TESOURO A BEIRA DO CAMINHO
Era uma vez um homem muito poderoso, dono de uma fortuna incalculável. Não passava necessidade de nada, tudo o quanto queria seu dinheiro comprava. E assim foi vivendo o homem, sua preocupação maior era a sua fortuna e o medo de perdê-la o apavorava. Isto o levou a tomar decisões no passado, que agora parece impossível voltar atrás. Nunca casou não teve filhos, pois isso implicaria em dividir com alguém, sua fortuna. Tinha horror a palavra dividir, parece que isso o tornava mais fraco e debilitado, já multiplicar era o seu lema e o que dava animo para viver.
O tempo impiedoso não parou, hoje já velho, embora muito rico, percebeu que era um homem solitário, não tinha um amigo sincero com quem pudesse partilhar seus momento, a sensação que tinha era que ao se aproximarem dele, todos vinham atraído pelo seu dinheiro, isto começou a preocupar o mesquinho homem que passou a observar ao seu redor, as pessoas humildes e pobres, elas passavam por sérias dificuldades na vida, porem sempre tinham amigos sinceros ao lado.
Na ânsia louca por uma resposta de como poder viver e ser feliz o pouco de vida que restava, homem consultou as mais renomadas pessoas porem de nenhum deles obteve uma resposta que aquietasse seu coração, um dia uma simples serviçal, sentindo a angustia do patrão, informou ter ouvido falar de um sábio que vivia isolado no alto de uma montanha, rezando e meditando o tempo todo e contou historias maravilhosas que tinha ouvido falar deste monge. Apesar de resistir num primeiro momento, achando tudo isso imbecilidade, o milionário resolveu consultar o tal monge.
Depois de muito caminhar, encontrou o mísero homem numa região isolada, aos pés da alta montanha, conforme haviam lhes indicado. Apesar da pobreza vivida, o homem parecia feliz e ele se sentiu bem naquele ermo de Deus. Tendo sido muito bem acolhido, adquiriu confiança e contou toda a historia de sua vida ao ermitão, que ouviu atentamente, ao findar permaneceu por um longo tempo em silencio, depois levantou foi até um suporte em sua humilde choupana, pegou uma vela e convidou o homem para caminhar pela montanha. Chegando a entrada de uma gruta muito bem protegida pela vasta vegetação do local, o monge disse ao homem:
__________ Veja, estamos a entrada de uma gruta. Dentro há um labirinto frio e escuro e uma riqueza tamanha, um tesouro incalculável em ouros, pratas e pedras preciosas, podes apreciar tudo porem sua missão é caminhar por este labirinto com esta vela acessa, se a vela apagar a escuridão tomara conta de ti e jamais encontrara a saída desta gruta. Estarei na saída, do outro lado da montanha, a sua espera.
O milionário ficou decepcionado diante do que ouvira, acabará de confessar ao homem que estava cativo de tesouro e viera buscar uma resposta para sua vida e o conselheiro maluco lhes apresenta apenas um desafio, um tesouro incalculável a sua frente, isso era tentador. O desejo de desistência e desconfiança já começou a tomar conta de seu pensamento que foi interrompido quando o monge pergunta.
_________ Topas o desafio?
Acostumado com a mordomia, ele ainda vacilou, mas pela primeira vez resolveu aceitar algo que dependeria única e exclusivamente de si mesmo, já que sua fortuna em nada poderia ajudá-lo naquele ermo de Deus. O Eremita ficou satisfeito com a decisão do homem, sorriu, acendeu a vela com carinho e a entregou em sua mão e ele adentrou a gruta, enquanto calmamente o monge circulou a montanha, indo aguardar do outro lado. Tempos depois o homem apareceu na saída da gruta. Trazia no rosto o sinal da felicidade, afinal de contas não foi tão difícil passar pelo desafio como imaginou.
O monge foi aos seu encontro sorrindo e interrogou:
_________ Viste pratas a beira do caminho?
_________ Não !
_________ Viste o ouro?
_________ Não !
_________ E as pedras preciosas que ornamental a gruta?
_________ Também não !
_________ Mas com preocupava então se não tiveste olhos para não ver estas maravilhas ?
_________ Com vela, sabia que se ela apagasse, a morte era certa.
O monge aliviado, então aconselhou o milionário
_________ Quando o homem quer tomar uma atitude, por mais impossível que apareça, ele consegue. Nunca pare na vida para se preocupar com a riqueza do mundo, ela é fria e passageira como este labirinto. O ouro, a prata e as pedras preciosas, são brilhos aos nossos olhos mas cegam o coração, nos tornando frios, calculistas, verdadeiros imbecis taxados de sábios. Se preocupe antes sim, em nunca deixar apagar a luz da vida em ti, ela é o maior tesouro e deve ser vivida em todas as dimensões, assim quando chegares no final do teu peregrinar trarás no rosto a tranqüilidade da paz e certeza do dever cumprido.
O monge nada cobrou do milionário que aprendeu a lição, voltou feliz para casa, embora tenha perdido a juventude, trouxe a certeza de que nele ainda havia muita vida a ser vivida e muito por fazer. Antes tarde do que nunca.