Branca de Neve
Era uma vez uma moça de periferia chamada Branca das Neves. Ela morava com sua madrasta. O pai, pelo que se conta, fugira de casa. Da última vez que o viram disseram que estava puxando uma carreta lá para as bandas do Mato Grosso.
A madrasta Neves sofria de fortes alucinações, falava sozinha com o espelho. Um dia, a madrasta quis se livrar da enteada e pediu para o seu amásio matá-la, no entanto, ele também tinha um caso com a moça e não a matou. Ao invés disso, Branca teve que fugir para além do bosque, lá depois da Vila Hortênsia, onde invadiu uma residência e passou a morar com sete garimpeiros.
Quando a madrasta soube que Branca estava viva, tentou matá-la pessoalmente com uma maçã envenenada. Os garimpeiros descobriram e lincharam a megera. Foram indiciados, mas seus advogados os livraram do processo. Dizem as más línguas que o júri foi comprado com ouro do garimpo.
Com o envenenamento, Branca ficou internada por intoxicação e acabou tendo um caso com um enfermeiro que já estava sendo processado por assediar pacientes do hospital. Ele acabou afastado, e Branca foi morar com ele num sítio na beira da estrada, de onde iam sempre para a cidade montados no velho pangaré do caseiro.
Mas Branca - insatisfeita como de costume - continuou mantendo seu caso com os garimpeiros, até que o seu amásio descobriu e pôs a leviana para fora de casa. A jovem surtou, e acabou passando o resto de sua vida em um hospital psiquiátrico, onde fora diagnosticada esquizofrênica, conversava com os animais e achava que era uma princesa.