A Madrasta da Mãe-conto indicado pelo amigo Miguel Jacó que estava sem leituras no passado.
A Madrasta da Mãe
Berenice observou ao longe o amante brincando com o filho amorosamente. Sabia da paixão que Francisco tinha pelo filho único. Filho dele e de uma mulher muito talentosa de quem havia se separado por iniciativa dela. Sabia que ele ainda estava preso a ela e se sentia raivosa e enciumada pelo fato. Notou quando ele ergueu o menino para cima e o beijou.Traçou então seu plano de ação. Mulher inescrupulosa que é, nada a detinha quando desejava alguma coisa e desejava Francisco, mas,Sílvia,a mãe, a se interpunha entre os dois através da criança. Resolveu que de forma persistente e perseverante, meticulosa mesmo, iria separar este filho de sua mãe. Assim ganharia Francisco de maneira total.
Berenice não era mulher dada a expressões de afeto, mas resolveu se transformar e hipocritamente se tornou amorosa para com Paulinho: fazia todas as suas vontades, o seduzia nos fins de semana que ficava com ela?, As propostas eram as mais encantadoras. Quando o menino dizia que não ia fazer isto ou aquilo porque a mãe não queria, dizia-lhe:
-Tu, Paulinho fazes o quiseres e, embora a criança morasse com a mãe ao longo dos anos, ela seguiu implacável em seu propósito detestável, ou seja, revoltar o menino contra a mãe.
Foi desta maneira que ela conseguiu manter Francisco atrelado a ela cada vez mais.
Sete anos depois o pai de Sílvia, adoeceu de um mal incurável e para que ele não convivesse com a doença, ela, muito tristemente, deixou o menino morar com o novo casal, mas o fez porque sabia que passaria um fim de semana outro não com ela e mais trinta dias de férias. No momento, não contava com a incrível maldade de Berenice que insidiosamente fazia a cabeça do menino, dizendo a ele que fizesse o que quisesse e se não queria não precisava passar os fins de semana,¨”naquela casa doentia”. Cercou-o de amiguinhos, parentes dela, fazia festas sem motivo e acabou lhe dissipando os escrúpulos, dizendo: - Por que vais para aquela casa onde só tem doença, fica conosco no fim de semana e nas férias. Paulinho começou a se distanciar da mãe pouco a pouco. Primeiro usava desculpas para não ir e finalmente acabou por absorver a inescrupulosidade aprendida com Berenice, dizendo que ia se quisesse, pois fazia o que queria.
As duas mulheres não tinham diálogo, mas Sílvia sabia o que se passava e via desesperada seu filho se distanciar dela. O lema de Berenice e Francisco no que se referia a Paulinho, “era ele quer, ele não quer”. Limites não eram impostos à criança. Chegou o dia em que Francisco, um homem muito raivoso, invejoso, e rejeitado por estas razões mesmo, concordou e começou a apoiar a amante. Para horror de Silvia o filho não aparecia mais nos fins de semana e férias. Finalmente Francisco e Berenice cortaram totalmente o contato pelo telefone e Paulo, domesticado já desde a infância, os obedeceu, não falando mais com a mãe.
O plano ou os cálculos de Berenice então se concretizaram e chegou o dia em que Paulo nunca mais apareceu ou telefonou para a mãe.
Silvia se sentia como se tivesse uma faca espetada nas costas que ia até o coração e sangrava de dor, tanto pela separação do filho como pela má orientação que lhe deram, sem escrúpulos. Reviu o filho já homem, vinte anos passados, mas o tempo o havia separado pois Berenice e Francisco, de maneira vingativa, os haviam separado.Foi então que Sílvia lutou,klutou com todo seu amor de mãe e aos poucos foi recuperando os vínculos com o filho,de modo que só restaram as cicatrizes para os dois do despotismo da madrasta.
Então Berenice era a madrasta, no sentido que popularmente, usualmente se chama, mas a madrasta da mãe.