o cisne de Tuonela

O cisne de Tuonela

Ignoto leitor,o conto que ,agora ,inicio,tem um aspecto surreal,mas,se achar que extrapola o limite da racionalidade,eximo-me de culpa,uma vez que meu papel foi de simples repórter e debito possíveis exageros a testemunha ocular dos fatos.

Quem é?Respondo,um pequenino sapo da beira do lago de tuonela.

Tuonela,a cidade dos sansaras,das ilusões,porém,mais conhecida,no meio simplíssimo como “a cidade dos mortos”.

O meu entrevistado iniciou a narrativa assim;”Chovia todas as noites e uma densa neblina se estendia a toda região,dificultando

a visão de pequenos detalhes.No Lago observava-se um balseiro que fazia a travessia de u’a margem a outra e era precedido por uma ave negra negra ,altiva,o cisne de tuonela.

O balseiro levava viajantes estranhos,espectros, perdidos ,com apegos a seus passados...

O cisne entoava um canto monótono ,que, encerrava uma espécie de mantra áqueles que chegavam a Tuonela.

“Alma amiga ,das dores eu aliviarei

Suspira,agora os ares benfazejos

Sereno,e cálido teu sono para ti,trarei

Deixa ao lado,querida os teus desejos

Tal melodia produzia um efeito balsâmico e a transformação era imediata,pois,as criaturas transfiguravam-se em seres diáfanos,sublimes e se diluíam nas águas do lago de TUONELA.

Entretanto,o lugar permanecia lúgubre,silencioso,onde nem um pio ou sinal de um esvoaçante vivente era percebido.

Meus amigos,um dia,o balseiro muito envelhecido,arqueado pelo peso dos muitos anos,encostou a grande barcaça e se retirou,sumindo na cerração...

O cisne negro,bem que teimava em deslizar sobre a superfície ,mas,um fenômeno aconteceu!

O cisne de Tuonela modificara seu canto,assumindo uma beleza

Inacreditável...

Nietzsche dizia “Só os cisnes têm a pré ciência da morte”.Em verdade ,o canto do cisne se torna melodioso,choroso quando seu ocaso se aproxima.

Não foi a toa que compositores como Saint Saens ,onde utilizando um lindo solo de violoncelo ,representa este canto e Sibelius com o corne inglês faz o mesmo.Pedoe-me,leitor ,por sair do texto e fazer esta divagação ,mas,sou assim...

A atmosfera foi ficando sufocante,densa e a nobre ave tremulava em agonia,porém seu canto atingiu o êxtase da beleza!!

“AH! QUE MEU SER SE INTEGRA A TI”

RECEBA ,EM TUAS AGUAS,MEUS DESPOJOS...

LIBERA-ME DE MEU CATIVEIRO E DEIXA PULSAR A VIDA”!

O cisne negro,lentamente,foi curvando seu longo pescoço para o lado e,aos poucos,submergiu no lago de Tuonela.

Silêncio profundo tomou o lugar,em respeito aquela criatura que acolhera tantas almas e que,agora,desaparece nas profundezas...

Olhei,meus amigos,para o narrador e percebi que lágrimas escorriam de seus grandes olhos e,em devoção,fechei os meus ,por demais marejados...

Não sei por quanto tempo permaneci,mas,subitamente,ouvi um alegre pio de passarinho,logo,outro,que se seguiu aos silvos agudos dos insetos.A luz solar ,alegremente,banhou Tuonela,emprestando sua luz ao ambiente que se alegrava,gradativamente.Uma brisa leve levou ,flutuando,uma pena de cisne,uma lanujem que pousou,suavemente,sobre uma pedra lisa.No momento seguinte,uma cascata de pérolas vermelhas caíram sobre aquela lembrança,no que todas as criaturinhas recém chegadas ajoelharam e velaram a memória do Cisne de Tuonela...

Quando me preparava para agradecer ao meu entrevistado,percebi que o mesmo havia pulado para o interior do lago...

OBS;Este mini conto foi inspirado na peça musical do compositor finlandês Jean sibelius ‘o cisne de tuonela”