Pequeno sonho...

A lua ascendia elevada no céu nocturno, cheia, mostrando todo o seu explendor. Estava mágica repleta de uma luz pálida, mas, inebriante na sua sedução iluminando toda a clareira nesta floresta onde eu me encontrava. Sobre a sua candida luz algo se movia silenciosa na calada da noite com um cuidado premeditado, cautelosa... uma forma tarda a surgir... Debruça-se... silenciosamente uma mao tao delicada, tao esbelta a luz do luar surge, sobre o que parecia um pesado manto negro que lhe cobria todo o corpo. Segurava algo cristalino, brilhante parecia reflectir todo o mundo e luz em redor nele.... segurava nele como um pendulo e aí vi então como começou primeiro lentamente a girar. Depois acelerou ritmo até obviamente nao ser natural a força que aquele pequeno objecto tinha bem como a pessoa que o segurava. Mas que via eu? esfrego novamente os meus olhos pasmos perante o que acabara de suceder...! Uma figura alta, esbelta surge, também ela coberta por um manto negro nao se vendo absolutamente nada destes dois seres.

No silencio da noite ouço um murmurio tao pouco audível no entanto doce, transbordando ternura na voz do primeiro ser:

-"Estamos seguros"?

-"Estamos minha doce fada lunar, por esta noite estamos seguros" ouço uma voz mais grave e rouca, cheia de óbvio amor na voz.

Observo atentamente enquanto vejo a figura delicada e pequena retirar o seu capuz para assim revelar um cabelo selvagem, rebelde, de um cobre erascente sobre o luar. Em cada onda do seu cabelo parecia que uma salamandra dançava, pequenas faiscas soltavam-se no ar e se observássemos com cuidado veríamos que cada faísca saía a dançar na escuridão da noite. Abriu totalmente o roupao que envergava e o espanto abate-se sobre mim ao constatar que brilhava nua sobre a magia da lua. Suavemente chegou-se perto dele... agarrou-lhe a mao entre as dela com carinho e fê-la deslizar no seu ventre indicando que a magia iria começar... a roda iria girar uma e outra vez porque ha coisas na vida que são impossíveis de deter mesmo entre os seres menos naturais destes vários mundos e realidades. Ela dançava suavemente ao longo da clareira, escutando a melodia da Terra, ao ritmo da Deusa que transportava no sangue. Rodopiavam os seus braços em movimentos sensuais... movia o ventre indicando a receptividade daquele que era o seu amor, um seu semelhante. Girava sem parar em redor dele, tocando-lhe o capuz por breves momentos e ele assim estático permanecia...esperando...mas o quê? Porque se mantinha tão quieto e controlado quando claramente era mostrada a magia da Mãe Terra?

Noto-o mexer-se... leva as maos ao capuz e tira-o tao rapidamente que se eu tivesse pestenejado nao teria percebido o que ocorrera. O longo cabelo loiro era revelado que em constraste com a palida luz da lua, parecia ser uma estrela no meio das penumbras... Tomou-lhe a mão, trazendo-a subitamente à consciencia e beijou-a com uma magia recheado do que era o mais doce dos afectos e um desejo de completar o ritual mais uma vez.

Perdidos em beijos trocados uma e outra vez tornando qualquer noção do que é o amor incompleta perante o que eu fascinada observava. A luz que criavam em cada beijo...Oh meu deus a Luz! Não eram seres deste mundo...ou talvez fossem... e não estejam geralmente á vista dos mais desatentos e o mundo está tão pouco observador dos momentos mais belos que a todos nós rodeiam...

Perdiam-se as mãos em doces carícias tocando cada curva dos dois corpos... sentia-se em toda a clareira o ar mudar... a temperatura subir...os animais silenciam-se... todo o mundo parece parar de propósito para que estes dois seres se unam...se possuiam..finalmente matem a saudade há muito sentida...

Deitam-se lentamente por cima dos capuzes... o mundo é deles agora... o tempo...esse não existe mais... os fogosos cabelos vermelhos selvagens contrastam como sangue nos negros mantos... enquanto madeixas loiras como as espigas de verão tornavam-se agora rebeldes nos movimentos da paixão e algo inexplicável emanava desta união... era um sentimento de algo impossível, de não ser permitido e via então como se consumiam um ao outro entre declaraçoes de amor, suspiros de prazer e deleite....

Ouve-se o solto de um silvo em como ambos atingiram o apogeu e agora abraçados descansavam nos braços um do outro observando a Lua redonda, brilhante e as estrelas que caíam como lágrimas da grande mãe.

Ultimos beijos eram trocados com um sentimento de tristeza profunda em ambos tão grande que se sentia toda a natureza em volta morrer um pouco... ouço muito roucamente dizer:

-"Minha fada lunar por momentos fomos nós, por momentos fomos livres, por momentos unimo-nos em perfeito casamento de espíritos e agora chega a hora de cada um de nós regresssar à batalha da vida entre os mortais... entre aqueles que não entendem o nosso espírito elemental e algo aprenderemos de entre eles, na forma como amam, vivem e sentem este mundo"...

-"Doce elfo é um caminho tão duro de entender, viver nos braços de quem não nos percebe, de quem não sente como nós, de quem nos magoa sem perceber, de quem nos teme por diferentes sermos, de quem tenta induzir-nos medo para assim sentirem-se seguros...é demasiado dificil elfo..." dizia ela numa voz baixa com clara embargura na voz...

-"Uma lição a aprender e quando aprendida regressaremos ao nosso mundo, a nosso lar, ao nosso leito e saíremos mais sabedores, compreendendo melhor este caminho que temos que percorrer enquanto aparentes humanos entres os demais"...

-"Eu sei...assim seja feita a vontade da Deusa e que nos ajude a compreender melhor este caminho"...

Via eu própria já deixando correr livres as lágrimas perante tanta pureza de sentimento as lágrimas dela cristalinas correndo como pequenas sereias que lhe tocavam o rosto e em cada lágrima que tocava o chão, uma flor branca, candida tao pequena e leve surgia.... Fez-me sorrir ao reflectir quantas fadas nao teriam chorado as suas amarguras nos grandes campos de flores por onde eu tantas vezes deixava o meu corpo vaguear em caminhadas...

Via-os a vestir novamente os seus capuzes agora um pouco amarrotados da loucura do momento...davam o ultimo beijo (quando novamente dariam outro?)... Ela segurava novamente o pendulo cristalino e mais uma vez ele tornou a girar...mais rápido e mais rápido até que ficou sozinha na clareira...no meio da escuridão.... observo-a e vejo-a fixa a olhar para mim sorrindo ...faz um gesto estranho no ar ...algo que nao percebi...

Acordo bruscamente...que se passara? Fora tudo um sonho? Um devaneio de pensamentos entre o limbo deste mundo e do outro?

Nunca o saberei....ou talvez saiba... e veja na doce fada algo próprio do meu ser!

Escrito por:

Mafalda Sanches

Mafalda Sanches
Enviado por Mafalda Sanches em 21/03/2010
Código do texto: T2150627
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