante toda a noite o que ele ouvia,
era aquela linda melodia a tocar.
Entre sonhos e pesadelos ele dormia,
se remexendo e suando sem parar.
No dia seguinte chegando o alvorecer,
ele se levantou para mais um dia de trabalho levar.
Saindo de casa após o café,
o mesmo caminho ele trilhou.
E no mesmo lugar onde havia caído,
no dia anterior.
Entre arbustos e pinheiros partidos,
uma bela mulher ele avistou.
Sua leveza e pureza eram esplêndidas
que fizeram os olhos do lenhador brilhar.
A surpresa e o prazer foram tão fortes,
que como um suspiro, fizeram seu coração parar.
Caído no chão e sem um sopro de vida,
jazia o pobre lenhador.
Mal sabendo que a visão da linda moça,
alva e esguia.
Era uma temerosa Banshee,
que traz apenas o medo e o horror.