Um passeio na infância
Caminhe do meu lado querida! Dê-me sua mão e deixe-me guiar seu caminho desenhando um sonho colorido no passado, porém tome cuidado com seus passos ligeiros para não se machucar.
Vem! Vamos correr para a neblina densa do tempo, flutuando no algodão doce da vida. Vem ser criança outra vez!
Peguei a mão dela e sumimos correndo na neblina, corríamos mais rápido que o tempo vendo tudo se modificar e com olhar de crianças sentíamos a infância inocente nos abraçar. Ela corria do meu lado com todas as suas forças querendo participar e fazer parte daquele sonho de criança, correndo na neblina e se transformando em uma linda menininha, tentando me alcançar e da minha infância gostosa participar.
Passamos por uma estrada de terra cheia de pedras cercada com grandes pés de eucaliptos, que pareciam riscar o céu balançando no soprar do vento, as folhas dos eucaliptos voando e girando enfeitavam nossa corrida contra o tempo.
O barulho das águas do riacho indicava que o sonho estava próximo de acontecer, pois saí da neblina como um garotinho à beira do riacho. Olhei para trás tentando te encontrar, mas não conseguia te ver naquela névoa forte, apenas conseguia ver a sua mão, pois você não tinha feito parte da minha infância e isso estava dificultando sua entrada no meu mundo infantil. Peguei a sua mão e a puxei para o meu passado, ao atravessar a cortina de neblina surgiu uma menininha cansada de correr admirada com a beleza do lugar.
À nossa frente havia uma ponte de madeira atravessando o riacho, subimos na ponte e olhamos com olhar de crianças curiosas as águas transparentes adentrando em um pasto cheio de animais, onde havia uma grande árvore seca confortando um bando de urubus, alguns pousados e outros se lançando a um vôo panorâmico.
O gramado do pasto parecia um jardim silvestre coberto com flores amarelinhas, correndo naquele gramado verde, ela parecia flutuar sobre as flores se aproximando dos animais, que não se importavam com a nossa presença.
Caminhamos até a árvore seca e subimos em um galho confortável, onde sentamos próximos às aves e permanecemos um bom tempo como dois urubus pousados no galho observando o local, olhando as vacas, cavalos e o rio.
Descemos da árvore e corremos para o riacho, onde havia uma comporta controlada por um volante, no qual controlávamos o fluxo das águas, em sentido horário as águas eram liberadas aumentando a vazão, girando ao contrário as águas eram represadas formando um pequeno dique para nadarmos à vontade, assim vivíamos felizes com nosso rio encantado.
A menininha estava brincando na comporta do rio quando um sereno úmido começou a cobrir o local, todo aquele cenário maravilhoso foi desaparecendo dos nossos olhos, inesperadamente fomos abraçados pelo sereno, que chegou silencioso com seu beijo úmido fazendo nossos corpos arrepiar, nos levando de volta no tempo e deixando a saudade apertar.
Terminamos sentados na rua, olhando o sereno ir embora com a noite e levando o seu jeito diferente de amar, deixando-nos para trás com a esperança de um dia poder voltar no tempo.
Paulo Ribeiro de Alvarenga
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