A sonhar com os céus
Era uma vez, em um lugar bem ao norte daquele reino, um garoto que sabia voar.
Era bastante ingênuo e tinha várias aspirações e sonhos, em certa época queria ser Arquiteto e Engenheiro, passava horas a sonhar com isso, construía, na sua infante cabeça, belas casas, igrejas, musueus, castelos, tudo muito diferente, grandioso, com bastante estilo e traços inovadores, projetava tudo nos mínimos detalhes e dizia, meio que pra si mesmo, que seria um ícone da arquitetura e que sempre se lembrariam das suas construções.
Depois quis ser Chefe de Cozinha, um grande chefe de cozinha, preparar iguarias como nenhuma outra, paladares novos, combinações inimagináveis, temperos exóticos, impressionar as pessoas através de sabores novos.
Também teve a Arqueologia, os dinossauros o fascinavam deveras, se imaginou em lugares distantes, improváveis, sítios arqueológicos escondidos, novas espécies, envolvido em descobertas surpreendentes.
Chegou, inclusive, a pensar em ser Fotógrafo, para poder eternizar momentos únicos, inesquecíveis, vencer o tempo através da imagem, registrar cada fato sublime com o qual se deparasse.
Quis ser médico, jornalista, executivo, jardineiro, piloto e por aí vai.
Ele acabou crescendo e, tendo adormecido o garoto, não mais conseguiu alçar grandes voos, ficou preso à realidade. Eu o conheci (ou melhor, conheço) muito bem, outro dia, numa conversa bem descontraída, ele me confessou que às vezes se lembra, com um inegável saudosismo, exatamente como era a sensação de voar.