Crônicas de Amystera

OLÁ PESSOAL DO RECANTO DAS LETRAS...CONTINUO EM BUSCA DE UM TEXTO E HISTÓRIA CATIVANTES...COMEÇO MAIS UMA,, MAS NÃO ESQUECI AS OUTRAS CONTRIBUIÇÕES.

O despertador toca exatamente às seis horas da manhã, como de costume. O café da manhã é digerido calmamente enquanto a paisagem lá fora é observada pela janela aberta da cozinha, como de costume. A sensação de tranqüilidade nesta hora da manhã é maravilhosa, e o canto dos pássaros e o suave ruído do vento a balançar as folhas das árvores próximas recebem o dono da casa de número 62 todas as manhãs, como de costume.

Seu nome? Fallin Mor. E não só seu nome é diferente e exótico, mas também sua condição. Fallin, como é chamado resumidamente pelos colegas de trabalho, é um elfo, e como de costume se prepara para mais um dia de trabalho na Divisão Feérica da polícia da cidade de Amystera. Mais um caso a ser resolvido o espera. Como de costume.

Preparando seu arco e um aparato de diversos tipos de flechas, Fallin Mor se dirige ao seu veículo, um Voltan série 3, e parte serpenteando as ruas calmas do bairro na direção da avenida que liga essa parte da cidade ao centro turbulento de Amystera. Enquanto ainda percorre as estreitas ruas do bairro ele é perseguido pelos mesmos olhares de sempre dos vizinhos. Apesar de ser calmo e reservado, se pudessem, ou se tivessem mais coragem, essas pessoas o expulsariam a pauladas daqui.

Ao longo dos anos muito foi conquistado em termos econômicos, políticos e, principalmente, de participação social pelo chamado Povo Feérico, ou simplesmente Fadas. Até candidatos à câmara e ao senado o povo feérico possui. Um marco em sua história.

Apesar dos avanços em busca de uma cidadania plena dos seus membros, o preconceito paira no ar como navalhas e seus cortes muitas vezes são dolorosos. E hoje definitivamente as fadas são a minoria no mundo. Os humanos possuem bilhões em suas “fileiras”, enquanto que as fadas são em alguns milhares.

Fallin Mor sabe que os olhares cheios de ódio dos humanos têm origem num único sentimento: medo. Um medo irracional que queima dentro das pessoas a respeito de algo que elas não compreendem. Ao longo de sua história repleta de tragédias, o ser humano sempre temeu e buscou destruir aquilo que não compreendia, e ainda hoje é assim.

Além das diferenças biológicas, o Povo Feérico possui uma força poderosa que faz parte da sua essência. Uma força que fez o ser humano pensar se um dia ela seria usada contra ele, e que só as fadas podem usar. Essa força é a Magia. Manipulada externamente ou contida em seus próprios corpos, as fadas possuem uma intimidade com a magia construída ao longo de eras em contato com essa força.

Há duzentos anos, no intuito de eliminar essa ameaça, se desencadeou o Grande Expurgo, uma guerra declarada às fadas que se espalhou pelas ruas das grandes cidades do país. A luta entre a magia e a força das armas humanas originou um mar de sangue. Para evitar uma catástrofe nacional uma paz repleta de regras foi estabelecida, sendo a principal destas regras o Decreto 66, que punia com prisão e até morte em alguns casos qualquer membro do povo feérico que usasse magia abertamente. Enfraquecido e reduzido, as fadas, lideradas principalmente por Elfos e Anões, aceitaram o decreto, mais por uma questão de sobrevivência do que opção.

Posteriormente um fato veio diminuir a abrangência e a rigidez da lei. Revoltados por décadas de subserviência aos desejos humanos, impostos pelo Decreto 66, muitos membros da chamada “ala negra das fadas”, composta principalmente por Orcs, Reptilianos, Goblins, Harpias e até alguns Gigantes e os terríveis Trolls, se rebelaram contra a tirania das leis humanas, que estavam levando muitos do povo feérico para as prisões e sepulturas.

Os líderes rebeldes, ao contrário dos seus ancestrais há dois séculos, não enfrentaram os humanos de frente, mas começaram a ruir a ordem estabelecida através do crime organizado. Roubos, assassinatos, seqüestros, tráfico entre outros crimes começaram a preocupar os humanos, que viram sua preciosa paz ser consumida, principalmente porque essas fadas criminosas estavam voltando a usar abertamente a magia para seus fins maldosos.

Agora se travava uma verdadeira guerra de guerrilha, onde esses membros do povo feérico atacavam de todos os lados através de suas atividades criminosas, corrompendo a sociedade. Era preciso uma medida que pudesse promover um combate em todas essas frentes.

Foi assim que nasceu a Divisão Feérica de Segurança, ou simplesmente DFS, cujo objetivo era um só: acabar de uma vez por todas com o crime perpetuado por seres feéricos de qualquer espécie. Nascida primeiramente na cidade de Amystera, suas atividades se espalharam por todo o país com a criação de várias DFS em muitas outras cidades e sob orientação direta de um órgão do governo humano, o Departamento de Defesa.

E foi essa história repleta de acontecimentos importantes que trouxe profundas conseqüências para a atual geração, que carrega o fardo de uma guerra travada na escuridão do submundo, e que consome muitas vidas inocentes de ambos os lados. Geração essa da qual Fallin Mor, filho de Bharan, faz parte como um membro atuante da Divisão Feérica da metrópole de Amystera.

Dentro do seu carro, escutando sua banda de rock predileta, Fallin cruza a avenida sete rumo ao centro da cidade.

MiloSantos
Enviado por MiloSantos em 05/04/2010
Código do texto: T2177816
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