O BOBO E O REI

Era uma vez, num reino bem distante onde todos viviam muitos felizes, o rei era um homem bondoso, mas enérgico que conduzia o seu reinado com muita sabedoria e dedicação, sempre preocupado com o bem estar de seus súditos. Certo dia uma triste noticia correu pelos quatro cantos do reino, o rei já de idade avançada estava muito doente e caso viesse a falecer, não tinha ninguém para sucede-lo no trono, pois a princesa, sua filha, apesar de ser uma bela jovem, era solteira e pelo boato que corria por todo o território, não tinha pretendentes.

O rei, um homem sábio e um pai amoroso, desejava a felicidade de sua única filha tanto quanto o bem estar de seu povo, portanto necessários seria que seu futuro genro, alem de fazer a filha feliz, como herdeiro da coroa real, deveria também ser uma pessoa de boa índole, integro e sobretudo inteligente capaz de governar o país com muita fibra. As tentativas de encontrar tal jovem dentre os seus nobres súditos foi em vão, restando agora a plebe mas como agir. A primeira dificuldade encontrada foi a reação da nobreza sobre tal idéia, pois cada um de seus leais colaboradores se achavam no direito de eleger um parente bem próximo para a mão da graciosa princesa, obviamente não se importando com a ideologia do rei e muito menos com a população.

Após noites de insônia o velho soberano decidiu compartilhar com a jovem filha esta sua preocupação e após um longo e amistoso dialogo, a princesa sugeriu um concurso para a escolha do seu esposo, aquele que deveria governar o povo caso o rei já idoso e doente viesse a faltar. O escolhido seria o jovem comparecendo no castelo e fazendo uma pergunta a princesa e ela recorrendo a todos os meios disponíveis, biblioteca e aos sábios do corte, não encontrando uma resposta para tal pergunta, com este jovem a princesa casaria, porem, se a pergunta fosse respondida, o jovem seria obrigado a prestar trabalhos forçados no reino ou iria para a guilhotina, não retornando ao convívio de seus familiares.

A noticia foi divulgada oficialmente pelo reino e apesar do rigor da regra grande numero de jovens dispuseram a arriscar a vida na disputa da mão da bela princesa, assim no dia marcado lá estavam, eram chamados por ordem de chegada e aqueles que entravam no palácio, não mais retornavam porem ao ser chamado o próximo era sinal de que a disputa ainda estava em aberta. De uma aldeia distante, a mais longínqua do palácio veio um jovem conhecido pela alcunha de João Bobo pois apesar de ser uma pessoa de boa aparência era portador de um leve retardo mental. Eis que chegou a vez de João se apresentar diante da princesa e fazer sua pergunta. Desenvolto na sua simplicidade o rapaz vai logo dizendo:

Sai de casa 24 de Abril,

Com massa matei Safira.

Com Safira matei os sete.

Dos Sete, escolhi o melhor.

Atirei no que vi,

matei o que não vi.

Com palavras Sagradas,

sapequei e comi.

Ponte passante,

Lagartixa tem bastante.

Debaixo da sombra – méé!

Senhora dona Rainha

Quero que me diga o que é?

A princesa usando de todas as prerrogativas que lhes eram concedidas e por mais que tentasse, não conseguiu dar resposta ao jovem e conforme prometido, a princesa casou com João Bobo, que após a morte do rei, recebeu a coroa real e soube governar com muita humildade e sabedoria, fazendo prevalecer a vontade do velho Rei.

Vovó me contou esta charada quando eu era ainda menino e depois a resposta que jamais esqueci. E você, sabe a resposta????

A Notícia do concurso para escolha do marido da princesa ecoou reinado afora e João Bobo ouvindo-a, imediatamente planejou participar. Encontrou porem oposição por parte da mãe e de todos da pequena aldeia, mas João não desistiu do seu propósito por mais que seus conterrâneos o aconselhasse. Sua mãe vendo que não tinha jeito de fazer o menino esquecer esta idéia maluca e como sua morte era certa nesta situação, na véspera de sua partida ela lhe preparou alguns pães como alimento na viagem porem num deles colocou veneno, pois na concepção da rude mulher seria humilhante ter o filho morto pela princesa.

João Bobo no dia 24 de abril partiu levando consigo os pães, inclusive o envenenado, e a sua inseparável cadela Safira. Depois de andarem muito, bateu a fome, João comeu um dos pães e deu outro, sem saber que estava envenenado para Safira que comeu e morreu instante depois. Na pradaria estavam passando sete soldados desertores, cada um deles armados com um fuzil, vendo o menino, tomaram dele o restante dos pães, porem por ser pouco e estarem com muita fome, resolveram comer a cadela morta e assim o fizeram. Momentos depois estavam os sete soldados mortos, o jovem, escolheu dentre os sete Fuzis, o melhor deles e saiu a caça, porem manobrando a arma sem saber, atirou num passarinho e acabou acertando outro, com alegria, preparou o pássaro sobre um braseiro e comeu, seguindo viagem. Já próximo do palácio, passou por uma ponte onde corria um riacho de águas cristalinas, ficou maravilhado com a imensidade de peixinho que nadavam graciosamente, pareciam as lagartixas hábeis na parede de sua casa, logo adiante, a sombra de um arvoredo, um rebanho de cabras estavam descansado e algumas a berrar timidamente, ao chegar no palácio sem nenhuma pergunta pronta, simplesmente relatou a princesa as aventuras de sua viagem.

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 10/05/2010
Reeditado em 10/05/2010
Código do texto: T2249344
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