Os opostos na Idade Média
Certa vez, no ano de 1040, no Reino de Aragão, que futuramente se uniria com o Reino de Castela para formar a grandiosa Espanha; uma bela história ocorreu, mas nunca teve os fatos narrados em sua totalidade, e essa é a história que será narrada aqui.
Um jovem nobre, muitíssimo bem apessoado, forte, estava procurando a jovem mais bela, do lugar que poderia ser o mais distante possível, mas que pudesse conquistar seu tímido coração. O nome desse glorioso cavaleiro era Ferdinando Carlos, ele era sobrinho do rei e visto como um dos melhores cavaleiros do reino, de modo que todos o respeitavam, principalmente por ele ser um dos instrutores dos jovens que viriam a tornar-se cavaleiros.
Após uma das reuniões dos nobres, Ferdinando encontrou uma jovem muito mal vestida, muito suja, porém com um cântico animado e belo nos lábios, que mostrava sua extrovertida personalidade, enquanto plantava flores em vasos para ornamentar a grande festa do reino. Ferdinando aproximou-se da jovem que, ao vê-lo, ficou aturdida, levantando-se e se retirando da pedra quebrada onde estava apoiada para fazer seu serviço. Ferdinando pediu para que retomasse seu serviço e que sua presença não seria motivo para interrupção, afinal, ele próprio não se sentia digno de tal respeito. A jovem obedeceu-o, continuando seu trabalho. Ferdinando aproximou-se, olhou bem nos olhos da moça, que cintilavam como rubis, notou sua beleza facial e a delicadeza com que sua face era formada, e perguntou qual seria o nome de tão bela jovem e, num sussurro quase inaudível, Ferdinando ouviu "Maria Cecília", e Ferdinando disse em seguida que adoraria conhecê-la, de modo que ela se espantou ainda mais e disse que não poderia, pois devia respeito ao soberano que fora escolhido por Deus e toda sua família - incluindo o sobrinho do rei Ramiro I, é claro -, pois era filha de servos, indigna de qualquer coisa do tipo. Ferdinando sentou-se ao seu lado, olhou bem suas belíssimas feições, seus cabelos negros e o pano desbotado que Maria trajava e começou a puxar conversa com Maria dizendo-lhe que tomaria para si qualquer consequência proveniente desta conversa e de, talvez, uma futura amizade; Maria, com certa timidez e relutância, concordou com Ferdinando e eles conversaram enquanto ela continuava seu trabalho. Isso discorreu durante vários dias, dias estes que formaram um mês e meio de amizade, de modo que Ferdinando e Maria pensavam sempre um no outro nas horas vagas. Passado esse mês e meio, havia chegado a semana da grande festa do reino, e Ferdinando prontificou-se a convidar Maria Cecília, que aceitou o convite após muito pestanejar.
A festa estava lindíssima, todos com os trajes feitos pela melhor bordadeira do reino e muito felizes após a cerimônia religiosa - que era tradicional na época - até que, sem que ninguém esperasse, adentrou no salão o casal mais feliz e mais chamativo da festa, os dois estavam elegantíssimos, também com roupas feitas pela tal bordadeira do reino, que recebera pedidos de última hora de Ferdinando. Durante a celebração, nenhum dos dois dançou, pois Ferdinando dissera à Cecília que era tímido e não queria dançar, enquanto Cecília gostava de dançar mas não queria atrair olhares dos senhores da terra para si. Quando a festa estava quase por terminar, o pai de Ferdinando aproximou-se do filho para conhecer sua acompanhante; quando se aproximou, Rubens, pai viúvo de Ferdinando soltou uma exclamação ao ver o quão bela era a jovem que acompanhava seu filho, dizendo que os dois formavam um belo casal e ele já queria netos, os dois entreolharam-se, rindo, enquanto Rubens narrava seus sonhos.
Depois da festa, Ferdinando e Maria Cecília continuaram a se encontrar, reforçando a cada dia a amizade - que estava ficando colorida - entre os dois, e, certo dia, Ferdinando surpreendeu Maria aparecendo em sua casa antes de o galo anunciar a chegada da manhã, antes mesmo do pai de Maria sair para trabalhar na plantação. Ferdinando foi até lá para pedir sua mão em casamento e obter o consentimento da família de Maria. Ferdinando, com sua timidez, ficou nervosíssimo com a situação e gaguejou durante sua fala - como facilitaria o lado de Ferdinando se houvesse SMS ou Messenger naquela época. Mesmo nervoso, Ferdinando conseguiu conquistar a família de Maria - que era formada por quinze irmãos, sendo Maria a mais velha -, mesmo com eles estando preocupados com as consequências daquele ato na política do sistema feudal - que ainda não tinha nome.
Ferdinando e Maria Cecília casaram-se e todos, inclusive a família de Cecília, tornaram-se nobres, provando que as diferenças tornam-se semelhanças quando há mais que uma boa amizade.