Auke - Capítulo 04
Seis meses já se passaram na academia da aldeia da nuvem. Os treinamentos foram intensificados, tanto no combate corpo a corpo como no aperfeiçoamento no controle de elemento trovão.
Três turmas foram formadas sob as orientações dos mestres kentaru, Douji e kinva. Auke continuava orientado pelo mestre kentaru, mas agora contava com a companhia de mais quatro companheiros. Raina, Ayume e Oroji tinham, assim como auke, 13 anos, sendo Kagirama o mais velho da turma com 14 anos de idade.
Juntos passaram por várias provas, onde tiveram que testar suas capacidades tanto físicas como intelectuais. Afinal, não basta apenas controlar certo poder, mas sabê-lo usar de forma inteligente também é importante, podendo definir um combate.
O tempo em que seriam empregados em missões em nome da aldeia da nuvem estava chegando, mas entes precisariam entrar em contato com os inúmeros perigos aos quais um guerreiro está exposto. Muitos inimigos espreitam a espera de uma oportunidade.
Mestre kentaru chamou essa fase de O Jogo dos Quatro Jarros. Seus alunos não entenderam muito bem o que significava esse jogo, apenas que se tratava de uma busca por quatro jarros espalhados na floresta Amabushi, a um quilômetro da aldeia, sob os pés do monte Mabuki, o Grande. Essa floresta é muito utilizada pelos mestres da aldeia para a realização de diversos exercícios de sobrevivência e combate, principalmente pelo fato de não existir nela criaturas selvagens.
Mestre kentaru esperaria na face leste da floresta.
--- teremos que ir sozinhos? – disse Raina
--- vocês não estão sozinhos. Olhem para os lados e me digam o que vêem – falou mestre kentaru.
Os cinco jovens guerreiros assim fizeram. Mas a única coisa que viram foi a grande extensão da floresta a sua frente e a planície logo atrás.
--- ainda não entendi mestre – disse auke --- aqui só tem árvores e a gente.
--- como em muitas coisas na vida, pequeno auke, a resposta está a nossa frente e não a enxergamos – disse kentaru
--- não estamos sós. Temos uns aos outros – falou kagirama. Ele estava um pouco afastado do grupo examinando a floresta a sua frente. Tinha um jeito metódico e frio de analisar as coisas e suas observações costumam ser objetivas.
--- muito bem kagirama – parabenizou o mestre --- A pergunta pode parecer complexa, mas a resposta é sempre simples.
Todos entenderam a mensagem do mestre, principalmente Raina, que foi quem expressou seus medos. Realmente era reconfortante ter a companhia dos seus amigos. Sentiu-se mais forte para prosseguir.
Quatro jarros de cores diferentes foram espalhados na floresta para serem encontrados pelos jovens guerreiros. Como eram em cinco, foram divididos em dois grupos desiguais, um com três e outro com dois membros.
Os dois grupos receberam um mapa da área que mostrava os pontos onde estavam os jarros. Questionado sobre a divisão, mestre kentaru disse: “é preciso aprender que nem sempre temos as circunstâncias a nosso favor. Um verdadeiro guerreiro deve saber lhe dar com o desfavorável, com a desvantagem. Nessas horas, ser paciente e equilibrado é o que nos torna bem sucedidos”.
Aquele que chegasse ao outro lado da floresta com pelo menos dois jarros seria considerado o grupo vencedor. Parecia um exercício simples, mas exigia senso de direção para não se perder, rapidez para chegar aos locais onde estavam os jarros no menor tempo possível e agilidade para superar os abstáculos naturais. Uma atividade que duraria umas três horas, se nada atrapalhasse.
O primeiro grupo contava apenas com Kagirama e Ayume, enquanto que o segundo era composto por Auke, Oroji e Raina.
Dada a ordem pelo mestre kentaru os dois grupos saíram correndo, se embrenhando na mata.
A dupla kagirama e ayume se deslocava com graça e agilidade, driblando os obstáculos que apareciam. Quando se falava em capacidades atléticas esses dois se destacavam. Não demoraram muito para encontrar o primeiro jarro, de cor branca. Era pequeno e cabia facilmente na bolsa que carregavam consigo. Fazendo isso partiram para o segundo ponto indicado no mapa.