Tinta & Pena • 2

Tinta & Pena - Parte 1 - Capítulo Dois

Hordas Negras do Vazio

- Pai... eu não sei o que está acontecendo hoje. Tudo parece ter mudado de uma hora para outra. Por que você nunca me falou nada?

- Não há tempo para isso agora.

- Pai, o que está havendo?

- Não há tempo para isso também!

Tritem olhava para o sul. Como se visse coisas que os outros dois não viam. De repente começou a falar como se estivesse longe dali. Vinci nunca vira seu pai daquele jeito.

- Durante toda minha vida tentei enterrar o passado. E agora dou de cara com uma árvore que cresceu desta semeadura. Negra e com frutos amargos. Por quê? Em todos os lugares só encontro paredes. Ó labirinto cruel! Labirinto cruel! - De repente começou a entoar o que parecia uma canção austera.

Há quanto tempo caminho? [...]

Nem lembro mais

Tantas curvas e esquinas

Minha vida se refaz

Tantos laços e armadilhas

Tantos caminhos sem saída

A busca pela verdade

No fim sempre contida

Dentro do labirinto

Eu escolhi o meu caminho

Dentro do labirinto

Pareço sempre estar sozinho

Caminhando sem parar

Sempre tentando encontrar

Um caminho que para verdade

Em fim me levará

Uma luz que brilha em frente

Manda-me continuar

Mas em mais uma parede

Em breve vou me chocar

Presas no labirinto

Vidas a se arrastar

Labirinto cruel!

Minha vida é esper...

A última sílaba foi detida no meio. Tudo o que aconteceu depois disso foi uma grande confusão. Soarão os Sinos de Prata nas Quatro Torres. Algo que fazia muitos anos não acontecia. Seguido de uma algazarra em grande escala. Pessoas e animais tropeçavam uns nos outros. Caixas caíam derrubando mercadorias compradas e furtadas em meio a algazarra.

Os tempos de bem-aventurança para Mastro Forte haviam chegado ao fim.

- O QUE ESTÁ HAVENDO? - Perguntou Vinci erguendo a voz em meio ao alvoroço.

- AS QUATRO TORRES VOLTAM A TOCAR O ALARME DE GORNAND! NUNCA PENSEI QUE OUVIRIA ISSO NOVAMENTE! Gritou Ciquem, começando a correr na direção da praia. Trintem e Vinci fizeram o mesmo deixando a oficina aberta como estava. Pois...

Não haveria trabalho naquele dia mesmo.

Não haveria vendas.

Não haveria fregueses avaros.

Não haveria horas de tédio e pensamentos tristes.

Não haveria a reclamação costumeira do pai a Vinci por ele ficar jogando Coco Seco até tarde.

Não haveria risos de alegria de pais e mães ao verem suas crianças crescerem.

Não haveria conversas, sobre Deus e o Mundo, nem brigas no bares.

Não haveria discussões sobre se existiam um povo-pássaro ou não.

Não haveria gente nas esquinas conversando sobre como os negócios estavam melhorando, mas ainda assim estavam péssimos...

Não haveria comentários depreciativos ao Rei Munfenzol IV - que "só sabia viajar para caçar nas florestas estranhas do norte"

Não haveria cantorias regadas a vinhos nas praças.

Não haveria comentários sobre a roupa da Ciclana esposa de Fulano de Tal na última festa de casamento.

Não haveria casamentos também.

Não haveria soldados dando uma "escapadinha" em hora de serviço.

Não haveria crianças preocupadas com um brinquedo de madeira perdido na areia da praia.

Não haveria velhos reclamando da juventude ociosa da cidade.

Não haveria moças chorando por rapazes.

Não haveria rapazes chorando por moças.

Tudo isso seria passado.

Os três - Ciquem, Vinci e Trintem - correram em direção a praia, desviando-se em meio a multidão esbaforida. E deram de cara com a visão do Har-Magedon das Águas.

Os "potinhos negros" que Vinci vira agora se tornavam manchas negras enormes.

O homem de sobretudo e cabelos longos ondulados, olhava com olhos vagos. Falou baixinho, quando conseguiu respirar:

- Hoje é um daqueles dias, em que poucos fazem história e muitos entram para ela.

Quem tivesse um binóculo, ou coisa parecida, veria lá longe se aproximando da cidade, a caravana da morte. O grupo de destruição comandado pelo Vazio, que no passado foi chamado Ordem Negra. Uma visão terrível! Sem dúvidas. Mas me vejo na difícil tarefa de descrevê-la. É um trabalho sujo, mas alguém precisa fazê-lo e etc e tal... Então aqui está:

Havia centenas de galés com velas negras e rasgadas, onde escravos remavam em sua eterna agonia. Centenas de fragatas com bandeiras, manchadas e rasgadas, desfraldadas. Entre tudo isso vinha a Infantaria Marinha. Soldados cavalgavam tubarões pré-históricos com dentes que eram capazes de partir o aço, Peixes-serra cujo a serra era do tamanho de um ônibus escolar, Arraias-gigantes dotadas de dentes e ferrões mortais voavam a uma certa altura da superfície, tocando-a de vez em quando. Entre eles - sem "cavaleiros" - lulas horríveis, deformadas, traziam seus tentáculos venenosos na superfície a mostra, peixes-voadores das profundezas, com longos dentes afiados, serpentes-marinhas gigantes, além de monstros marinhos "não catalogados". Os "cavaleiros" portavam todo tipo de arma de morte. Tridentes enormes e afiadíssimos. Espadas tortas manchadas de sangue inocente. Lanças compridas capazes de furar uma parede de pedra, como uma qualquer furaria uma parede de isopor. Agora você tem uma breve visão do caos e de calamidade que se seguiria a Mastro Forte naquele “dia como outro qualquer”.

- Vamos ser atacados? - Começou Vinci a falar com uma voz trêmula como seu corpo - Não acredito! Senhor eu não quero morrer! Ajude-nos você é um olíre. Salve-nos! Pra onde iremos? Pra onde vamos? Deus! É o fim? Diga que não é, por favor! Não pode ser o fim! Ainda nem arranjei uma namorada! Eu nunca saí daqui! Eu não posso morrer! Já sei! Eu tô sonhando, é um pesadelo, claro que é. Desde o começo do dia até agora. Está tudo muito estranho pra ser real. Espero abrir os olhos antes deles chegarem, não aguentaria ver nossa cidade caindo... ai... ai... ai... dói...

Tudo ficou escuro e Vinci realmente achou que tudo não passava de um pesadelo quando acordou.

Abriu os olhos devagar e viu o céu, passando rapidamente numa Fórmula 1 de nuvens. De repente teve a impressão que ia cair no vazio e soltou um grito apavorado.

- AAAAAaaaahhhh!!!

- Calma! Você está seguro agora! - Era a voz de Ciquem.

- Onde estou? Eu morri? Cadê meu pai? [...] Peraiiiii... Peraiiiiiiiiiiiiii... Eu tô voando?? Eu tô voando?? Aaaaaaaah.... uuuuuuuoooooaaaaah.

- Calma segure-se no arreio. Respire fundo. Já-já descemos. Por enquanto acalme-se. Você vai precisar de toda a calma do mundo agora. Tente ser forte herdeiro da terra.

- Estou tentando me acalmar... mas é que eu nuca voei antes! E que bicho é esse?

- É uma Groenpiterix do Norte, seu nome é Delaina , seja gentil com ela, ela entende tudo que você fala. Não é Ina?

- Guiaoh ina!

- Eu só posso tá sonhando, ou então estou louco...

- Guiaoh num!

- Veja. Lá está o Monte Relva Nova, é lá que vamos descer. Lá eu lhe explicarei tudo o que aconteceu e o que está acontecendo. Por hora apenas tente entender que sua vida, como você costumava conhecer, se foi. Você está numa encruzilha herdeiro da terra. Dois caminhos são lhe apresentados hoje. Um leva á escuridão e as águas negras do Vazio Eterno. Outro o levará ao conhecimento, a sabedoria, a luz, e claro as aventuras, e todo o mais, e... se você se sair bem nesses e outros quesitos, a felicidade.

- Quem é você afinal algum tipo de adivinho?

- Adivinho, eu? Não, sou só um olíre. Nada além disso.

- E como fala essas coisas como se soubesse o meu futuro?

- Sei pela razão de este não ser apenas o seu futuro. Mas o de todos os herdeiros desta terra caída. Vamos descer! Segure-se bem e tente não puxar as plumas da Ina. Ela não gosta.

Delaina começou a descer em espiral, o que deixou Vinci um pouco tonto, e enjoado. Claro que a decida não era o único motivo.

Já estavam próximos ao chão, quando Vinci escorregou e fez exatamente o que Ciquem havia dito para ele não fazer.

- Guiaoh GUAAAaaaah!

Delaina balançou bruscamente e jogou Vinci de cara no chão.

- Você está bem?

- Fora o gosto de bolo de grama com cobertura de terra na boca... acho que tô bem.

- Éeeh eu bem que avisei. - disse Ciquem ajudando-o a levantar-se.

- Pelo menos agora eu sei que não estou dormindo. Não saberia o gosto da grama se estivesse sonhando - disse Vinci soltando um longo suspiro depois - O que mais vai me acontecer nesse dia? - Olhou para o céu e, pelo sol, viu que já era meio-dia.

O rapaz de Mastro Forte olhava admirado para Delaina e seu dono. Ambos pareciam terem saído das histórias antigas que seu tio Renind lhe contava nos fins de tarde - quando o Oeste estava numa tempestade dourada, e o leste numa penumbra calmante. Histórias que muitas vezes iam noite adentro, até que seu pai o chamava:

- Hoje não é o último dia do mundo... o sol ainda vai nascer amanhã.

"Isso sempre acontece na melhor parte" pensava Vinci. Isso aconteceu até que Renind foi ao mar e nunca mais voltou. Vinci não acreditava nessas histórias. Pelo menos não completamente. Haviam adquirido o lado prático que Trintem havia assumido desde que morava em Mastro Forte. Afinal como tudo aquilo podia ser real? Mas Trintem sabia que era real.

A Groenpiterix do Norte olhava rapidamente em todas direções, com o jeito característico das aves. Parecia ainda estar assustada, e alerta. Era, sem dúvidas, a criatura mais impressionante que Vinci havia visto na vida. Claro tinha aquela baleia enorme encalhada na praia de Mastro Forte, mas com tanta gente olhando não deu nem pra ele chegar perto, e no outro dia, quando não era mais novidade, não passava de um montante de carne morta, sendo devorada pelas gulinas, siris, caranguejos e outras criaturas. Suas penas eram de um castanho nobre, como de um gavião. Nas pontas das asas e calda, a cor variava em vermelho, azul, amarelo e verde em tons delicados. O bico era alaranjado e bonito como um bico de tucano. Dava até aquela impressão de “bico artificial” que tem um bico de tucano. Mas não era tão comprido, no formato lembrava um bico de águia. A ave tinha impressionantes quase seis metros de envergadura. Era uma fênix, uma raça nobre de aves treinadas para serem uma extensão alada, e por vezes feroz, de seu cavaleiro.

Ciquem estava cansado. Perdera o sobretudo que trajava de manhã e perdera o ar alegre e amistoso também. Trazia agora uma preocupação crescente no rosto. Não portava mais - pelo menos amostra - a pasta que Vinci vira no esbarrão. Trazia uma mochila em que procurava algo dentro. Por fim retirou um rolo - selado com uma fita azul claro - que revelou-se um mapa antigo, meio manchado nas bordas. Era feito a mão, e não tinha cores. Mas era extremamente bem desenhado e detalhado. Ciquem o olhava e Vinci respirava fundo de ansiedade. Queria que ele falasse, com a mesma intensidade que temia o que ele ia dizer.

Vinci levou um baita susto, quando Delaina abriu as asas, bateu-as e alçou vôo. Descendo a colina verde em que se encontravam, e então subindo mais alto, batendo as asas.

- Guiah ingueeee!

Lá em baixo as planícies relvadas, com árvores solitárias e em grupos pingadas aqui e ali, via-se um rio brilhando no sol do meio-dia. Ao sul, longe até onde ia a vista, os Montes Fortes - Os guardiões que protegiam a cidade litorânea de um ataque por terra, mas que assistiram impassíveis ao ataque oceânico.

- Pra onde ela vai? - disse Vinci sem tirar os olhos dela.

- Buscar o almoço. O dela e o nosso. - Disse Ciquem sem tirar os olhos do mapa.

- E o que vai ser?

Não houve resposta. Vinci concluiu que não havia mesmo resposta até que a ave voltasse. Sentiu-se só. Como nunca se sentira antes. Estava longe de casa, longe da família (do pai), longe do mar. Podia ser meio-dia, mas nada garantia que era o meio “daquele” dia maluco. Podia ter ficado mais de um dia desacordado.

Na verdade não estava muito longe. Pois, como disse, podia-se ver os Montes Fortes, logo Mastro Forte estaria a no máximo dois quilômetros depois de suas fortalezas naturais.

Sentiu vontade de chorar, mas conteve-se. O Olíre tinha dito pra ele ser forte, e ele estava tentando, sim ele estava, com todas as poucas forças que tinha. Ficou sentado olhando a paisagem, enquanto mil imagens passavam por sua cabeça. Não soube quanto tempo ficou naquela introspecção. Que era um princípio de uma tempestade, ou um balde cheio d'água prestes a esbordar. Até que Ciquem pôs o braço no seu ombro.

- Dia duro herdeiro da terra! - Era a gota que faltava.

- Sim muito duro... Pelo menos para mim... Pra você não com certeza! Você tem a sua vida no NORTE ESTRANHO pra lá - apontou para o noroeste - tem sua amiga penosa para o levar pra qualquer lugar longe da morte. Além disso, você é um OLÍRE! O que sou eu? Eu respondo. Eu não sou ninguém, sou um filho do sul infeliz... como vou viver nesse mundo estranho e cheio de perigos? Diga-me! Vamos, diga-me! Por que você me salvou? Pelo menos ao que parece... por quê não me deu pelo menos a HONRA de morrer perto do meu pai, com a minha gente... - O dique de lágrimas, que Vinci tanto se esforçou para construir, não teve resistência suficiente e rompeu numa enxurrada de lágrimas e soluços.

Ciquem passou o braço sobre seus ombros, ficaram assim por um tempo. O olíre nada disse, mas filetes de lágrimas desciam de seus olhos azuis.

- Calma, herdeiro... - ia dizendo após o silêncio.

- Não me chame assim. - Disse Vinci com uma voz chorosa.

- Nada está perdido, acredite em mim. Você precisa acreditar em mim. - disse Ciquem assanhando os cabelos castanho-escuros de Vinci.

- Desculpe senhor - Vinci falou baixinho - Só queria saber onde está meu pai....

- Desculpas aceitas. Seu pai não está morto. Pelo menos até onde eu sei... não vou mentir para você, há chances de ele está morto, mas... Eu acredito que esteja vivo. Mas... Vamos comer primeiro, o estômago vazio muitas vezes cria miragens estranhas na alma. Depois eu prometo lhe contar tudo o que quiser, se eu souber.

Vinci então percebeu que estava faminto:

- Tudo bem.

Delaina voltou trazendo um dingue jovem em suas garras de ave de rapina. Ciquem sabia que ela tinha comido outro antes de pegar aquele. Começou então a dar instruções a Vinci de como fazer uma fogueira. Enquanto ele fazia o trabalho sujo de "tratar" a caça - morta com uma incisão do bico da ave no pescoço.

Deixemo-los ocupados nesses trabalhos enquanto eu lhe conto o que é um dingue. Os dingues são mamíferos quadrúpedes, numerosos nas planícies dos quatro cantos de Rivergard. São animais de porte médio semelhantes aos cervos de nosso mundo. Os machos possuem chifres, as fêmeas não - assim como os cervos. Qual é a diferença então? Bem, as diferenças são sutis, mas significativas. A mais notável está nos chifres. Eles não têm os desenhos de galhos mortos e secos como os cervos. Os chifres dos dingues lembram vegetação viva curvando-se ao vento. Se é que isso faz algum sentido. Faz sentido quando se vê um.

- Acha que está bom de lenha? - disse Vinci que já tinha dado duas viagens em meio as Celicácias e Mangueiras da colina, em busca de galhos secos.

- Sim está. Coloque-as dentro do circulo (de pedras). - disse Ciquem, quase acabando o trabalho, que realizava habilmente.

Devia ser uma hora da tarde, quando o fogo começou a crepitar nos galhos. Ciquem pôs - depois de certo tempo quando as chamas já estavam mais baixas - um galho em forma de forquilha de cada lado e colocou dois pedaços bons de carne num espeto. Pôs os dois pernis do dingue num espeto e colocou para assar à moda dos desenhos animados.

- Gosta de pernil de dingue na brasa?

- Claro, mas prefiro lagosta.

- Claro! Um descendente legítimo do povo-do-mar - Vinci não entendeu nada, sentiu-se um completo ignorante.

- O que quer dizer exatamente?

Estavam sentados em seixos que encontraram nas proximidades.

- Falo do povo de Mastro Forte claro... - disse Ciquem levantando-se e jogando o resto do dingue para Delaina que o pegou no ar, engolindo tudo com a velocidade de um cão esfomeado. - Vocês descendem do Norte de Dol Sirim, de onde herdaram todas as artes e habilidades em pesca, embarcações e todo o resto. Mas não é só disso que estou falando. Seu nome é Vinci Laipotem, e isso significa que você é do Norte, não um descendente de tempos passados. Você é filho de Trintem Laipo...

- Sim, o Ex-Cavaleiro Marinho... o senhor da loja de barcos me falou isso... [hunks! Parece que faz séculos isso] mas o que quer dizer?

- Quer dizer membro do exército Marinho de Dol Sirim. Seu pai já cavalgou um Golfinho de Lundar. É o que significa. E você como filho dele, isso está no seu sangue e no seu coração. Você não pode fugir. Assim como eu não posso fugir de ser um olíre.

- Você conheceu meu pai não foi?

- Sim éramos amigos antes de sua queda, se permite falar desta forma. Mas ficamos quarenta anos sem nos ver.

- Você só pode tá brincando... Você não parece ter mais de trinta anos.

- Mesmo? Agradeço sua generosidade. Eu era jovem quando conheci seu pai. Devia ter uns cem anos apenas...

- Haha, você é engraçado.

- Sou as vezes... mas não nessas horas em que o mundo pende numa fina corda bamba.

Ciquem retirou o espeto e verificou a carne. Tinha um cheiro excelente. Pois a carne assada com madeiras daquelas árvores - as Celicácias - não precisava nem ser temperada, a fumaça era o tempero.

Comeram calados enquanto Delaina se empoleirou numa elevação rochosa perto dali. Soltando de vez em quando um piado. Continuava com seus olhos a observar cada minúscula criatura que se movia nas terras abaixo.

Davyson F Santos
Enviado por Davyson F Santos em 30/04/2010
Reeditado em 05/08/2011
Código do texto: T2229891
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